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Agronegócio

- Publicada em 28 de Novembro de 2019 às 21:23

Demanda maior por carne atrai produtores de leite

Arroba do boi supera os R$ 200,00, e alta já chegou para o varejo

Arroba do boi supera os R$ 200,00, e alta já chegou para o varejo


JONATHAN HECKLER/arquivo/JC
A disparada recente no preço da arroba do boi gordo, que está levando a uma alta significativa da carne para o consumidor, também mexe com o mercado da pecuária de leite. Com o incremento do valor pago pelo gado para abate, de cerca de R$ 150,00 a arroba, há dois meses, para mais de R$ 200,00 nas últimas semanas, quem também está buscando vender animais são os produtores de leite.
A disparada recente no preço da arroba do boi gordo, que está levando a uma alta significativa da carne para o consumidor, também mexe com o mercado da pecuária de leite. Com o incremento do valor pago pelo gado para abate, de cerca de R$ 150,00 a arroba, há dois meses, para mais de R$ 200,00 nas últimas semanas, quem também está buscando vender animais são os produtores de leite.
O negócio pode ser uma alternativa de capitalização e até mesmo para renovação do rebanho. Isso porque vacas leiteiras menos produtivas poderão se tornar atrativas como fonte de carne. A tendência é mais intensa na Região Centro-Oeste, como foi destacado, nesta quinta-feira, em evento promovido pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), mas entre produtores gaúchos também deve ocorrer.
No Rio Grande do Sul, a venda de animais que tenham baixa produção pode ser uma opção para que alguns produtores se capitalizem ou melhorem o rebanho. Darlan Palharini, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), avalia que essa pode ser uma saída para propriedades que estão com dificuldade de se enquadrar às novas normativas de qualidade do leite, que entraram em vigor neste ano.
"Vender animais menos rentáveis pode ser uma alternativa para quem está com dificuldades nas contas e tenha um rebanho com animais mais velhos, por exemplo. Isso talvez já esteja sendo levado em conta por produtores em que a propriedade opera com menos de 200 litros/dia, por exemplo", avalia Palharini. Ao contrário do que pode parecer, esse estímulo à venda de vacas para abate não é fator de preocupação para as indústrias do setor lácteo. O descarte de vacas com menor desempenho, diz o executivo do Sindilat, pode servir para a troca de animais se o produtor decidir renovar o rebanho. "Em alguns casos, aproveitar esse bom preço da arroba seria até uma ajuda para melhorar o rebanho leiteiro", opina Palharini.
A alta na cotação das carnes no mercado interno tem origem, principalmente, na maior demanda mundial por proteína animal pela China. Com suínos sendo abatido aos milhares desde o ano passado para conter a Peste Suína Africana (PSA) em seu plantel, o país asiático passou a demandar mais carnes de todos os tipos, explica o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira.
"E, com as recentes habilitações de frigoríficos no Brasil, não apenas de aves e suínos, mas também de bovinos, a arroba se valorizou aceleradamente nas últimas semanas. Isso é muito perceptível, porque a alta foi rápida, mas a arroba já esteve em torno de R$ 200,00 há alguns anos", relembra Gedeão.
Em comunicado recente, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) destacou que, em menos de três meses, a valorização da arroba elevou alguns cortes de bovinos, como o contrafilé, a índices acima de 50%. Para tentar conter a alta, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegou a dizer, nesta semana, que o Brasil poderia importar carne bovina para tentar equilibrar os preços. Gedeão, porém, destaca que importar pode não ser uma alternativa viável.
"O aumento da arroba não ocorre apenas no Brasil, é um movimento mundial, pois a China compra mais carnes de diferentes mercados e não apenas aqui", ressalta o presidente da Farsul.
Números recentes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) confirmam a tendência: o volume exportado apenas em outubro foi de 185,5 mil toneladas, com alta de 15% ante igual período de 2018.

Dólar alto valoriza o leite em pó do Brasil no mercado internacional

Caio Vianna diz que produto está mais competitivo

Caio Vianna diz que produto está mais competitivo


MARCO QUINTANA/JC
Outro tema que se sobressaiu nos debates da Câmara do Leite, realizados, nesta quinta-feira, pela OCB e pela Fecoagro em Porto Alegre, são as boas perspectivas para exportações de leite em pó. Com a alta do dólar e a valorização do produto, Caio Vianna, presidente da CCGL e integrante do conselho da Fecoagro, informa que o leite em pó brasileiro se tornou bastante competitivo. Além disso, diz Vianna, o dólar alto inibe importações, o que favorece a indústria e o produtor brasileiros.
O executivo explica que a China - que, neste ano, abriu seu mercado aos lácteos brasileiros, por exemplo - já vinha fazendo prospecção de fornecedores por aqui, mas esbarrava no preço. Vianna conta que o "ponto de corte" para a competitividade para exportação era, até recentemente, a cotação a US$ 3,5 mil a tonelada de leite em pó com o dólar a R$ 4,00. "Hoje, com o dólar a R$ 4,20 e a tonelada do leite em pó a
US$ 3,2 mil, temos condições de exportar e conseguir remunerar no mesmo preço do mercado interno. Nos últimos anos, ocorria sempre o contrário, era o mercado interno que mais remunerava", esclarece Vianna.
O presidente da CCGL conta, por exemplo, que a cooperativa está embarcando leite em pó para a Argélia. Para a China, ainda não há comercialização efetiva, mas deve ocorrer em 2020, já que a CCGL está habilitada e com prospecções no mercado asiático sendo feitas.