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Contando com cerca de 27 mil leitos em sua rede hoteleira, Gramado está às vésperas de ser ocupada por 300 mil visitantes, que chegarão à serra gaúcha para participar da 47ª edição do Festival de Cinema. Considerada uma das mais importantes atrações turísticas da região (só perdendo para o Natal Luz), o evento acontece, neste ano, entre 16 e 24 de agosto, período que promete movimentar intensamente os meios de hospedagens, ruas, lojas, bares e restaurantes da cidade.
Hoteleiros de Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula já percebem o aumento da procura e se preparam para atender à demanda do público, informa o presidente do Sindtur/Serra Gaúcha, Mauro Sales. "A procura é maior, principalmente, nos fins de semana, porque os moradores de cidades vizinhas aproveitam a movimentação para desfrutar das diversas alternativas de lazer que os destinos da Serra oferecem", comenta o dirigente.
Segundo Sales, a ocupação hoteleira prevista para os dois fins de semana do evento já está acima de 85% em toda a região. "De segunda a sexta-feira, também esperamos um bom fluxo (acima de 50%), nesse caso, mais concentrado em Gramado, onde ocorre o festival." Além da Rua Coberta se transformar em um tapete vermelho, por onde passam atores, diretores e produtores da sétima arte, a cidade-sede do evento "ferve" com festas paralelas, comenta Sales. "Todo o trade se beneficia", destaca o dirigente. O número de turistas que passam pela cidade é oito vezes maior que a população local, de aproximadamente 35 mil habitantes.
De acordo com dados do Sindtur/Serra Gaúcha, o Festival de Cinema gera incremento de 20% em relação a julho nas vendas de agências, operadoras, restaurantes, hotéis, lojas de roupas e de souvenirs e chocolates. "O público do festival gera sempre um bom incremento para a região, que conta com boa gastronomia e muitas opções de passeios, além de disponibilizar uma boa estrutura de serviços e grande variedade de museus e parques", avalia o presidente da entidade. Ele destaca que, se comparado a uma semana "comum" para o comércio, o faturamento gerado ao trade com a passagem de turistas do festival pela Serra chega a 70%. "O impacto é muito bom", ressalta.
Entre as atrações turísticas ligadas à cultura, em Canela, o Museu dos Beatles convida a viajar pelo universo da banda, através de um tour cronológico e geográfico pela vida e obra dos integrantes. No espaço, o visitante tem acesso a mais de mil itens, que vão desde material discográfico (como LPs, K-7s, DVDs, CDs e magazines), revistas, livros, instrumentos e figurinos, entre outros. "Lá, o visitante terá a oportunidade de entender a importância e o legado da banda na música e no cotidiano do mundo todo", observa Sales. "Já para quem gosta de fazer compras, o comércio de Gramado tem uma estrutura muito interessante", sugere.
Contando com um setor gastronômico organizado para o receptivo (com direito a cardápio em braile), Gramado tem investido na acessibilidade também nos espaços públicos. A cidade oferece transporte adaptado e possui rampas para cadeirantes nos passeios públicos. A grande maioria das atrações turísticas de Gramado está preparada para receber pessoas com alguma necessidade especial, a exemplo do Museu do Automóvel - Hollywood Dream Cars, Dreamland Museu de Cera, Museu Harley Moto Show, Salão Super Carros, Mundo Encantado, entre outros.
Diversidade de produções marcará o evento, que tem recorde de inscritos
Cenário não é favorável, mas festival está preparado para enfrentar obstáculos, diz Néspolo
MARCELO G. RIBEIRO/JC
"Para esta edição do Festival de Cinema, tivemos a maior inscrição (1.100) de filmes dos últimos anos (se não for a maior da história do evento), em todas as categorias", comemora o presidente da Gramadotur (autarquia municipal responsável pelo evento), Edson Néspolo. Ele afirma que, em 2019, o evento se caracteriza pela diversidade de produções, mescla de filmes autorais com títulos de maior apelo comercial, "resistência em meio a uma conjuntura adversa", fôlego e investimentos "superiores" à edição passada. Serão exibidos 19 longas-metragens em competição e 34 curtas, entre Mostra Gaúcha e Nacional, além de mostras paralelas, exibições especiais, debates e discussões sobre o mercado audiovisual. "Onde esses filmes teriam espaço e poderiam ser exibidos? Gramado é uma ilha", destaca, referindo-se ao alcance e à representatividade do festival diante da conjuntura nacional "adversa" para o setor.
Com a queda da produção cinematográfica na época do governo Collor que acabou com as poucas instituições cinematográficas brasileiras e com a extinção da Embrafilme, o festival passou por uma reformulação, ampliando a competição para produções da América Latina. "Depois de passada essa tempestade, no período de Fernando Henrique Cardoso, os filmes nacionais voltaram a competir novamente separadamente das produções latinas", comenta o diretor de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado (Sedetur), Alexandre Romano, lembrando que, devido à importância do evento, a pasta trabalha na divulgação do Festival de Cinema durante todo o ano.
"Ainda que o cenário do País não seja favorável, com festivais importantes transferidos ou até cancelados, o Festival de Cinema está preparado para enfrentar as diversidades", aponta Néspolo. "Com o orçamento de R$ 4 milhões, similar ao do ano passado, incluindo recursos que serão captados através das Leis Rouanet e LIC - Federal e Estadual - de incentivo à cultura, verbas diretas de patrocinadores e do aporte de recursos diretos da Gramadotur, foi possível manter a estrutura e garantir o padrão e qualidade que já são tradição no nosso festival e que muito nos orgulha." Neste ano, o evento oferece mais de 20 atividades acessíveis para pessoas com necessidades especiais, que contarão com tradução em libras, audiodescrição e legenda descritiva closed caption.