Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

AGRONEGÓCIOS

- Publicada em 13 de Janeiro de 2020 às 13:46

Indústria alerta para possível falta de recursos no Moderinfra

Carretéis para irrigação podem ser alternativa a pequenas e médias propriedades

Carretéis para irrigação podem ser alternativa a pequenas e médias propriedades


Irrigart, divulgação
Ainda que tenha perspectivas literalmente aquecidas para os investimentos em irrigação nos próximos dois anos, estimulados pela estiagem, uma preocupação ainda paira no horizonte das indústrias do setor. Os recursos destinados no atual Plano Safra para financiamento de projetos de irrigação já estão quase no fim, de acordo com fabricantes de equipamentos.
Ainda que tenha perspectivas literalmente aquecidas para os investimentos em irrigação nos próximos dois anos, estimulados pela estiagem, uma preocupação ainda paira no horizonte das indústrias do setor. Os recursos destinados no atual Plano Safra para financiamento de projetos de irrigação já estão quase no fim, de acordo com fabricantes de equipamentos.
Apesar de o governo federal ter anunciado R$ 732 milhões para o Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra), até o momento somente R$ 419 milhões teriam sido efetivamente liberados. E restariam cerca de R$ 70 milhões para uso, o que poderia terminar em poucas semanas, alerta o gerente comercial da Fockink, uma das principais fabricantes do setor, com unidade fabril em Panambi, no Rio Grande do Sul, André Santin. De acordo com o Ministério da Agricultura, já foram liberados por meio desta linha, entre julho e dezembro de 2019, R$ 327 milhões - aumento de 36% em relação a igual período da safra anterior.
{'nm_midia_inter_thumb1':'', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5c6f03d777ac4', 'cd_midia':8634598, 'ds_midia_link': 'https://www.jornaldocomercio.com/_midias/gif/2019/02/21/banner_whatsapp_280x50px_branco-8634598.gif', 'ds_midia': 'WhatsApp Conteúdo Link', 'ds_midia_credi': 'Thiago Machado / Arte JC', 'ds_midia_titlo': 'WhatsApp Conteúdo Link', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '280', 'cd_midia_h': '50', 'align': 'Center'}
“Os recursos podem terminar na Coopavel (uma das principais feiras do setor do agronegócio, no Paraná), em fevereiro. Se não houver complementação, acabará antes da Expodireto (em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, em março)”, preocupa-se o executivo.
Santin destaca ainda que é na Expodireto, efetivamente, o período em que o produtor gaúcho fará suas primeiras pesquisas e estudos para investir em irrigação após a atual estiagem. Isso porque já estará com a colheita concluída, ou quase, e com uma ideia mais precisa de perdas e de recursos que terá para isso. Caso a demanda venha a crescer e ser atendida adequada por linhas de financiamentos públicas, Santin estima que, a reboque, virá também a geração de empregos.
“Nós mesmos poderemos criar, entre diretos e indiretos, cerca de 500 novos postos de trabalho entre 2020 e 2021”, estima o executivo da Fockink.
O gerente comercial da fabricante de Panambi revela que, até o momento, clientes que haviam pedido projetos mas não concretizaram já estão retomando a procura pelo sistemas, e novos agricultores também questionam a empresa sobre os equipamentos. As vendas efetivamente, porém, começarão a se concretizar mais a partir do segundo semestre, avalia.
Revendedor dos equipamentos Lindsay no Estado, Roque Villani também destaca que com a demanda crescente já prevista os postos de trabalho deverão aumentar. Dos 80 funcionários que tinha em 2014, auge recente dos projetos de irrigação no Rio Grande do Sul, hoje conta com apenas cerca de 20.
“Com os produtores voltando a investir mais na irrigação acabaremos demandando novos profissionais, de diferentes áreas” confirma o empresário.
Fabricante de carretéis móveis de irrigação, a Irrigat, de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, tem foco especialmente em propriedades de pequeno e médio portes, com necessidade de reforço hídrico em áreas de até 20 hectares. Eduardo Hendler, diretor da empresa, estima que o crescimento neste ano poderá chegar a 30%, mas ressalta que o Estado, ao menos até 2009, representava cada vez um percentual menor nos negócios.
“Enquanto as vendas para o Brasil tiveram alta entre 20% e 30% em 2019, aqui para o Estado caíram 40%. Hoje, a comercialização no Rio Grande do Sul e equivalente a 6% do faturamento. Já foi mais de 60%”, detalha Hendler.
A queda na participação gaúcha no faturamento da Irrigat, de cerca de R$ 2,5 milhões anuais, também se deve ao incremento dos negócios em estados como Minas Gerais, Bahia e São Paulo, diz o executivo. As vendas da fabricante, graças a presença forte em sites e nas redes sociais, diz Hendler, vem alcançado até mesmo o Acre e o Paraguai.

Prevenção à falta de chuva vai além de pivôs, alerta Farsul

Preparar corretamente o solo, que não pode ser excessivamente compactado, é uma ação tão ou mais necessária para melhorar o aproveitamento hídrico nas lavouras do que um sistema de irrigação. No solo muito compactado, alerta o economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, nem mesmo a água dispersada por pivôs seria eficiente.
Luz também faz outras ponderações sobre a real necessidade e investimentos necessários a projetos de irrigação quem nem sempre são viáveis. O representante da Farsul ressalta que, em média, as propriedades gaúchas têm 50 mil hectares e isso precisa ser levado em conta sob diferentes aspectos.
“Pode estar acabando os recursos para o Moderinfra, mas não apenas para essa linha de financiamento como também para outras. E investimentos em irrigação precisam de algumas ponderações”, questiona Luz.
O economista questiona, por exemplo, se dentro de uma área de 50 mil hectares haverá um curso d’água suficiente para fornecer água ao sistema. E se a energia elétrica que chega até lá suficiente para garantir a operação do sistema.
“Se não há energia, vale o custo para levar postes e fios até lá? Não se pode dizer que simplesmente o produtor não investe em irrigação. A implantação de pivôs, por sinal, cresce a dois dígitos no Estado nos últimos anos”, destaca o economista.
De com a Agência Nacional das Águas (ANA), do total de áreas irrigadas por pivôs no Brasil, Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo concentram 77% da área total – respectivamente, 31%, 18%, 15% e 13%. A participação desses quatro estados tem sido similar desde 2000, mas demonstrando tendência de desconcentração com o desenvolvimento de polos de irrigação em outros estados. Entre eles, de acordo com o órgão, destaca-se o crescimento de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul em ritmo superior aos demais.
No panorama geral, porém, o Rio Grande do Sul tem apenas 7,5% de áreas agrícolas irrigadas (110 mil,8 mil hectares), sendo o sexto no ranking, muito abaixo de Minas Gerais (452,2 mil ha, ou 30,6%), por exemplo, o primeiro da lista elaborada pela ANA em 2017.