Um desempenho tímido da economia do Brasil em 2019, mas preparando o terreno para um incremento maior nos próximos, é a previsão do consultor econômico da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas. O analista considera que o País se encontra em um momento de transição, com uma expectativa de elevação de PIB na ordem de 0,9% para este ano, sendo que o maior aquecimento econômico acontecerá a partir de 2021, com uma perspectiva de aumento de 3%. Para 2020, o integrante da Acrefi espera um incremento de 1,9%.
No começo do ano, lembra o consultor, as projeções do Boletim Focus para o desempenho do PIB eram de 2,5% e da Acrefi 3,0%. "Nunca vi dentro da realidade brasileira uma deterioração de expectativa tão rápida", ressalta. Tingas argumenta que quando há um otimismo muito elevado, acaba se exagerando nas previsões. Para o consultor, dificuldades políticas e de começo de gestão atrapalharam a recuperação da economia, além da espera do desdobramento da reforma da Previdência, gerando uma estagnação de curto prazo. "Infelizmente, não tem resposta curta, existe uma resposta na direção correta, tentando reduzir o tamanho do Estado", frisa.
Tingas acrescenta ainda que, com o Cadastro Positivo (que demonstra o histórico de pagamentos da pessoa), a relação crédito/PIB poderá aumentar dos atuais 47% para algo como 70% a 80% em alguns anos. De acordo com a Acrefi, o crédito total no sistema financeiro nacional deve crescer na ordem de 7% neste ano e para o crédito com recursos livres (pessoa física) a estimativa é de incremento de 12%. Tingas participou na quinta-feira de evento para debater o cenário econômico realizado no Hotel Sheraton, em Porto Alegre.