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Negócios

- Publicada em 19 de Dezembro de 2019 às 03:00

Bndes se desfaz dos campeões nacionais

JBS e Petrobras são as próximas do cronograma, afirma Montezano

JBS e Petrobras são as próximas do cronograma, afirma Montezano


/VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL/JC
A política de fortalecimento de grupos brasileiros, por meio de financiamento público via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deu origem aos "campeões nacionais", começou a ser desfeita oficialmente quando foi finalizada a venda de uma nova emissão de ações da Marfrig para que o banco de fomento pudesse vender a fatia de 34% que detinha no frigorífico.
A política de fortalecimento de grupos brasileiros, por meio de financiamento público via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deu origem aos "campeões nacionais", começou a ser desfeita oficialmente quando foi finalizada a venda de uma nova emissão de ações da Marfrig para que o banco de fomento pudesse vender a fatia de 34% que detinha no frigorífico.
Na última semana antes das festas de fim de ano que costumam paralisar o mercado financeiro, o BNDES colocou em seu caixa cerca de R$ 2 bilhões com a venda dos papéis. Para 2020, o movimento ganhará tração e a carteira de ações do banco, hoje de R$ 120 bilhões, deve terminar o ano abaixo de R$ 80 bilhões, conforme o cronograma que já circula no mercado. Essa é a promessa de Gustavo Montezano, à frente do BNDES desde julho.
Para janeiro do ano que vem, também está engatilhada a venda de metade da participação da instituição em outro campeão nacional: a JBS. A operação também será feita via uma oferta de ações, e deve render mais de R$ 8 bilhões ao BNDES. Logo depois, até março, está no cronograma venda de parte das ações ordinárias da Petrobras nas mãos do BNDES. O banco de fomento possui cerca de 19% das ações preferenciais e 10% das ordinárias (com direito a voto) da petroleira que, hoje, valem cerca de R$ 56 bilhões. A participação, contudo, não deverá ser desfeita integralmente em 2020.
A segunda metade de sua participação de JBS ocorrerá ainda no ano que vem e a ideia é encerrar 2020, assim, sem nenhuma participação do frigorífico da família Batista. O BNDES possui cerca de 21% de participação na JBS. No cronograma ainda para 2020, além de Petrobras e JBS, estão previstas as vendas das ações da siderúrgica Tupy e da empresa de energia Copel. Dentre outras gigantes que o BNDES possui participação estão, ainda, empresas como Embraer, Vale e Suzano.
O BNDES injetou quase R$ 1 bilhão em capital na Marfrig entre 2007 e 2009 e ainda aceitou comprar mais R$ 2,5 bilhões em títulos de dívida conversíveis em ações emitidas pelo frigorífico em julho de 2010 para financiar a compra da americana Keystone Foods. Em 2017, os títulos foram convertidos em ações e o BNDES ampliou sua participação, encostando no fundador do frigorífico, Marcos Molina, que possui 36,43%.
 

'Não há nada mais a esclarecer sobre caixa preta'

Instituição não possui mais operações de crédito polêmicas

Instituição não possui mais operações de crédito polêmicas


/AgÊncia Brasil/Divulgação/JC
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou entender que o banco não tem, atualmente, nenhuma operação polêmica a esclarecer no processo de abertura da "caixa preta" da instituição. Ele defendeu, porém, que trata-se de um processo contínuo, de cultura da instituição.
A abertura da "caixa preta" foi uma das missões conferidas pelo presidente Jair Bolsonaro a Montezano, que tomou posse no dia 16 de julho, em substituição a Joaquim Levy, primeiro nomeado pelo governo para comandar a instituição. "Hoje, entendemos que não há mais nenhum evento que requeira esclarecimento. A sociedade está com informação de qualidade, substancial", afirmou Montezano, em evento para anunciar o plano trienal do BNDES.
A "caixa preta" foi um dos temas dominantes na campanha de Bolsonaro. Entre seus apoiadores, foi difundida a ideia de que sua abertura desnudaria malfeitos maiores do que os descobertos pela Operação Lava Jato na Petrobras. Logo após a vitória nas urnas, o presidente eleito se comprometeu a determinar, no início do mandato, "a abertura da caixa-preta do BNDES e revelar ao povo brasileiro o que foi feito com o s eu dinheiro nos últimos anos".
As afirmações geraram reações negativas dos funcionários do banco. Nesta quarta, diante da diretoria e superintendentes do banco, de jornalistas e convidados, Montezano abriu com o tema um balanço de seus cinco meses de gestão. Elencou medidas para ampliar a transparência, como "exposições em jornal, campanha publicitária, entrevista sobre caso sensíveis, discutir a situação A situação B, entregar no Ministério Público Federal a conclusão da investigação da JBS, fazer nota sobre exportação de serviços e, por fim, na semana passada, um live com o presidente".
Na live, Bolsonaro elogiou a gestão de Montezano e voltou a criticar concessão de empréstimo para a construção do Porto e Mariel, em Cuba, obra tocada pela Odebrecht. Antes do evento desta quarta, o BNDES exibiu um vídeo sobre transparência, que termina com a frase "O BNDES está aberto".
Segundo Montezano, pesquisas internas apontam que o processo já tem efeitos sobre a imagem da instituição. Ele frisou que trata-se de um processo de longo prazo, que envolve novos procedimentos de transparência.
"O que a gente tem colocado é que isso não é uma temporada, não é uma campanha publicitária, não é um evento por si só. Isso aqui é um marco de mudança de cultura, mudança de procedimento, de forma de interagir com essas mudanças tão sensíveis", disse. "Mas se porventura em algum momento futuro algum outro tema voltar à agenda publicitária, voltar a arranhar a imagem do banco, a gente virá de maneira proativa, transparente, técnica e neutra para esclarecer as informações e contribuir para o debate", completou.
Questionado sobre a expectativa do eleitorado e do próprio governo em relação ao surgimento de novas denúncias, repetiu que é um processo permanente que envolve não só o esclarecimento de operações, mas também medidas de longo prazo, como a criação de uma diretoria de compliance e acordo de cooperação com o MPF.