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Economia

- Publicada em 11 de Dezembro de 2019 às 17:10

Ponte Hercílio Luz reabrirá depois de 28 anos

Estrutura será reaberta no dia 30 de dezembro após várias tentativas frustradas de revitalização

Estrutura será reaberta no dia 30 de dezembro após várias tentativas frustradas de revitalização


FLAVIO TIN/APF/FOLHAPRESS/JC
Após quase três décadas servindo apenas como cenário para fotos, a icônica ponte Hercílio Luz vai retomar seu papel de ligação entre o continente e a ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. A Velha Senhora, como é chamada pelos moradores, será reaberta no dia 30 de dezembro após várias tentativas frustradas de revitalização.
Após quase três décadas servindo apenas como cenário para fotos, a icônica ponte Hercílio Luz vai retomar seu papel de ligação entre o continente e a ilha de Florianópolis, em Santa Catarina. A Velha Senhora, como é chamada pelos moradores, será reaberta no dia 30 de dezembro após várias tentativas frustradas de revitalização.
A ponte, aberta em 1926, passou por uma reforma estrutural, com substituição de cerca de 60% da ferragem original, já desgastada pela maresia e pelo tráfego intenso. A construção chegou a correr risco de desabamento e foi totalmente fechada em 1991. O projeto de reparo durou 14 anos e custou cerca de R$ 566,3 milhões (ou R$ 1,2 bilhão em valores corrigidos pela inflação).
"Essa obra é quase uma restauração total e não apenas uma recuperação", resume o secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, Carlos Hassler. "Mas o maior desafio foi o de fazer a obra fluir dentro da burocracia legislativa estatal, com mil controles", opina.
Com a reabertura, a expectativa é diminuir o caótico trânsito de acesso à ilha de Florianópolis, atualmente concentrado em outras duas pontes. Inicialmente o tráfego será permitido apenas a pedestres, ciclistas, ônibus e veículos de emergência. A abertura para carros será gradativa, inicialmente testada com veículos de turismo e táxis.
Uma das principais intervenções foi a substituição das barras de olhal, estruturas-símbolo da ponte e desafio arquitetônico para seus projetistas há um século. Solução inovadora na época, as barras diminuem a deflexão do vão central e aumentam a rigidez da construção.
O metalúrgico Valfrides Avelar dos Santos é um dos 450 funcionários que atuam na etapa final da obra e se orgulha de ter ajudado na troca das barras. Sua trajetória na ponte se cruza com a história dela mesma. "Foi entre idas e vindas", diz o encarregado de montagem.
Desde que assumiu função, em 2013, Valfrides passou por três empresas, que foram sendo substituídas ao longo do período. Ao todo, a restauração contou com 13 diferentes contratos, incluindo os de trabalhos emergenciais.
Autoestima
Tombada pelo patrimônio histórico e artístico nacional, a Velha Senhora finalmente revitalizada representa, para Hassler, a recuperação da autoestima do manezinho (como é conhecido o florianopolitano). "É para mostrar que, quando precisa, a gente sabe e faz", diz.
A tão aguardada obra terá festa de reinauguração que vai se estender por uma semana, até 5 de janeiro, com atrações artísticas, folclóricas e gastronômicas.
Prefeitura e governo estadual lançaram o projeto Viva a Ponte para tornar o local um atrativo turístico com manifestações culturais durante todo o ano. A começar pela festa de Réveillon, que em 2016 foi transferida para outros pontos da cidade e, neste ano, vai retornar às origens.
Primeira ligação entre continente e ilha nasceu de pressões políticas e gerou processo
Inspiração para artistas, a ponte Hercílio Luz nasceu por pressões políticas. O isolamento de Florianópolis, até então acessível somente por barcos e balsas, gerava movimentos de mudança da capital para Lages, na serra catarinense.
As dificuldades cresciam com o aumento do transporte de mercadorias e de trânsito dos então 40 mil habitantes da ilha (hoje, são quase 478 mil), e o então governador Hercílio Luz, engenheiro, deu início à construção em 1922. As peças de aço foram todas importadas dos Estados Unidos, e a estrutura foi inicialmente chamada de Ponte da Independência.
Luz não conseguiu, porém, ver o projeto finalizado. Com câncer de estômago, ele participou de uma cerimônia simbólica de inauguração da obra, 12 dias antes de morrer, em 1924. A abertura oficial viria só dois anos mais tarde, com o nome que homenageia seu idealizador.
Nos anos 1980, quando absorvia 44% do tráfego de Florianópolis, a ponte foi interditada devido à deterioração de suas barras. Outro acesso, aberto sete anos antes, passou a ser a única ligação entre a ilha e o continente.
Em 1992, a má conservação levou a ponte a ser fechada para veículos pesados, e, nove anos depois, também para pedestres e veículos pequenos.
Só a partir de 2006 a reabilitação da ponte começou a sair do papel. Mas os sucessivos atrasos do contrato com o Consórcio Florianópolis Monumento levou o governo a rompê-lo unilateralmente em 2014. A obra então foi dividida em diversas etapas para ser concluída, e os investimentos na última fase chegaram a R$ 375 milhões, segundo o governo.
O vai e vem gerou a maior CPI da história de Santa Catarina, cujo relatório, produzido após oito meses de investigações, cita 26 nomes de empresas, gestores, funcionários públicos e políticos, como o ex-governador Raimundo Colombo (PSD), que afirma que seu nome foi envolvido por motivação política.
Entre outras coisas, a investigação indicou falta de planejamento e de fiscalização da atuação de empresas, que por sua vez não estariam preparadas para uma obra de tamanha complexidade. O relatório final indica que 67% do valor final atualizado foi comprometido.
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