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turismo

- Publicada em 01 de Agosto de 2019 às 11:37

Muralha da China: onde pessoas de todo o mundo se encontram

Placa com ditado atribuído a Mão Tse-Tung desafia visitantes a fazer o percurso

Placa com ditado atribuído a Mão Tse-Tung desafia visitantes a fazer o percurso


FOTOS PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Na entrada da grande muralha da China, em Ju Yongguan, distante 40 quilômetros de Pequim, uma frase gravada em mandarim em uma placa de pedra branca - e atribuído a Mao Tse-tung, o grande comandante da fundação da República Popular da China em 1949 - diz: “Quem nunca escalou a grande muralha, não é homem de verdade”.
Na entrada da grande muralha da China, em Ju Yongguan, distante 40 quilômetros de Pequim, uma frase gravada em mandarim em uma placa de pedra branca - e atribuído a Mao Tse-tung, o grande comandante da fundação da República Popular da China em 1949 - diz: “Quem nunca escalou a grande muralha, não é homem de verdade”.
Com essa provocação, só resta a quem chega à região montanhosa, no distrito de Changping, embarcar na travessia da Great Wall, uma das sete maravilhas do mundo, com seus 21,2 mil quilômetros de extensão. A grande fortaleza começou a ser erguida antes de Cristo e foi concluída e reformada até 1600 na dinastia Ming e é um monumento da humanidade que todo habitante do planeta deveria conhecer.
Escalar, seguindo o desafio do líder comunista chinês, mais ou menos degraus, na subida íngreme e ainda sob o sol forte e a temperatura chegando aos 40°C no começo de agosto, talvez seja até uma questão secundária. Ao longo da trajetória, o mundo se encontra, e este pode ser o grande valor do traçado. São turistas que saíram da Austrália, Coreia do Sul, Tanzânia, Etiópia, Rússia, Alemanha, Brasil e de diversos cantos da China. A muralha que serviu para guarnecer impérios une agora os povos.
“Isso é o mais legal, você vai conhecendo o mundo ao subir os degraus”, definiu a jornalista do site 247 Gisele Federicce, que participa de imersão no país a convite do governo chinês. Ela faz parte do mesmo grupo do qual o Jornal do Comércio está participando, e que tem ainda profissionais de cinco países da África que falam português.
Pelo caminho de pedra que vai cingindo a cadeia de montanhas, muitos escaladores param para tomar fôlego. Os degraus testam a forma física. No começo, eles são mais baixos, de 15 a 20 centímetros, mas depois quase dobram de altura. A aventura fica mais difícil quando a escada quase se inclina a 60 graus ou mais. É preciso se apoiar nos corrimãos que estão dos dois lados dos muros.
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“É maravilhoso aqui, a vista é demais”, exclama Harmony

A jovem australiana Harmony Rook, 18 anos, primeira vez pisando no patrimônio da humanidade, sentou sob uma nesga de sombra. “Parei para descansar, depois vou continuar a subir. Faço o caminho do meu jeito, passo a passo”, conta a garota, que tem o rosto bem avermelhado pelo sol implacável. “É maravilhoso aqui, a vista é demais”, exclama Harmony.
A jornalista brasileira Fabiana Ceyhan, editora do site Brasília in Foco, subiu três trechos da escadaria e decidiu voltar. Para Fabiana, já estava bom. “Subimos uma quantidade boa de degraus, tá bom assim, e tem a descida que é um pouco amedrontadora”, admite Fabiana.
Pelo caminho, uma senhora sobe 10 lances e para, senta, respira, bebe água. Depois de alguns minutos, ela retoma o plano de subir até onde conseguir. “Tenho 65 anos”, anuncia a quem passa e lança um olhar de compreensão e apoio. “Não vou desistir!”
A repórter do JC também passou sufoco. Sentiu a altura a cada degrau, e, enquanto conversava com quem cruzava o caminho, com exceção dos chineses que não entendem ou falam inglês - mas são de uma simpatia e simplicidade a perder de vista -, foi absorvendo o desafio de encarar a muralha registrando a experiência alheia.
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Garrafas plásticas vazias são abandonadas no chão da trilha

Antes de seguir com mais histórias, uma parada para registrar um ponto negativo. Muitas garrafinhas plásticas vazias são deixadas pelo caminho. Não há lixeiras ao longo da trilha, apenas em refúgios que estão em alguns trechos, mas isso não é desculpa para descartar as garrafas no chão. Não custaria nada se o turista guardasse na bolsa para dispensar o plástico na lixeira ao chegar ao ponto de partida, onde há uma loja, lancherias e banheiros.

