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Turbulência global

- Publicada em 09 de Março de 2020 às 21:06

Petróleo e coronavírus levam caos aos mercados

A bolsa brasileira (B3) teve sua maior queda do século nesta segunda-feira. O Ibovespa, maior índice acionário do País, despencou 12,17%, a 86.067 pontos, menor patamar desde 26 dezembro de 2018. Essa é a maior queda diária desde 10 de setembro de 1998, quando a bolsa caiu 15,8%, ano marcado pela crise financeira russa.
A bolsa brasileira (B3) teve sua maior queda do século nesta segunda-feira. O Ibovespa, maior índice acionário do País, despencou 12,17%, a 86.067 pontos, menor patamar desde 26 dezembro de 2018. Essa é a maior queda diária desde 10 de setembro de 1998, quando a bolsa caiu 15,8%, ano marcado pela crise financeira russa.
A economia mundial, já combalida com semanas de noticiário do coronavírus e seu impactos nos negócios, piorou muito com a crise gerada pelo petróleo a partir das disputas entre Arábia Saudita e Rússia.
Ontem, o índice abriu em forte queda e, às 10h30min, as negociações foram interrompidas quando a queda superou 10%. Esse é o nível para que se acione o chamado circuit breaker, que leva à suspensão do pregão. É o primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017, e o sexto da história. A suspensão foi de meia hora.
Desde o pico mais recente, quando atingiu a máxima histórica de 119.527 pontos, em 23 de janeiro, o Ibovespa cai cerca de 26%. A queda apaga todo o ganho do mercado de ações desde o início do governo de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019.
O dólar abriu, nesta segunda-feira, em forte alta. Na máxima, bateu R$ 4,7940, mas teve a disparada parcialmente contida pela venda de US$ 3 bilhões de reservas pelo BC - o triplo do inicialmente previsto. O plano, na última sexta-feira, era vender US$ 1 bilhão. A moeda fechou em alta de 2,00%, a R$ 4,7270. O turismo está a R$ 4,9780 na venda. Em algumas casas de câmbio, chega a ser vendido acima de R$ 5,00.
O pessimismo sinaliza, principalmente, uma piora nas perspectiva de impacto econômico com a disseminação do novo coronavírus. A desaceleração da economia global por causa da doença já é considerada inevitável. O quadro é de muita aversão, com investidores em todo o mundo buscando ativos considerados mais seguros - que não estão no Brasil neste momento.
Na segunda-feira, o FMI (Fundo Econômico Mundial) recomendou aos governos do mundo que sejam ágeis na adoção de planos para evitar que o coronavírus tenham efeitos prolongados de retração econômica. Sugeriu medidas como aumento do crédito e liberação de seguro-desemprego.
O risco-país brasileiro, medido pelo contrato de CDS (Credit Default Swap) de cinco anos, sobe 40%, a maior alta da história em um dia. O índice retorna ao patamar de dezembro de 2018, aos 200 pontos.
A deterioração nos mercados, ontem, sinalizou, ainda, os efeitos negativos da retração no preço do petróleo. "A decisão da Arábia Saudita pegou os mercados de surpresa e adicionou preocupações. Por ora, o impacto nos mercados está sendo avassalador", escreveu a corretora Guide em relatório desta segunda-feira.

Petróleo tem maior queda diária desde a Guerra do Golfo

Os contratos futuros de petróleo fecharam a segunda-feira na maior queda diária desde a Guerra do Golfo, em 1991, em meio à guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita em retaliação à recusa da Rússia em concordar com cortes na produção.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril encerrou a sessão despencando 24,58%, ou US$ 10,15, levando o barril a ser cotado a US$ 31,13. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o petróleo Brent para maio tombou 24,10%, ou US$ 10,91, a US$ 34,36 o barril, menor valor em quatro anos.
O pânico no mercado da commodity começou ainda no domingo, quando as duas principais cotações abriram com queda de quase 30%. Na noite de sábado, a petrolífera estatal saudita, Saudi Aramco, anunciou aumento da produção e redução de preços no barril, após a Rússia vetar um acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
A medida foi interpretada como a deflagração de uma "guerra de preços". Segundo analistas, o objetivo da manobra seria forçar os russos a retomar as negociações sobre cortes na produção, para fazer frente ao recuo da demanda global em meio ao surto de coronavírus. "No momento em que o mundo precisa de menos petróleo, Arábia Saudita e Rússia estão prestes a abrir suas torneiras", definiu um analista.

Ações da Petrobras registram a maior queda da história

As ações da Petrobras, cuja receita é atrelada ao preço do barril, tiveram a maior queda percentual da história na segunda-feira. As preferenciais (mais negociadas) despencaram 29,70%, a R$ 16,05. As ordinárias (com direito a voto) caíram 29,68%, a
R$ 16,92. Os patamares são os menores desde agosto de 2018, quando a estatal se recuperava de perdas decorrentes da paralisação dos caminhoneiros. Com isso, a Petrobras perdeu R$ 91 bilhões em valor de mercado.

No ano, o petróleo cai quase 50%, reflexo da percepção de que a demanda pelo produto será menor com a redução da atividade econômica global. Uma queda de consumo já é certa: querosene de aviação, com a redução das viagens causada pelo coronavírus. O Goldman Sachs apontou que o óleo pode ficar ao redor de US$ 30 por barril ao longo do segundo e do terceiro trimestres, sem descartar uma queda para US$ 20.

Para Guedes, reformas são melhor resposta à crise atual

Em meio à turbulência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo está sereno e que a melhor resposta será o andamento de reformas estruturais.
"Estamos absolutamente tranquilos e confiantes de que a democracia brasileira vai reagir transformando essa crise em avanço das reformas", disse, ao chegar no Ministério da Economia. "É hora de termos uma atitude construtiva. Os Três Poderes, com serenidade, cada um resolve sua parte. Não está na hora de ninguém pedir privilégio, pedir aumento, pedir facilidade." Guedes afirmou que o mundo já estava em desaceleração e que a crise internacional está se aprofundando. Ele ponderou que o Brasil vive situação diferente, com reaceleração da atividade, e tem dinâmica própria.
O ministro não fez previsões para o dólar. Para ele, se houver uma incerteza em relação às reformas no Brasil, a tendência é que haja instabilidade.

Jair Bolsonaro descarta mexer em preços

O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira, que vai manter a política de preços da Petrobras e que o governo não vai aumentar impostos sobre combustíveis em meio à queda global do preço do petróleo. "A Petrobras continuará mantendo sua política de preços sem interferências. A tendência é que os preços caiam nas refinarias", informou o presidente.