Levantamento feito pela Farsul com base em dados das últimas 10 safras mostra que o financiamento da lavoura arrozeira no período sofreu uma forte descapitalização e redução do crédito rural controlado.
O que se viu foi a expansão do financiamento às indústrias - inexistente em 2010 - e que, hoje, responde por mais da metade do total do mercado, juntamente com revendas e cooperativas.
O estudo foi realizado com base nos custos de Produção do Projeto Campo Futuro (CNA/Esalq-Cepea/Farsul) e foram divulgados durante a 30ª Abertura da Colheita do Arroz, em Capão do Leão (RS). Em 2010, ano do início da pesquisa, o capital próprio do produtor respondia por 35% do total dos custos. Em 2019, esse percentual caiu para 10%. No mesmo período, o crédito rural controlado recuou de 50% para 20% dos recursos captados. Para o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, isso demonstra que a capacidade dessa forma de financiamento em atender às necessidades do produtor rural está esgotada.
Por outro lado, a captação de recursos por meio da indústria, inexistente em 2010, agora é responsável por 50% do volume. Apesar de ainda responder por uma pequena parcela, os recursos livres dos bancos privados, que também não aparecia no início do levantamento, em 2019, registrava 5%. Revendas e cooperativas mantiveram 15% dos recursos ao longo do levantamento.
Luz aponta a descapitalização do produtor como o ponto mais sensível do levantamento. A dependência por recursos externos acaba por afetar diretamente no gerenciamento do seu negócio. "O efeito da queda do capital próprio é que ele compra mal os insumos e vende mal seus produtos", avalia.