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Agronegócios

- Publicada em 21 de Outubro de 2019 às 21:34

Rio Grande do Sul deve ter a menor área com arroz em 10 anos

Produção em menos de 1 milhão de hectares é perspectiva atual

Produção em menos de 1 milhão de hectares é perspectiva atual


/NEW HOLLAND/DIVULGAÇÃO/JC
Uma safra de muitas dúvidas e dívidas está sendo semeada pelos produtores de arroz do Estado, que devem plantar, neste ano, a menor área da última década. Além de preços poucos remuneradores frente ao custo de produção e a concorrência desigual com o produto do Mercosul, boa parte dos orizicultores ainda amarga prejuízos registrados no começo deste ano com as enxurradas que atingiram fortemente municípios como Dom Pedrito e Itaqui.
Uma safra de muitas dúvidas e dívidas está sendo semeada pelos produtores de arroz do Estado, que devem plantar, neste ano, a menor área da última década. Além de preços poucos remuneradores frente ao custo de produção e a concorrência desigual com o produto do Mercosul, boa parte dos orizicultores ainda amarga prejuízos registrados no começo deste ano com as enxurradas que atingiram fortemente municípios como Dom Pedrito e Itaqui.
A semeadura no Estado ocorre ao mesmo tempo em que os agricultores ainda renegociam dívidas e pedem apoio ao governo federal para reduzir os estragos causados em janeiro, especialmente em lavouras da Fronteira-Oeste. Com isso, a safra de arroz do ciclo 2019/2020, que já tem 50% da área prevista semeada, não deverá alcançar 1 milhão de hectares - o que não ocorria ao menos desde o ciclo 2006/2007. Neste ano, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta 973 mil hectares a serem semeados, o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) trabalha com patamar ainda menor: 946,3 mil hectares.
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De acordo com Ivo Mello, coordenador regional do Irga na Fronteira-Oeste, há tendência de redução também na produtividade. Isso porque, com poucos recursos para investir na lavoura, o produtor deve reduzir o uso de tecnologias aplicadas ao plantio. Isso inclui menos defensivos, adubos e fertilizantes, por exemplo. Até a semana passada, segundo levantamento do Irga, 46,75% da área projetada para receber o cereal já estavam semeadas. "O produtor está plantando sem saber se terá dinheiro depois para seguir com o trabalho como deveria, na verdade. Está apostando em algum tipo de alento que venha do governo na renegociação das dívidas, por exemplo", alerta Mello.
Para o coordenador da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, 68% dos orizicultores estão semeando sem ter condição de buscar financiamento. Ou seja, fazem o plantio com recursos próprios, dentro do possível. Como a janela da semeadura ideal vai até meados de novembro, plantar mais tarde implicaria risco extra de baixa produtividade.
"Temos cerca de 8 mil produtores de arroz no Estado, que cultivam em área própria e principalmente arrendada. Não é tão simples, e nem sempre é possível migrar do arroz para soja, por questões de área, clima e manejo. As áreas possíveis de semear com soja já foram ocupadas", pondera Schardong.
No atual cenário, diz o representante da Farsul, fazer qualquer projeção sobre área que realmente será semeada e, depois, sobre a produtividade, é um complicado exercício de futurologia. Na última semana, Schardong coordenou reunião da Farsul que tem como objetivo angariar apoio federal aos orizicultores gaúchos o mais rápido possível. "A janela do plantio termina em breve, e estamos há 10 meses negociando e não temos, até agora, uma proposta de apoio. O produtor está plantando até onde vai sua capacidade econômica, mas correndo contra o tempo", alerta Schardong.
O representante da Farsul explica que, após o dia 15 de novembro, a redução na produtividade é praticamente certa e considerável. A única perspectiva mais positiva para o atual ciclo é, desta vez, o clima. O coordenador do Irga na Fronteira-Oeste não espera por maiores problemas com o tempo nesta safra. "Não creio que teremos novas perdas pelo clima. Um raio não tende a cair duas vezes no mesmo lugar", opina Mello.

Federarroz recomenda plantio em locais com alta produtividade

Para reduzir os riscos de novos prejuízos, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federraoz) está recomendando que os agricultores gaúchos plantem arroz exclusivamente em áreas de alta produtividade. Ou seja, onde se consiga, pelo menos, 160 sacas por hectare. "Abaixo disso é prejuízo certo", diz o presidente da entidade, Alexandre Velho.
"O custo de produção, hoje, mal cobre o de desembolso, que é de R$ 42,00. Se considerarmos o custo total, que chega em R$ 46,00/saca, o cálculo fica zerado com a saca sendo vendida nesse mesmo patamar", lamenta Velho.
Além do endividamento, o setor amarga um problema estrutural que precisa ser enfrentado de forma mais direta, alerta o executivo. O que inclui ingresso de arroz importado com baixo custo, carta tributária elevada, falta de apoio governamental e custo elevados ante a baixa remuneração ao produtor, por exemplo.

Irga projeta área semeada menor que a Conab

O Irga é ainda mais pessimista do que a Conab quanto a projeção de semeadura neste ano e trabalha com a perspectiva de 946, 3 mil hectares.
Até a última semana já havia sido plantado arroz em 442.439 hectares, o que representa 46,75% do previsto pelo produtores. De acordo com Ivo Mello, coordenador do Irga na Fronteira-Oeste, os 946,3 mil hectares são uma projeção que pode não se realizar por falta de recursos, por exemplo. Conforme o último levantamento do Irga, divulgado no dia 18 de outubro, a região mais adiantada é a Fronteira-Oeste, com 217.556 ha (74,93% dos 290.347 ha previstos). A região Central, no entanto, está apenas começando os trabalhos, com 10.834 ha (8,4% dos 128.792 hectares previstos).