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Economia

- Publicada em 19 de Julho de 2019 às 18:40

Rejeitada para vaga de mecânica, jovem cria curso na área e forma mais de 2 mil mulheres

Tainná (em pé) conta com Márcia para as novas investidas do Mulher Não Fica Empenhada

Tainná (em pé) conta com Márcia para as novas investidas do Mulher Não Fica Empenhada


INSTITUTO BESOURO/DIVULGAÇÃO/JC
Quando fez o curso técnico de mecânica automotiva em 2017 na Fundação Pão dos Pobres, em Porto Alegre, Tainná Santos era a única mulher entre 24 alunos e conta que sentiu dia a dia o preconceito dos colegas por estar 'invadindo' um território tradicionalmente masculino.
Quando fez o curso técnico de mecânica automotiva em 2017 na Fundação Pão dos Pobres, em Porto Alegre, Tainná Santos era a única mulher entre 24 alunos e conta que sentiu dia a dia o preconceito dos colegas por estar 'invadindo' um território tradicionalmente masculino.
Ao se candidatar pela primeira vez a um emprego de mecânica depois de obter o diploma, percebeu que o páreo não ia ser fácil. Além de ouvir do responsável que não eram aceitas mulheres para a vaga, o homem ainda deu um conselho: "se quisesse trabalhar ali, poderia me habilitar à vaga de atendente ou na área de Recursos Humanos."
Indignada depois de levar tantos 'nãos' e disposta a atuar na profissão que escolheu, Tainná decidiu que criaria seu próprio negócio e ainda para enfrentar a barreira de gênero. Foi aí que surgiu o Mulher Não Fica Empenhada, que promove cursos de mecânica automotiva para o segmento feminino. Os cursos buscam ensinar procedimentos básicos da mecânica, com aulas teóricas e práticas.
No começo, a empreendedora alugava salas para poder dar as orientações e usava o carro que conseguisse para mostrar a prática. Depois começou a surgir a demanda de empresas, para levar a informação às funcionárias. Muitas promovem a ações em meses como março, que tem o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Em menos de dois anos, mais de 2,1 mil inscritas passaram pelo Mulher Não Fica Empenhada, garante a fundadora.
“Vejo minhas alunas assustadas. Muitas vezes, mulheres confiam em mecânicos que inventam nomes de peças e cobram valores absurdos por procedimentos simples”, relata Tainná. São quatro a seis turmas por mês. Tem conteúdo teórico e depois prático, para colocar a "mão na massa", diz. "Mostro os tipos de peças, a troca de óleo e de fluido do freio e quando tem de substituir os pneus", descreve a fundadora dos cursos.
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Empresa do parque tecnológico da Unisinos contratou Tainná (abaixada) para dar aulas a funcionárias 

As empresas disponibilizam mais de um modelo de carro para atender à diversidade das alunas e ainda há espaço para bate-papo para responder dúvidas. "Quero que elas se sintam bem à vontade", preocupa-se Tainná, que está empolgada com o interesse do mercado e já tem novas frentes de atuação.
O Mulher Não Fica Empenhada terá novidades a partir de agosto, tanto em perfil de formação como em mercados. Tainná explica que começará a ofertar módulos de ensino para que alunas possam ter mais conteúdo para obter cerificado e atuar na área. Um módulo com duração de três meses pode custar R$ 3,5 mil (lições sobre freios ABS) a R$ 5,9 mil, para aprender a desmontar e montar motor. A empreendedora diz que tem muitos inscritos. 
Ela só está tendo dificuldade em contratar mulheres para dar as aulas, revela. "Preciso de quatro instrutoras e está sendo muito difícil encontrar candidatas", admite. “Quero que quem for conviver com minhas alunas entendam que elas passam por dificuldades na mecânica automotiva, mas que são capazes de compreender e realizar essas atividades. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser”, valoriza.
"Penso nas dificuldades por que passei. Recebi tanto não que resolvi abrir o meu negócio, mas posso ajudar outras mulheres a ter a formação para atuar e que possam ser aceitas. Na verdade, minha ideia original era abrir uma mecânica só com mulheres, mas vi que os cursos tinham mais público", conta.
Mais duas frentes estão sendo abertas. Os cursos devem ser levados à Argentina, em parceria com uma empresa local que atua com contratação em construção civil e com mulheres no quadro e aposta no potencial de trabalho também na área da mecânica, explica a empreendedora. Empresas de São Paulo estão contratando os cursos para levar às suas funcionárias. Com isso, Tainná deve ficar entre Alvorada, onde reside na Região Metropolitana, e a capital paulista. Para conseguir administrar a nova fase, Tainná conta com a ajuda de Márcia Carolina Quadros, que é sua companheira.
O Mulher Não Fica Empenhada também participou do programa Inova Jovem, iniciativa da Secretaria Nacional da Juventude, do governo federal, e Instituto Besouro, que já beneficiou mais de 2,1 mil de jovens que vivem nas periferias do Brasil. O GEM (Global Entrepreneurship Monitor), divulgado em fevereiro passado, apontou que 22% dos empreendedores do Brasil têm entre 18 e 22 anos, faixa em que Tainná estava quando decidiu montar seu negócio.
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