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Gestão

- Publicada em 30 de Janeiro de 2020 às 03:00

País 'legalizou' corrupção, afirma presidente do BNDES

Gustavo Montezano defende gasto extra em investigação que não achou irregularidades em operações do banco

Gustavo Montezano defende gasto extra em investigação que não achou irregularidades em operações do banco


MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/JC
Após garantir a inexistência de ilegalidades nas operações passadas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente da instituição, Gustavo Montezano, disse que o próprio País "legalizou" o esquema de corrupção. "A gente (Brasil) construiu leis, normas, aparatos legais e jurídicos que tornaram legal esse esquema de corrupção. A conclusão é essa", comentou, em entrevista coletiva para explicar os gastos com a auditoria externa contratada pelo banco para apurar eventuais irregularidades em operações de mais de R$ 20 bilhões com as empresas do Grupo J&F. Ao ser questionado sobre quais leis deveriam, então, ser alteradas para evitar a repetição do episódio, o presidente do BNDES disse que não poderia "comentar no detalhe o tema legislativo".
Após garantir a inexistência de ilegalidades nas operações passadas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente da instituição, Gustavo Montezano, disse que o próprio País "legalizou" o esquema de corrupção. "A gente (Brasil) construiu leis, normas, aparatos legais e jurídicos que tornaram legal esse esquema de corrupção. A conclusão é essa", comentou, em entrevista coletiva para explicar os gastos com a auditoria externa contratada pelo banco para apurar eventuais irregularidades em operações de mais de R$ 20 bilhões com as empresas do Grupo J&F. Ao ser questionado sobre quais leis deveriam, então, ser alteradas para evitar a repetição do episódio, o presidente do BNDES disse que não poderia "comentar no detalhe o tema legislativo".
Montezano defendeu a assinatura de aditivos contratuais na investigação que apurou operações feitas pela instituição no passado e afirmou que o dinheiro gasto não foi tanto em comparação com exemplos internacionais. "O valor é muito dinheiro, mas não assusta", disse.
As declarações são feitas após o banco ter gasto mais de R$ 40 milhões a partir de 2018 com escritórios para investigar a existência de corrupção e outros tipos de desvio em operações contratadas entre 2005 e 2016. As despesas foram aumentando ao longo da investigação por meio de aditivos contratuais, e, ao final, os investigadores não encontraram nenhuma evidência de irregularidades.
Um dos aditivos foi firmado sob a gestão de Montezano (que entrou no banco em 2019), e gerou um valor extra de R$ 2,3 milhões à firma de auditoria KPMG. A suplementação, de acordo com o executivo, foi feita para que empresa ampliasse os trabalhos e analisasse novos dados. A empresa era responsável por revisar a investigação comandada por outros escritórios.
Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro reclamou dos aditivos. "Tem coisa esquisita aí. Parece que alguém quis raspar o tacho", afirmou, chamando Montezano de "garoto". O presidente do BNDES afirmou, nesta quarta-feira, que os aditivos foram necessários. "Entendi que ele (Bolsonaro) quis dizer que parecia que alguém queria gastar todo o dinheiro possível na investigação. E a gente provou aqui que não foi o caso, o banco gastou o necessário para cumprir o mandato do escopo da investigação", disse Montezano.

OPERAÇÕES INVESTIGADAS

1. Financiamento pelo BNDES à JBS em agosto de 2005 no valor de R$187,46 milhões para a aquisição da Swift Armour Argentina pela JBS
2. Investimento de R$ 1,13 bilhão pela BNDESPar na JBS em julho de 2007 relacionado à aquisição, pela JBS, da Swift Foods Company nos Estados Unidos
3. Investimento de R$ 995,86 milhões pela BNDESPar na JBS em abril de 2008 relacionado à aquisição, pela JBS, da National Beef Packaging Company e Smithfield Beef Group nos Estados Unidos
4. Investimento, em 2008, de R$ 2,49 bilhões pela BNDESPar na Bertin, produtora e exportadora brasileira de produtos derivados de gado que foi posteriormente adquirida pela JBS, para auxiliar no financiamento da aquisição de empresas estratégicas e da ampliação de sua capacidade operacional
5. Aquisição, em dezembro de 2009, de R$ 3,47 bilhões em debêntures da JBS pela BNDESPar, com o propósito de financiar a aquisição, pela JBS, da Bertin e da produtora de frangos americana Pilgrim's Pride Corporation
6. Decisão da BNDESPar, em 2011, de converter as debêntures emitidas pela JBS em dezembro de 2009 em 494 milhões de ações ordinárias da JBS a uma taxa de conversão de R$ 7,04 por ação
7. Financiamento pelo BNDES à Eldorado em julho de 2011 no valor de R$ 2,71 bilhões para a construção de uma fábrica de celulose em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul
8. Financiamento pelo BNDES à Eldorado em maio de 2016 no valor de R$ 357,98 milhões para o plantio, reforma e manutenção de florestas de eucalipto no Mato Grosso do Sul