Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

conjuntura internacional

- Publicada em 16 de Janeiro de 2020 às 03:00

EUA e China assinam acordo que inicia fim da guerra comercial

Vice-premiê chinês, Liu He, e presidente americano, Donald Trump, anunciaram o pacto na Casa Branca

Vice-premiê chinês, Liu He, e presidente americano, Donald Trump, anunciaram o pacto na Casa Branca


/SAUL LOEB/AFP/JC
Os Estados Unidos e a China assinaram, nesta quarta-feira, a primeira fase de um acordo que pode pôr fim à guerra comercial. O pacto já havia sido anunciado pelos países em dezembro do ano passado. A resolução engloba mudanças nas áreas de propriedade intelectual, transferência tecnológica, agricultura, serviços financeiros, moeda estrangeira e câmbio.
Os Estados Unidos e a China assinaram, nesta quarta-feira, a primeira fase de um acordo que pode pôr fim à guerra comercial. O pacto já havia sido anunciado pelos países em dezembro do ano passado. A resolução engloba mudanças nas áreas de propriedade intelectual, transferência tecnológica, agricultura, serviços financeiros, moeda estrangeira e câmbio.
O presidente Donald Trump afirmou, durante a cerimônia na Casa Branca, com o vice-premiê chinês, Liu He, que, por décadas, os trabalhadores, produtores agrícolas e fabricantes americanos foram prejudicados pelo comércio desleal da China. "Nunca tivemos um acordo com eles. Eles faziam o que queriam. Com essa assinatura, teremos não apenas um acordo justo, mas uma grande mudança no comércio internacional."
Segundo o vice-premiê da China, serão comprados US$ 40 bilhões de produtos agrícolas por ano dos Estados Unidos e que serão maiores apenas se houver demanda. No documento divulgado pelo governo americano sobre o acordo está prevista a importação adicional de produtos agrícolas americanos aos chineses em US$ 12,5 bilhões no primeiro ano da resolução e de US$ 19,5 bilhões no segundo ano. Essas compras anuais deverão ser acrescidas à base de importação de 2017, que fechou em US$ 24 bilhões.
O acordo manterá as tarifas de 25% já aplicadas sobre US$ 250 bilhões em itens chineses, mas o restante das importações (algo em torno de US$ 125 bilhões) que chegam de Pequim deverão ter alíquota de 7,5% - valor que representa metade dos 15% que estavam sendo cobrados desde setembro sobre bens de consumo. Trump confirmou a redução de parte das tarifas, mas disse que serão retiradas totalmente ao fim da fase 2 do acordo, que deve ser a última. "Vou deixá-las em vigor porque, de outra forma, não teremos cartas para negociar", disse.
Documento divulgado pela Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) aponta que os chineses terão que se comprometer a tomar uma série de medidas, como não pressionar mais empresas americanas a fornecer suas tecnologias como moeda de troca para acessar o mercado da China. No documento também está previsto que a China deverá acabar com barreiras a serviços financeiros, que abrangem tanto limitações a capital estrangeiro dentro do país asiático quanto serviços bancários, de seguros, de valores mobiliários e de classificação de crédito. O acordo prevê também que os chineses se comprometam a importar um adicional de US$ 200 bilhões em bens e serviços dos EUA nos próximos dois anos. A base desse adicional é o fluxo de exportação dos americanos aos chineses em 2017, antes da guerra comercial.
Segundo o jornal britânico Financial Times, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos deverá suspender a designação da China como manipulador de moeda. A medida reverte uma decisão controversa do governo Trump, tomada em agosto do ano passado, de rotular a China com o título de manipulador de moeda.
 

DISPUTA ENTRE AS POTÊNCIAS

A guerra comercial entre os países se iniciou em 2018. Mirando um suposto roubo de propriedade intelectual americana, o governo Trump adotou medidas contra os chineses que incluíam, além de tarifas, redução de vistos a pesquisadores e restrições a investimentos do país asiático nos EUA.

No começo da briga, ainda em março de 2018, a ação mais significativa contra o poderio econômico da China foi a imposição de tarifas sobre
US$ 60 bilhões em produtos chineses. O montante correspondia a cerca de 10% das exportações chinesas para os EUA.

O republicano adotou tal medida, em especial, devido ao déficit comercial dos EUA com os chineses, que foi de US$ 375 bilhões em 2017. O presidente dos EUA associava a balança desfavorável à perda de empregos e à competitividade dos americanos, em especial, no ramo da tecnologia.
Os EUA afirmavam que o governo chinês teria dificultado a presença de empresas americanas no país, por meio de exigências mais restritivas à tecnologia americana - o que também restringiu seu acesso a uma boa parte do mercado global.
À época da taxação dos US$ 60 bilhões, Trump já antecipava o que viria pela frente. "É o primeiro de muitos", afirmou, ao assinar o ato.
De fato, a escalada evoluiu, e as sobretaxas que os EUA impuseram sobre à potência asiática chegou a atingir cerca de US$ 360 bilhões em produtos chineses (que a China, por sua vez, retaliou com tarifas sobre US$ 100 bilhões em produtos americanos).
Um acordo entre os países foi ensaiado mais de uma vez, com direito até a uma trégua no aumento tarifário. Um alinhamento, no entanto, ocorreu só em dezembro do ano passado, quando foi anunciada pelos países a primeira etapa de um pacto.