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Mercado Imobiliário

- Publicada em 28 de Agosto de 2019 às 03:00

Construção acumula 20 trimestres de retração

Atividade no setor já encolheu 31% desde o primeiro trimestre de 2014

Atividade no setor já encolheu 31% desde o primeiro trimestre de 2014


/ISHARA S. KODIKARA/AFP/JC
Apesar dos esforços para tentar reativar o mercado imobiliário no País, a atividade da construção permanece em recessão. Já são 20 trimestres consecutivos de perdas, que devem ser sucedidos por nova queda no segundo trimestre deste ano, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Apesar dos esforços para tentar reativar o mercado imobiliário no País, a atividade da construção permanece em recessão. Já são 20 trimestres consecutivos de perdas, que devem ser sucedidos por nova queda no segundo trimestre deste ano, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
A expectativa é que a construção tenha encolhido 1,8% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados desagregados do Monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da FGV. O resultado oficial das Contas Nacionais será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima quinta-feira, 5.
Considerando as nove recessões registradas pelo País, esta é a primeira vez que a construção encolhe já no período de expansão da economia (pós-recessão). "Como a construção é uma atividade que emprega muita gente também, isso acaba tendo reflexo no mercado de trabalho", observou a economista Juliana Trece, pesquisadora do Ibre/FGV.
Desde o primeiro trimestre de 2014, a construção já encolheu 31%, retornando ao patamar de dez anos atrás. No atual período de expansão da economia - iniciado no primeiro trimestre de 2017 até o primeiro trimestre de 2019 -, a atividade de construção acumulou uma perda de 6,7%. O setor, que corresponde a praticamente metade dos investimentos na economia, teria de avançar 46,7% para retornar ao nível pré-crise.
Para o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, o esforço recente feito pela equipe econômica do governo para aumentar as transações imobiliárias - via crédito ao consumidor com taxas de juros mais baixas e correção do saldo devedor pela inflação oficial, o IPCA - não deve ter a eficácia esperada para alavancar o setor de construção.
"Acho pouco provável, porque com a taxa de desemprego muito elevada e com o endividamento crescendo, as famílias não vão se endividar no longo prazo. Ainda mais do jeito que estão fazendo, baixando juros, mas com risco de assumir o peso de uma inflação mais adiante", avaliou Considera. A retomada de obras federais que estão paralisadas é o caminho mais rápido para tirar a economia brasileira da paralisia em que se encontra, defendeu.
"Isso (o gasto público com obras) não bate no primário, não bate na regra de ouro, porque investimento não conta. Bate no teto de gastos. Fure o teto de gastos! Faça o que tem de fazer, porque há uma urgência de cuidar de 13 milhões de desempregados, quatro milhões de desalentados, mais quatro milhões de subempregados", opinou o coordenador.
Segundo Considera, a elevada capacidade ociosa em diversos segmentos da economia - como indústria, comércio e serviços - deve inibir um salto significativo nos investimentos em máquinas e equipamentos, restando a construção como via alternativa para fazer a atividade econômica voltar a girar.
 

Confiança dos construtores sobe 2,2 pontos, mostra levantamento da FGV

O Índice de Confiança da Construção subiu 2,2 pontos em agosto, para 87,6 pontos, a terceira alta seguida, alcançando o maior nível desde dezembro de 2014 (88,7 pontos), informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Em médias móveis trimestrais, a confiança avançou pelo terceiro mês seguido, ao variar 2,3 pontos.
A coordenadora de Projetos de Construção da FGV, Ana Maria Castelo, afirma que a sondagem mostra os empresários mais confiantes na recuperação do setor e a melhora pelo terceiro mês seguido indica consistência do movimento de retomada. Mas ela pondera que o Índice de Situação Atual (ISA) ainda indica atividade baixa. "Vale notar que o ritmo de melhora se mostra muito lento, insuficiente para alavancar a economia."
O ISA subiu 2,5 pontos, para 77,6 pontos, o maior nível desde fevereiro de 2015 (81,4 pontos), com destaque para a situação atual da carteira de contratos, que avançou 2,3 pontos, para 75,8 pontos, e do indicador da situação atual dos negócios, que subiu 2,7 pontos, para 79,6 pontos.
O Índice de Expectativas (IE) avançou 1,9 pontos, atingindo 97,9 pontos, maior nível desde janeiro de 2014 (99,1 pontos), com os dois quesitos componentes contribuindo para a alta. O indicador de demanda prevista nos próximos três meses avançou 2,7 pontos, para 98,2 pontos, e a tendência dos negócios nos próximos seis meses subiu 0,9 ponto, para 97,5 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) também teve alta no mês, somando a quinta seguida. O aumento foi de 0,7 ponto percentual, para 69,6%. Tanto o Nuci para máquinas e equipamentos quanto o Nuci para mão de obra subiram, 0,2 e 0,8 ponto percentual, respectivamente.
Ana Maria comenta que o contingenciamento do Orçamento da União tem prejudicado o programa Minha Casa Minha Vida, que exerceu um papel fundamental de sustentação da atividade durante a crise. "Desde o início do ano, com o contingenciamento do orçamento da União, a falta de repasse de recursos tem levado à paralisação de obras, invertendo o quadro em que as empresas que operavam com o programa eram mais confiantes e otimistas. Ou seja, o programa perde cada vez mais sua capacidade para atenuar os efeitos da crise", observou a coordenadora.