Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

INFRAESTRUTURA

- Publicada em 30 de Dezembro de 2019 às 03:00

Época de safra exige atenção com energia

Entidades ligadas ao setor agrícola defendem que é necessário reforçar ainda mais a rede elétrica no campo

Entidades ligadas ao setor agrícola defendem que é necessário reforçar ainda mais a rede elétrica no campo


/FERNANDO C. VIEIRA/GRUPO CEEE/JC
Se o calor é o principal responsável por fazer a demanda de energia subir nos centros urbanos com o aumento do uso dos aparelhos de ar-condicionado, no meio rural, as safras agrícolas são motivos de preocupação para produtores e concessionárias. Por um lado, as distribuidoras afirmam que estão tomando as medidas para ter a melhor condição possível de atendimento, por outro, entidades que representam o setor agrícola - como a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) - defendem que é necessário reforçar ainda mais a rede elétrica.
Se o calor é o principal responsável por fazer a demanda de energia subir nos centros urbanos com o aumento do uso dos aparelhos de ar-condicionado, no meio rural, as safras agrícolas são motivos de preocupação para produtores e concessionárias. Por um lado, as distribuidoras afirmam que estão tomando as medidas para ter a melhor condição possível de atendimento, por outro, entidades que representam o setor agrícola - como a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) - defendem que é necessário reforçar ainda mais a rede elétrica.
Apesar de algumas produções, como a de arroz, leite e fumo, apresentarem-se como destaques quanto ao consumo de energia, o diretor vice-presidente da Farsul, Fábio Avancini Rodrigues, enfatiza que todas as culturas precisam ter um cuidado especial quanto ao fornecimento de eletricidade. "Hoje, a energia no campo é um insumo como se fosse o adubo, a água", frisa. O dirigente cita, ainda, o caso das lavouras de soja irrigada e granjas de aves como atividades que necessitam de eletricidade.
Rodrigues acrescenta que, para o produtor, não basta ter acesso à energia, é preciso ter potência também. "Esse é o nosso grande problema", lamenta. O integrante da Farsul reforça que é preciso ter carga para alimentar os equipamentos e considera essa uma discussão infindável com as concessionárias. Conforme o dirigente, as linhas de distribuição são muito precárias, principalmente na Metade Sul do Estado. Ele enfatiza que, ao pensar em crescimento e desenvolvimento, os investimentos em energia precisam ser constantes.
"O desenvolvimento da agricultura depende, hoje, da qualidade da energia que chega nas propriedades", sustenta o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva. O dirigente cita, também, a conservação precária das redes elétricas e a interrupção do fornecimento da energia como dificuldades a serem enfrentadas. Muitas vezes, segundo Silva, a vegetação embaixo das linhas de distribuição não é cortada, e, em dias com ocorrência de chuvas e ventos mais fortes, os cortes de energia são frequentes, demorando para retornar o atendimento.
 

Distribuidoras traçam planos para atendimento da safra

As duas grandes concessionárias de energia do Estado afirmam que darão atenção especial para atender ao incremento do consumo de energia com a intensificação da atividade agrícola. A CEEE-D informa que o seu planejamento contempla manutenções preventivas e acréscimo de equipes em algumas localidades. Já a RGE colocou em prática o Plano Safra 2019-2020 focado no atendimento aos produtores de arroz.
O gerente de Serviços Comerciais da RGE, Jackson Farias de Oliveira, destaca que a cultura do arroz abrange cidades na área de concessão da empresa, como Alegrete, Itaqui, São Borja, Santiago, Uruguaiana e os municípios ao redor. Todos esses locais estavam anteriormente sob o guarda-chuva da antiga concessionária AES Sul, que foi incorporada pela RGE. "Estamos falando de aproximadamente 2,5 mil consumidores que chamamos de clientes irrigantes", detalha o dirigente.
No período da safra de arroz, essas plantações consomem cerca 413 GWh em poucos meses. Essa quantidade de energia é suficiente para abastecer o município de Caxias do Sul por seis meses ou São Leopoldo por um ano. De acordo com Oliveira, o arroz é o item dentro das safras agrícolas que demanda mais volume de energia para a RGE. O integrante da distribuidora atribui esse fator aos potentes motores que são utilizados para movimentar a água da irrigação das lavouras. Oliveira diz que a empresa está preparada para o aumento de demanda nesta época (que vai de outubro até março) e para responder a eventualidades. A companhia reposicionou 12 equipes especificamente para a área rural para dar robustez ao serviço.
Na abrangência da CEEE-D, segundo a área técnica da diretoria de distribuição, para atender à demanda da safra agrícola são feitos investimentos em manutenção e na contratação de equipes de atendimento (nesse último item, o aporte feito é na ordem de R$ 2,5 milhões). De acordo com a demanda de serviços, pode ocorrer deslocamento de equipes adicionais. O período mais delicado para a safra na CEEE-D é entre novembro e fevereiro. As principais culturas dos municípios da área da concessionária são arroz e fumo. Dentro desse cenário, Santa Vitória do Palmar, Arroio Grande, Mostardas e Dom Pedrito são os maiores produtores de arroz, enquanto Canguçu, São Lourenço do Sul, Camaquã, e Dom Feliciano são os maiores plantadores de fumo.

Fetag cobra fornecimento em locais que ainda não têm luz

Silva critica a qualidade da energia

Silva critica a qualidade da energia


/FETAG-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar de tanto a CEEE-D como a RGE terem suas áreas consideradas universalizadas quanto ao fornecimento de energia em 2012, dentro do Programa Luz Para Todos (iniciativa promovida pelo governo federal, em parceria com as distribuidoras e governos estaduais que tinha como objetivo levar a eletricidade às regiões afastadas dos grandes centros urbanos), o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, destaca que ainda há pontos "no escuro" no Estado. O dirigente cita o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE, que aponta que, de 365 mil estabelecimentos agropecuários no Rio Grande do Sul, em torno de 27 mil não tinham energia elétrica, sendo que, dos desprovidos de eletricidade, em torno de 20 mil eram classificados como agricultores familiares.
Silva afirma, ainda, que a qualidade da energia que chega hoje ao campo não atende às necessidades do agricultor. O dirigente enfatiza que muitas regiões sofrem com uma "energia muito fraca, em que o produtor para ordenhar uma vaca tem que desligar o resfriador". Ele explica que, ao colocar muitos aparelhos para funcionar ao mesmo tempo, devido à baixa qualidade do abastecimento, acaba "caindo a luz".
Sobre a questão de unidades ainda sem eletricidade no meio rural, a RGE informa que não possui demanda pendente de atendimento na sua área de concessão referente a esse assunto. Caso existam moradores ou localidades sem energia é porque, provavelmente, não solicitaram ligação, afirma, em nota, a distribuidora. A RGE ressalta que está à disposição dessas pessoas e, da mesma forma, dos órgãos e entidades de representação para prestar quaisquer informações. Já a CEEE-D frisa que todas as demandas de novas ligações em zona rural são respondidas dentro do prazo regulatório.