Alerta global ao longo da subida

Jovem sul-coreana abre faixa com alerta: Poupe energia. Salva a Terra

Jovem sul-coreana abre faixa com alerta: Poupe energia. Salva a Terra


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Uma das cenas mais inusitadas ocorreu logo após o primeiro forte do trecho. Uma menina e um homem mais velho posavam para fotos com uma faixa aberta. A mensagem estava em inglês: “Salve Energy. Salve Earth”, ou Poupe Energia, Salve o Planeta. Abaixo da frase, uma inscrição em língua oriental acabou dando a pista da origem da dupla. Jinsura Sura-jin, 17 anos, e o pai (o JC não conseguiu o nome dele) são da Coreia do Sul e estavam visitando a muralha pela primeira vez e resolveram deixar um recado para o mundo. O pai da jovem não falava inglês, mas deu a entender que a ideia era chamar a atenção.
A jornalista do Correio Braziliense Nahima Maciel lembrou de exercícios da academia que exigem muito esforço. Ela preferiu parar sob a sombra e deixar a mente viajar pelo horizonte e na história. “Imagina como era para os soldados que tinham de percorrer os 21 mil quilômetros!”
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“É uma medalha por termos chegado ao topo da muralha. Somos heróis”, diz Sahinkuye
Quase no forte oito, máximo que a repórter do JC chegou, mais dois estrangeiros desciam alegres. Era a dupla de advogado que atua na área acadêmica e que participava de um congresso em Pequim. Mathias Sahinkuye, da Tanzânia, e Abebe Assefa, da Etiópia, riam à toa, pois já faziam o caminho de descida e ostentavam medalhas douradas no pescoço que ficavam mais brilhantes com o reflexo do sol. “O que são estas medalhas no pescoço de vocês?”, interpela a repórter. Os dois respondem quase juntos: “É uma certificação”, define Assefa. “É uma medalha por termos chegado ao topo da muralha”, emenda Sahinkuye. “Somos como heróis.”
Sim é medalha, mas não que os dois tivessem exatamente ganho. No topo mais alto do trecho, quem chega pode comprar o artigo e inscrever o nome de vencedor da escalada, campeão da escalada individual. “Mesmo assim continuamos heróis”, brincam os dois.
Uma mulher que descia um pouco antes da dupla também levava uma medalha no pescoço e mostrava um sorriso de vitoriosa. “Eu ganhei”, comemorou. “Ganhou mesmo?”, questionou a repetir. “Eu comprei (risos), mas não tem problema, fui vendedora por subir.” O líder Mao Tse-tung certamente diria: “esses são homens e mulheres verdadeiros!”

Dicas para a escalada

Caminho de pedra vai cingindo a cadeia de montanhas com degraus que testam o fôlego dos visitantes

Caminho de pedra vai cingindo a cadeia de montanhas com degraus que testam o fôlego dos visitantes


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
  • Vá com roupas leves e confortáveis e para proteção, dos pés à cabeça. Use chapéu com abas. Passe bloqueador solar.
  • Não pode faltar água na bolsa.
  • Faça a subida dentro do ritmo, se não tiver fôlego, vá parando, é bem normal.
  • Planeje o que pretende fazer. A primeira vez pode ser mais de descoberta, volte mais vezes.
  • Limpe a galeria de imagens do smartphone ou descarregue as fotos da máquina. Ao subir, você vai querer tirar fotografias e fazer vídeos a todo momento.
  • Exercite a simplicidade e colaboração. As pessoas estão muito abertas a conversar, pedir para fazer foto ou para tirar de quem pedir.
  • Utilize os corrimãos nas duas laterais para se apoiar na subida e descida, isso ajudará quem tem problema com altura ou até a ter mais força.
  • Não fique pelo caminho, sempre tem gente subindo ou descendo e alguns trechos são estreitos.
  • Tem lojinha e lancheria no área do começo da subida. Alguns itens são mais caros que os preços normais, mas se trata de um ponto extremamente turístico. Bom é levar na mochila um lanche, com frutas e água.
  • Leve um dinheirinho para comprar alguma lembrancinha que tenha referência da muralha, como imãs de geladeira. O mais barato e bem bonitinho custa 10 yuans ou R$ 5,00 a R$ 6,00.
  • O valor do ingresso é de 37 yuans na alta temporada, de R$ 17,00 a R$ 18,00.