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Relações Internacionais

- Publicada em 30 de Agosto de 2019 às 03:00

Argentina busca renegociar prazo da dívida com o FMI

Macri pediu colaboração para que as eleições ocorram com tranquilidade

Macri pediu colaboração para que as eleições ocorram com tranquilidade


/ARGENTINE PRESIDENCY/AFP/JC
Em pronunciamento feito na manhã desta quinta-feira, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que está focado em reduzir o impacto da inflação e das incertezas no período pré-eleitoral. Segundo Macri, as medidas anunciadas na quarta-feira (27) pelo ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, como a renegociação dos prazos para pagar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), servirão "para defender a estabilidade cambial em curto, médio e longo prazos".
Em pronunciamento feito na manhã desta quinta-feira, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que está focado em reduzir o impacto da inflação e das incertezas no período pré-eleitoral. Segundo Macri, as medidas anunciadas na quarta-feira (27) pelo ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, como a renegociação dos prazos para pagar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), servirão "para defender a estabilidade cambial em curto, médio e longo prazos".
No ano passado, a Argentina recebeu um empréstimo de US$ 57 milhões. A primeira parcela deveria ser paga, a princípio, em 2021. "A Argentina não tem um problema de solvência, mas de liquidez a médio prazo", disse Lacunza, ressaltando que o país está comprometido com os pagamentos. A declaração ocorre um momento em que os mercados temem que o país se torne inadimplente.
As medidas econômicas foram anunciadas duas semanas após as eleições primárias, em que a chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner surpreendeu nas urnas, alcançando 47% dos votos, muito acima dos 32% obtidos por Macri. Nos dias que se seguiram à votação, o dólar disparou e o risco-país aumentou. A Argentina está entre os países com mais altas taxas de inflação, tendo chegado a 48% no ano passado.
Quanto às dívidas de curto prazo, o ministro anunciou o reagendamento dos pagamentos de títulos em dólares a investidores institucionais, que detêm 10% desses papéis na Argentina. O objetivo é aliviar a pressão sobre as reservas internacionais e permitir que sejam usadas para intervir no mercado de câmbio e preservar a moeda.
O presidente argentino afirmou que as medidas econômicas foram tomadas depois de ter escutado seus apoiadores e opositores e pediu a colaboração de todos para que as eleições do dia 27 de outubro transcorram com tranquilidade.
"Temos 59 dias pela frente até chegar às eleições, e é minha responsabilidade que elas transcorram da melhor maneira, mas nunca depende apenas do governo. Todos os que ocupam um papel de liderança em nosso país sabemos o peso de cada passo que damos e como isso incide no presente e no futuro dos argentinos", acrescentou o presidente.
Macri ressaltou que entende a insatisfação dos argentinos e citou "o cansaço de nadar contra a corrente, especialmente no último ano e meio, que foi muito duro para todos". Ele disse que seu único objetivo é levar tranquilidade ao país. "Para isso, estou tomando medidas e implementando todas as ferramentas necessárias para reduzir as incertezas e resolver esses problemas que afetam o dia a dia, que impactam em preços e salários e na capacidade de chegar ao fim do mês", afirmou o presidente argentino.
A S&P afirmou que o anúncio da quarta-feira do governo da Argentina, segundo o qual o país adiaria pagamentos de dívida de curto prazo a investidores institucionais, representa um default "sob nossos critérios".

Para equipe econômica, efeito das medidas argentinas sobre o Brasil será pequeno

Segundo Mansueto, haverá pouco impacto no apetite do investidor

Segundo Mansueto, haverá pouco impacto no apetite do investidor


/FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
O agravamento da crise na economia da Argentina, que culminou com um pedido do presidente Maurício Macri pararenegociar uma dívida de US$ 56 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), devido à incapacidade de pagamento dos vizinhos, está sendo acompanhado atentamente pelo governo brasileiro. Segundo técnicos da área econômica, no momento atual, o foco são as próximas medidas a serem tomadas pelas autoridades argentinas e a reação dos organismos financeiros internacionais a essa espécie de moratória.
A avaliação é que a economia brasileira é mais sólida que a da Argentina, o que dá ao Brasil uma certa blindagem que o deixa em uma situação mais confortável. A forma de contágio maior, que já está acontecendo há algum tempo, com a falta de reação dos indicadores econômicos dos vizinhos e a consequente recessão, se dá na balança comercial entre os dois países.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o impacto da turbulência sobre o apetite de investidores tende a ser pequeno. Mas o governo acompanha os desdobramentos da crise no país vizinho.
"Claro que ter um parceiro comercial imerso em uma crise financeira, é algo que preocupa a gente como região. A gente teve um efeito em câmbio, mas é um efeito mais global, um risco de crescimento global, guerra comercial. Mas do ponto de vista de juros, o impacto foi muito pequeno", disse Mansueto.
O subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia, Vladimir Kuhl Teles, destacou que, só nos últimos dois anos, as exportações brasileiras para o país vizinho recuaram de US$ 18 bilhões para cerca de US$ 9 bilhões.
"A queda nas exportações já reflete a crise na Argentina que começou ano passado. Um impacto substancial sobre o Brasil já aconteceu", afirmou o subsecretário.
O técnico lembrou que não é só a Argentina que está no radar. A turbulência global, como a tensão causada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, também contribui negativamente para esse cenário. Segundo ele, isso reforça a necessidade de que o país faça reformas, como a da Previdência e a tributária.
"É possível que a gente tenha que consertar o telhado, ou seja, fazer as reformas, no meio de uma tempestade, em vez de em um dia de sol", observa Teles.