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Economia

- Publicada em 02 de Fevereiro de 2020 às 20:41

Movimentação no Tecon Rio Grande diminui 7,6%

Paulo Bertinetti pede uma gestão portuária menos política

Paulo Bertinetti pede uma gestão portuária menos política


DELLA ROCCA/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
O Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, que trabalhou com 750.048 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) em 2018, no ano passado, registrou 692.858 TEUs. O diretor-presidente da empresa, Paulo Bertinetti, explica que o complexo sofreu uma intensa concorrência nas cargas de transbordo (processo no qual os produtos são transferidos de um navio para o terminal e depois partem para outro destino) atraídas para o Uruguai. Por outro lado, o Contêineres Terminal Santa Clara (Contesc), localizado em Triunfo, inaugurado em setembro de 2016 e operando integrado ao Tecon Rio Grande, registrou, em 2019, um incremento de 6% nas operações.
O Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, que trabalhou com 750.048 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) em 2018, no ano passado, registrou 692.858 TEUs. O diretor-presidente da empresa, Paulo Bertinetti, explica que o complexo sofreu uma intensa concorrência nas cargas de transbordo (processo no qual os produtos são transferidos de um navio para o terminal e depois partem para outro destino) atraídas para o Uruguai. Por outro lado, o Contêineres Terminal Santa Clara (Contesc), localizado em Triunfo, inaugurado em setembro de 2016 e operando integrado ao Tecon Rio Grande, registrou, em 2019, um incremento de 6% nas operações.
Jornal do Comércio - Como foi o desempenho do Tecon Rio Grande em 2019?
Paulo Bertinetti - Movimentamos 750.048 TEUs, em 2018, e 692.858 TEUs em 2019 - caiu 7,6%. Tivemos um impacto no transbordo, a concorrência com o Uruguai é muito forte. Mas a cabotagem (navegação na costa brasileira) foi 5% acima, navegação interior 6% e exportação 2%. A importação caiu 2%, em termos de volume, o que impacta bastante e demonstra que a indústria está com pouco desempenho. Já a navegação interior está crescendo, estamos usando esse modal de uma maneira muito forte para conseguir reduzir custos e melhorar o atendimento ao mercado gaúcho.
JC - Então, a redução na movimentação foi mais devido à concorrência do que em relação ao desempenho da economia?
Bertinetti - Exatamente. Eles (uruguaios) baixam os preços de uma forma muito forte. Só para ter uma ideia, o transbordo em Rio Grande caiu 55,9%. Puxou violentamente para baixo.
JC - Como está a competição com os portos catarinenses?
Bertinetti - Enquanto o Rio Grande do Sul não for competitivo em termos fiscais, Santa Catarina voará. Eles, com dinheiro, estão se estruturando. O governador (Eduardo Leite) precisa assinar um decreto de isonomia fiscal com Santa Catarina.
JC - Quais as cargas que se destacaram quanto à movimentação no ano passado pelo Tecon Rio Grande?
Bertinetti - O arroz, como sempre, representou bastante, as resinas, o tabaco, o frango e a madeira. O resto não foi tão bem assim.
JC - A estiagem pode impactar algumas cargas movimentadas pelo Tecon em 2020?
Bertinetti - O arroz, que é a nossa principal commodity conteinerizada, não é muito afetado pela estiagem, porque é irrigado. Mas o resto - como milho e soja - vai ser um problema.
JC - O que a parte governamental pode fazer para melhorar a operação no porto do Rio Grande em geral?
Bertinetti - Gostaria de ver o governador acelerar a criação da empresa de economia mista (que irá substituir a Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul, autarquia estadual que administra, entre outros complexos, o porto do Rio Grande), para termos uma gestão portuária mais objetiva e menos política. Temos também que oficializar o calado do porto para receber os grandes navios - hoje, é de 12,8 metros, e tem que levar para 14,5 metros, no mínimo.
JC - O que se está pensando em termos de investimentos para o terminal?
Bertinetti - Estamos planejando a evolução do terminal para os próximos anos. Ainda não temos decisão, mas sempre pensamos de 10 a 15 anos.
JC - Faz parte dos planos aumentar os berços do Tecon?
Bertinetti - Somos obrigados a adaptar o terminal para termos três berços para os grandes navios. Vamos precisar de três berços de 400 metros cada um, hoje temos 900 metros e precisamos de 1,2 mil metros.
JC - O que o Tecon planeja quanto à automação do terminal?
Bertinetti - Está na nossa pauta. Não vamos conseguir ter um terminal 100% autônomo, até porque seria um custo muito alto para modernizar alguns equipamentos antigos. Mas os projetos que são viáveis, como a eletrificação de todos os guindastes RTGs (Rubber Tyre Gantry Crane) de pátio, a operação remota deles, como é feita no exterior, e a automação dos guindastes STS (Ship to Shore Container Crane), tudo está sendo trabalhado.
JC - A economia em 2020 deve favorecer a movimentação de cargas?
Bertinetti - Acho que a economia vai melhorar, sou otimista quanto a isso. No momento em que tivermos o dólar alto e o juro baixo, vamos ter a indústria se desenvolvendo.
JC - Como foi o desempenho do terminal Santa Clara, localizado em Triunfo, no ano passado?
Bertinetti - Gostei, cresceu 6%. O Contesc movimentou 24.436 TEUs, foram 203 operações. Entre as principais cargas estavam resinas, madeira, glicerina e importações para empresas como Tramontina, John Deere e GM. Estamos trabalhando para aumentar as capacidades das barcaças que fazem a movimentação de cargas no terminal, através de projetos com os nossos parceiros, a Navegação Guarita e a Navegação Aliança, ou, no segundo semestre, colocar uma terceira embarcação para fazer o serviço.
JC - Quais são as capacidades das barcaças atualmente?
Bertinetti - É de 150 TEUs uma e de 170 TEUs a outra, que fazem oito viagens por mês cada uma, entre Triunfo e Rio Grande.
JC - É possível atrair mais clientes para esse serviço do terminal Santa Clara?
Bertinetti - Eu diria que sim. Ainda temos boas oportunidades, só precisamos fazer com que o mercado acredite mais nesse modal. O caminhão ainda é muito forte (como concorrente do sistema hidroviário).
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