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Agronegócios

- Publicada em 09 de Janeiro de 2020 às 20:35

Estiagem prejudica mais de 100 municípios

Sede da Famurs, na Capital, reuniu representantes do governo, municípios e entidades do agronegócio

Sede da Famurs, na Capital, reuniu representantes do governo, municípios e entidades do agronegócio


/NÍCOLAS CHIDEM/JC
Praticamente todas as regiões do Estado sentem os efeitos da estiagem deste ano, considerada a mais grave desde 2010. Até o final da tarde desta quinta-feira, 16 municípios haviam decretado situação de emergência. Outros 12 estão prestes a entregar a documentação necessária ao governo do Estado, através da Defesa Civil. De acordo com o diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, as estimativas preliminares sobre as perdas desta safra ainda são muito difíceis de mensurar porque a estiagem ainda está em curso e, por isso, os dados mudam rapidamente. No entanto, está confirmado que os maiores danos estão concentrados nas regionais de Soledade, Ijuí e Passo Fundo, no caso da soja; no Vale do Rio Pardo, no caso do milho para silagem; e novamente em Soledade, com relação ao feijão (1ª safra).
Praticamente todas as regiões do Estado sentem os efeitos da estiagem deste ano, considerada a mais grave desde 2010. Até o final da tarde desta quinta-feira, 16 municípios haviam decretado situação de emergência. Outros 12 estão prestes a entregar a documentação necessária ao governo do Estado, através da Defesa Civil. De acordo com o diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, as estimativas preliminares sobre as perdas desta safra ainda são muito difíceis de mensurar porque a estiagem ainda está em curso e, por isso, os dados mudam rapidamente. No entanto, está confirmado que os maiores danos estão concentrados nas regionais de Soledade, Ijuí e Passo Fundo, no caso da soja; no Vale do Rio Pardo, no caso do milho para silagem; e novamente em Soledade, com relação ao feijão (1ª safra).
"Já são mais de 100 municípios afetados diretamente. É um prejuízo enorme para a economia de todo o Rio Grande do Sul", avaliou o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Eduardo Freire. Ele observa que é urgente a homologação dos decretos de situação de emergência por parte do governo do Estado. "A situação é difícil, precisamos de socorro para nossos agricultores, principalmente os pequenos que precisam disso para ter força de negociação de dívidas junto às instituições financeiras", destacou o presidente da Famurs.
Em reunião na sede da entidade, ocorrida na tarde desta quinta-feira, representantes do agronegócio e do governo do Estado debateram outras possíveis soluções para o problema, que está afetando a cadeia da soja, milho, feijão, tabaco, e os segmentos de pecuária e fruticultura. "É um problema que atinge também localidades que não estão sofrendo com a seca", observou o dirigente. Nas regiões Norte e Noroeste, onde existe maior volume de plantio, principalmente de soja e milho, o problema não se agravou a até o momento. "Mas se chegarem a ser afetadas em uma escala maior, o prejuízo financeiro será gigantesco", comenta Freire.
O secretário em exercício da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Luiz Fernando Rodriguez, apresentou medidas de emergência que a pasta deverá encaminhar nos próximos dias para mitigar os efeitos da estiagem. "Desde o dia 3 de janeiro a secretaria instituiu o comitê de acompanhamento da estiagem para pensar em soluções. Uma delas é unificar as análises agroclimáticas da Secretaria, do Irga e da Emater-RS, elaborando boletins semanais que abordem o impacto das condições climáticas nas culturas do período, de forma que os municípios possam se planejar com informação qualificada", detalhou Rodriguez.
A Seapdr deverá encaminhar ofício ao Ministério da Agricultura (Mapa) solicitando a prorrogação do zoneamento das culturas afetadas pela seca. "Estamos atendendo a um pleito de diversas entidades como Fetag, Farsul, além das prefeituras", destacou o secretário em exercício. A pasta ainda buscará a redução do custo do seguro rural e o aumento da cota disponível para o Estado junto ao governo federal.
A prefeita de Cristal, Fábia Richter, afirma que no seu município (localizado na região Centro Sul) já está faltando água para consumo humano. "Temos tentando atender com açudes e cacimbas para a população de 8 mil habitantes. São pessoas que vivem da produção rural, e do trabalho na agricultura." Segundo ela, as perdas já chegam a R$ 19 milhões. "Somente a produção de melancia perdeu 80% da safra, e a produção de tabaco, que é uma das principais culturas, perdeu 40%", comenta Fábia. "Antes deste calor tórrido, sem chuvas, no início de novembro, tivemos uma grande chuva que lavou tudo e causou um problema que afetou as mudas de tabaco", finaliza.

Irrigação ainda é insuficiente nas lavouras gaúchas

De acordo com dados da Emater-RS, o Estado possui plantações em 6 milhões de hectares de lavouras de sequeiro: milho, soja, feijão, fumo e outras, das quais, em torno de 2%, possuem sistemas de irrigação. De acordo com o presidente da Famurs, Eduardo Freire, nos últimos anos os produtores têm investido na técnica, já prevendo situações de seca no verão. Ainda assim, a utilização do sistema ainda é baixa no Estado.
"A irrigação vem sendo muito trabalhada pela Emater-RS, o Irga, entre outras empresas, junto aos produtores. No entanto, exige um investimento alto", avalia o prefeito em exercício e presidente da comissão municipal da Defesa Civil de Camaquã, Jair Martins. Apesar da carga tributária pesada e dos custos de produção, ele considera este um recurso caro, mas que deve ser utilizado como um dos caminhos de prevenção para períodos de seca.
Segundo município a decretar situação de emergência, Camaquã já amarga R$ 70 milhões de prejuízo financeiro sendo que R$ 50 milhões foram somente da produção de tabaco. Dentre as lavouras mais afetadas, a de milho e de feijão perderam quase 90% do que foi plantado, seguidas da soja, que foi prejudicada em 60%. "Também a pecuária teve um prejuízo significativo, de R$ 10 milhões", salientou o prefeito em exercício e presidente da comissão municipal da Defesa Civil, Jair Martins. Para piorar, a burocracia torna o apoio financeiro dos governos uma solução demorada demais. "Estamos no terceiro decreto de situação de emergência desde 2018 e ainda não entraram recursos do Ministério da Defesa Civil. É preciso maior agilidade e essa é uma das nossas reivindicações."

Técnicos do Mapa devem avaliar impactos no Estado

O Ministério da Agricultura (Mapa) tem monitorado a ocorrência de estiagem desde dezembro. Neste mês, está prevista a vinda de técnicos ao Rio Grande do Sul para verificar as condições das lavouras afetadas.
Até o momento, produtores gaúchos comunicaram 5.551 avisos de sinistros em razão da seca para as companhias seguradoras e instituições financeiras que operam o Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR) e o Proagro. Dados das seguradoras mostram que foram 2.829 acionamentos do seguro rural. Do total, 291 foram para o milho, 1.320 para a uva e 1.218 para vistoria de lavouras de soja (boa parte para replantio). No Proagro, foram registrados 2.722 comunicados de perdas, sendo 1.824 em milho, 529 em soja e 369 no feijão.

Cidades que já decretaram situação de emergência

1. Chuvisca
2. Barão do Triunfo
3. Camaquã
4. Encruzilhada do Sul
5. Mariana Pimentel
6. Pantano Grande
7. Progresso
8. Sinimbu
9. Venâncio Aires
10. Amaral Ferrador
11. Cristal
12. Passo do Sobrado
13. Ponte Preta
14. Boqueirão do Leão
15. Santa Cruz do Sul
16. Vale do Sol
Fonte: Defesa Civil do Estado