Sem perceber que os microfones de tradução simultânea da Cúpula do Mercosul, realizada em Bento Gonçalves, seguiam ligados, Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma brincadeira ao passar a presidência do bloco econômico ao líder do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Presidente do Mercosul até esta quinta-feira, Bolsonaro entregou a Abdo Benítez o martelo que simboliza a troca de comando do grupo sul-americano. Segundo a tradição, quando a presidência temporária passa de um país para outro, o novo líder martela um pedaço de madeira. Após o paraguaio cumprir o gesto, Bolsonaro brincou: "Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não? Tudo quando eles perdem dizem que é golpe. É impressionante, né?". Abdo Benítez riu.
Há menos de um mês, Evo Morales renunciou à presidência da Bolívia, pressionado por manifestações populares e pelas Forças Armadas. A sugestão do comando militar para que deixasse o poder foi chamado de golpe de Estado pelo líder indígena.
Na abertura do encontro presidencial da cúpula do Mercosul, Bolsonaro e o atual mandatário argentino, Mauricio Macri, mandaram recados ao centro-esquerdista Alberto Fernández, eleito presidente em outubro. Bolsonaro disse que o bloco "não pode perder tempo, nem podemos aceitar retrocessos ideológicos", e enfatizou a necessidade de enxugar ainda mais a estrutura do Mercosul e de reduzir a TEC (tarifa externa comum).
Macri reforçou a mensagem. Indicou que os avanços de seu período à frente da Argentina, durante o qual foram assinados acordos com a União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio, na sigla em inglês), deveriam continuar.