Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 26 de Agosto de 2019 às 03:00

Analistas alertam para a possibilidade de boicote a produtos brasileiros

Diante da crise internacional desencadeada pelas queimadas na Amazônia, analistas e produtores nacionais já temem que produtos brasileiros sejam alvo de boicote por empresas e consumidores estrangeiros. Nas redes sociais, já começaram a circular convocações para um movimento de boicotes a mercadorias "made in Brazil", com a hashtag #BoycottBrazil.
Diante da crise internacional desencadeada pelas queimadas na Amazônia, analistas e produtores nacionais já temem que produtos brasileiros sejam alvo de boicote por empresas e consumidores estrangeiros. Nas redes sociais, já começaram a circular convocações para um movimento de boicotes a mercadorias "made in Brazil", com a hashtag #BoycottBrazil.
Nos chamados nas redes sociais, fala-se em não consumir produtos de origem animal e até mesmo no cancelamento de viagens internacionais que tenham como destino o País.
A revista britânica Newstatesman também defendeu o boicote: "agora é hora de ser agressivo. Boicote os produtos brasileiros. Faça da associação com o Brasil uma mancha feia para as companhias internacionais".
Na avaliação de especialistas, como eventuais sanções por parte dos governos europeus poderiam levar a questionamentos na Organização Mundial do Comércio (OMC), não seria surpresa se esses governos apoiassem o movimento de boicote, ainda que não publicamente.
"Os produtores agrícolas europeus podem fazer apelos junto aos consumidores, para que eles não comprem produtos de origem ou feitos com matéria-prima brasileira", ressaltou Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da consultoria Barral M Jorge.
Para o professor e pesquisador sênior de agronegócio global no Insper, o economista Marcos Jank, sob pressão de seus governos, as empresas também podem criar novas restrições para a compra de produtos brasileiros, como a exigência de certificações.
"Os acordos comerciais seguem normas da OMC. Sendo assim, é preciso ter debates e as medidas implantadas afetariam outros mercados. O principal risco para o Brasil, na atual situação, é que as empresas europeias passem a dificultar a entrada de produtos brasileiros em seus territórios, principalmente as commodities."
Maior produtor de soja do Brasil, o ex-ministro e ex-senador Blairo Maggi teme boicote ao setor. "Há uma preocupação com a possibilidade de boicote porque somos concorrentes muito fortes na Europa e dos europeus em outros mercados", disse Maggi.
O empresário acredita que o dano ao meio ambiente não seja tão grave quanto tem sido divulgado, embora admita que não há mais o que discutir sobre o tamanho do estrago em meio ao debate acalorado. "As entidades do agronegócio estão muito preocupadas", afirmou Maggi.
A crise em torno da Amazônia se intensificou justamente no momento em que o consumidor mais quer saber a origem dos produtos que leva à mesa, e exemplos de prejuízos causados por boicotes de consumidores não faltam. Na França, uma marca de sucos estampa com destaque no rótulo que o produto é feito com frutas que não tiveram contato com agrotóxicos. Há alguns meses, a rede de supermercados sueca Paradiset propôs o boicote a produtos brasileiros em função da liberação do uso de agrotóxicos na agricultura.
Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, destaca que está crescendo no mundo uma nova dimensão de barreiras no comércio mundial, chamadas de não tarifárias e com viés protecionista. "É uma forma de barreira não tarifária incluir na agenda questões ambientais principalmente com a visibilidade da Amazônia, usada com grande repercussão na mídia e redes sociais", explicou.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO