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Varejo

- Publicada em 04 de Junho de 2019 às 21:55

Vendas de artigos de frio ainda não decolam

Consumidores gaúchos ainda estão com pé atrás na economia brasileira e evitam compras por impulso

Consumidores gaúchos ainda estão com pé atrás na economia brasileira e evitam compras por impulso


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A expectativa dos comerciantes de roupas e calçados da Capital era de que a chegada do inverno promovesse uma melhora mais agressiva nas vendas do varejo. No entanto, nem mesmo a queda das temperaturas nas últimas duas semanas foi capaz de impulsionar o segmento, uma vez que os consumidores ainda estão pouco confiantes na hora de abrir a carteira. Quem tem ido às ruas e shoppings de Porto Alegre em busca de agasalhos para o período está evitando comprar por impulso.
A expectativa dos comerciantes de roupas e calçados da Capital era de que a chegada do inverno promovesse uma melhora mais agressiva nas vendas do varejo. No entanto, nem mesmo a queda das temperaturas nas últimas duas semanas foi capaz de impulsionar o segmento, uma vez que os consumidores ainda estão pouco confiantes na hora de abrir a carteira. Quem tem ido às ruas e shoppings de Porto Alegre em busca de agasalhos para o período está evitando comprar por impulso.
"Tem que pesquisar muito, pois os preços estão com grande diferença de uma loja para a outra, no mesmo produto, modelo e marcar", comenta a dona de casa Iolanda Dutra, 59 anos. Ontem pela manhã ela circulou pelo Centro de Porto Alegre em busca de uma bota para o inverno. "Comprei umas calças e camisetas térmicas para minha mãe esta semana, mas só por necessidade, porque a diferença de preço está exorbitante", continua Iolanda, destacando que "tem batido perna" para encontrar as melhores ofertas.
Depois do desempenho fraco no ano passado, em cenário de incertezas políticas e econômicas, os lojistas estavam apostando que, com novo governo, a melhora das vendas do comércio ocorreria "de forma mais abrupta", observa a diretora-geral das Lojas Gang, Ana Luiza Ferrão. "O consumidor está um pouco mais confiante, no entanto ainda em passos lentos", admite. A marca investiu em uma coleção outono/inverno com peças que misturam xadrez, camuflado, animal print e neon. "São looks que estão vendendo bem, principalmente nos últimos dias, com a chegada do frio."
Ana Luiza observa que em maio, apesar de vender bem, a loja não alcançou o crescimento previsto. "Mas se continuar assim é possível que se atinja a expectativa de crescer em 10% frente ao mesmo período no ano passado", pondera a diretora-geral da Gang. Ela comenta que a empresa busca implementar uma "moda assertiva" para o público alvo (jovens entre 13 e 20 anos), mas observa que o "clima está muito peculiar". "Ainda que a nossa qualidade e estratégia tenham ajudado nas vendas de moletons e casacos, só quando realmente esfria é que os consumidores se dispõem a comprar."
Além de só sair para comprar quando esfria, a estudante Luana Dumerque, 17 anos, comenta que também procura conciliar preço e qualidade ao escolher uma roupa de inverno, "porque em geral são produtos mais caros". Na manhã desta terça-feira, ela circulou pelas lojas do Centro atrás de abrigo, moletom e jaqueta. "Encontrei umas peças com 30% de desconto e acho que vou investir", comenta. Na loja Maria da Praia, a vendedora responsável pela filial da Rua dos Andradas, Gabriela Martins, sublinha que o fluxo de consumidores no Centro da cidade está fraco. "Nosso estoque está bem abastecido de jaquetas, calças, blusas de lãs e tricôs, e inclusive estamos com ofertas. Agora a expectativa é de que a saída aconteça."
Destacando que o ano passado foi de dificuldades na economia "como um todo", sócio-diretor da Lojas Calci, Antonio Carlos Diel afirma que, apesar disso a rede de franquias tem crescido dois dígitos a cada estação. "Para nos programarmos, pesquisamos o clima, e vimos que inverno não seria tão rigoroso; e também estivemos atentos às mudanças de comportamento do consumidor", declara Diel. "Em vista disso, estamos ofertando os produtos adequados, com adequação do mix, investindo em tênis casual para mulheres e sapatênis para os homens." Ao destacar que já estava prevista a baixa procura por botas, Diel comenta que a demanda pelos produtos ofertados está boa, independente do frio." A expectativa é de crescer 20% frente ao inverno passado.
"Em maio, batemos a meta do mês, e agora que esfriou estamos vendendo muito bem", concorda a supervisora da Vanilla, Aracheine Fagundes. A loja de roupas de festa e artigos de luxo apostou em coleção com peças de couro e tricot, entre outras, assinadas por estilistas conceituados no mercado. "Como inauguramos a segunda loja na Capital, este ano a expectativa é de crescer pelo menos 20% em relação ao mesmo período no ano passado", observa Aracheine. Ela detalha que o estoque "não está lotado". "Primamos pela exclusividade das peças, e estamos sempre recebendo novidades, para mulheres que gostam de se vestir com elegância, por um preço bacana."

Comércio aposta nos juros baixos para estimular o consumo

O presidente da CDL Porto Alegre, Alcides Debus confirma que em função da ausência de temperaturas mais baixas, as vendas têm ficado no mesmo patamar do ano anterior. "No último dia de maio e nos dois primeiros dias de junho a frente fria promoveu um aumento interessante no movimento das lojas. Porém, dependemos de mais frio para podermos comemorar." De acordo com o dirigente, em vista do inverno fraco e da liquidação antecipada de algumas redes no início de junho de 2018, este ano o comércio não apostou muito em estoques elevados para a estação. "O dólar alto também não favoreceu as importações de produtos para o inverno."
"A manutenção de juros baixos e a aprovação das reformas mais importantes do governo, certamente trarão um novo ânimo ao consumidor no segundo semestre deste ano", avalia Debus. O presidente da CDL-POA destaca que o varejo "depende muito" da oscilação da temperatura e, também, do tempo seco "para que o consumidor circule e possa consumir de forma mais tranquila". "Porém, fatores macroeconômicos, como aprovação da Reforma da Previdência, certamente irão elevar o nível de confiança para o consumo", reforça. Para o dia dos Namorados, o setor estima resultado não muito superior ao ano anterior.