Representantes dos nove maiores partidos da bancada gaúcha na Câmara Federal participaram do encontro Tá Na Mesa, promovido ontem na sede da Federasul, para debater a Reforma da Previdência. Defendendo a proposta e a inclusão de estados e municípios na reforma, a presidente da entidade, Simone Leite, abriu o debate justificando que "muitos deputados gaúchos estão indecisos, outros dão apoio parcial e outros são contrários (ao projeto atual da reforma)." A dirigente ainda afirmou que, no seu ponto de vista, "a Reforma não gera prejuízos aos trabalhadores" e somente a partir daí é que o País poderá sair "da grave crise, retomar a confiança e ter novos investimentos".
Na contramão da fala de Simone, o deputado estadual Pepe Vargas (PT) sublinhou que o partido não pode apoiar "uma reforma que retira direitos dos trabalhadores". "O texto apresentado pelo governo federal desmonta o sistema de seguridade social do Brasil", destacou. "Nos moldes propostos, sequer garante a estabilidade ao sistema previdenciário, uma vez que a transição para um regime de capitalização individual custará trilhões de reais, superando a economia que eles dizem que irão (de R$ 1,1 trilhão) obter retirando o direito dos mais pobres (em 80% dos casos)."
O presidente estadual do PDT, Vanderlei Pompeo de Mattos, também se posicionou contrário à proposta do governo federal. "Não vejo porque fazer alguns ajustes e correções na Previdência, mas o atual texto é um exagero", advertiu. "Temos claro que 82% desta reforma está saindo do Regime Geral, atingindo os que ganham R$ 1.370,00 de aposentadoria, e essa conta não pode ser do povão, enquanto sabe-se de bancos e grandes empresas que estão devendo para o governo e não pagam."
Ao destacar que "essa reforma" começou a ser encaminhada ainda no governo do ex-presidente, Michel Temer, o deputado estadual Gabriel Souza (MDB) disse que "o rombo da Previdência hoje coloca em risco o futuro das próximas gerações do País". O parlamentar ponderou que o partido apoia o atual projeto, "mas com algumas ressalvas", especialmente na Aposentadoria Rural e no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Representando o PSL, o deputado Valdir Pereira afirmou que a sigla estadual "apoia integralmente o projeto do presidente Jair Bolsonaro". "Estamos trabalhando para tirar o País do buraco no final da próxima década", opinou Pereira, ponderando que entende que o texto deve mexer em todas as categorias, de forma que "os que ganham mais paguem mais e os que ganham menos paguem menos".
Guilherme Enck, presidente do Novo-RS, foi categórico ao afirmar que a aprovação da nova legislação previdenciária está diretamente ligada com a retomada do crescimento e de investimentos no País. " Devemos ter a consciência de que em uma década, se caso esta reforma não passar, a União estará com 80% de seu orçamento comprometido com o pagamento de segurados do INSS. Não podemos concordar que o mais pobre transfira renda para um segmento abastado, como é o que abrange o setor público", disse Enck.
O presidente do Progressistas no Estado, Celso Bernardi, fez questão de criticar que se os governos tivessem priorizado o tema há duas décadas, a situação seria diferente, e a negociação, mais fácil. "É preciso o equilíbrio das contas públicas. Esse não é um tema apenas da sociedade, mas dos servidores públicos, que são parte da solução. Previdência é justiça social", disse Bernardi.
Mário Bruck, que comanda o PSB-RS, afirmou que o partido tem questão fechada: "Somos contra", sentenciou. Para ele "é preciso desmitificar o tema e melhorar a comunicação. Pontos específicos merecem ser aperfeiçoados. Um dos principais problemas de nosso País está na canalização dos recursos públicos para custear o sistema financeiro, dominado por 5 bancos", criticou Bruck.
O partido do governador Eduardo Leite, o PSDB, foi representado pelo deputado Mateus Wesp. Para os tucanos, há necessidade de estados e municípios entrarem na reforma. "Não temos tempo e capacidade de acumular mais de 5 mil regimes de previdência, além de levar o mesmo tema para debate nas Assembleias estaduais", disse.
Prefeito de Canoas e presidente do PTB, Luiz Carlos Busatto, afirmou que a Reforma é "super necessária". "Defendemos o retorno dos estados e municípios à PEC. Esse tema é uma questão social; de justiça e igualdade", disse ele.