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Agronegócios

- Publicada em 03 de Junho de 2019 às 21:46

País suspende venda de carne bovina à China

Direcionamento do produto para o Estado deve baratear preços

Direcionamento do produto para o Estado deve baratear preços


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
A confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, também conhecida como Mal da Vaca Louca, no Mato Grosso, levou o Ministério da Agricultura a suspender temporariamente, ontem, as exportações de carne bovina para a China. A medida ocorre pouco tempo depois de a ministra Tereza Cristina retornar de missão à Ásia, onde uma das prioridades era justamente a abertura do mercado chinês à carne bovina brasileira, assim como do mercado japonês. A confirmação da doença no Mato Grosso foi feita na última sexta-feira, dia 31 de maio.
A confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, também conhecida como Mal da Vaca Louca, no Mato Grosso, levou o Ministério da Agricultura a suspender temporariamente, ontem, as exportações de carne bovina para a China. A medida ocorre pouco tempo depois de a ministra Tereza Cristina retornar de missão à Ásia, onde uma das prioridades era justamente a abertura do mercado chinês à carne bovina brasileira, assim como do mercado japonês. A confirmação da doença no Mato Grosso foi feita na última sexta-feira, dia 31 de maio.
O problema surge justamente em um período propício para a ampliação da presença da carne bovina brasileira no mercado chinês. Isso porque a ocorrência de peste suína africana (PSA) na China vem colaborando para impulsionar os embarques de carnes em geral para o país, tanto em volume como em faturamento. Em valores, a China comprou o equivalente a US$ 2,285 bilhões em carnes bovinas do Brasil em 2017 e U$ 2,924 em 2018, segundo levantamento do Departamento de Economia da Federação da Agricultura do Estado a partir de dados do Ministério da Agricultura/Agrosat. Foram 717 mil toneladas exportadas para China e Hong Kong no ano passado, ante cerca de 570 mil toneladas em 2017.
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Agricultura do Brasil, a suspensão adotada pelo próprio governo brasileiro é fruto de um "sistema protocolar e medida protetiva prevista em documento que atende acordo assinado por Brasil e China em 2015". A suspensão, segundo o ministério, "não ocorre devido a presença efetiva da doença no Mato Grosso ou por um problema maior, mas em um caso isolado e atípico". A expectativa do governo federal é que o embargo seja curto e levantado pelo próprio governo chinês, que já está de posse de documentos entregues para embaixada do Brasil em Pequim. Uma das dúvidas do mercado, porém, é se o caso poderá ou não levar outros mercados internacionais a recusarem a carne brasileira, mesmo que temporariamente.
Ainda segundo a assessoria do ministério, as negociações para abertura do mercado chinês à carne bovina brasileira seguem em curso e inalteradas. O ministério ressaltou ainda que o registro da doença no Mato Grosso não altera em nada o status internacional sanitário brasileiro. Referente a presença da chamada doença da Vaca Louca, o risco segue sente insignificante, já que é um caso atípico e já controlado.
Para presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, hoje há apenas um frigorífico gaúcho efetivamente exportando para a China. Gedeão, que também é diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esteve na missão que visitou a China com o intuito de ampliar esse mercado para as carnes bovinas brasileiras.
De acordo com o presidente da Farsul, apesar de a Marfrig ter duas plantas habilitadas a embarque de carne ao gigante asiático, a unidade de Alegrete não o faz por falta de animais para abate, ficando apenas a produção de Bagé voltada ao mercado chinês. Ainda que as exportações gaúchas para a China não sejam tão expressivas, também vinham em crescimento, de US$ 53,5 milhões em 2017 para US$ 79,1 milhões. Para o Rio Grande do Sul, diz Gedeão, o impacto mais visível dessa suspensão pode ser o ingresse de mais carne do Centro-Oeste para cá. "Se isso realmente ocorrer, haverá excesso de oferta de carne bovina no Rio Grande do Sul e a consequente queda nos preços ao produtor e consumidor, já que o Centro-Oeste já manda tradicionalmente carne para cá e poderia aumentar esse volume", avalia Gedeão. O presidente da Farsul avalia, porém, que o fato de ser um único caso em um animal velho (a vaca doente tinha 17 anos), reduz a possibilidade de danos maiores ou prolongados às exportações brasileiras. "Por acordo, nós apenas exportamos carne bovina para a China a partir de animais abatidos com no máximo 30 meses", destaca Gedeão.

Entenda o caso

  • A presença da doença no Mato Grosso foi confirmada no dia 31 de maio pela Secretaria de Defesa Agropecuária do caso foi registrado numa vaca de corte de 17 anos. O animal foi abatido e teve o material de risco de contaminação retirado e incinerado no próprio matadouro. Os produtos derivados da vaca foram identificados e apreendidos preventivamente.
  • Com as medidas preventivas tomadas, a pasta descarta o risco de a doença passar para a população porque não houve ingresso de nenhum resíduo do animal na cadeia alimentar de humanos e de ruminantes.
  • O Ministério da Agricultura reiterou que a doença, na variedade atípica, ocorre de maneira aleatória, espontânea e esporádica, sem estar relacionada à ingestão pelo animal de alimentos contaminados.
  • Após a confirmação do caso o Brasil notificou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e os países importadores.

Brasil exporta mais proteínas bovina, suína e de frango

A ocorrência de peste suína africana (PSA) na China contribuiu para impulsionar os embarques de carnes do Brasil no mês de maio em relação a igual período de 2018, tanto em volume quanto em faturamento. As proteínas bovina, de frango e suína registraram saltos entre 10% e 42% em volume e entre 10% e 58% em receita no mês passado ante maio de 2018. Com milhões de suínos doentes descartados no continente asiático por causa da PSA, a tendência é de que os embarques continuem em alta ao longo do ano. Em comparação com abril deste ano também houve crescimento, principalmente em relação à carne suína brasileira. Os dados de exportação de proteína animal pelo Brasil referentes ao mês de maio foram divulgados pela de exportação Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia e consideram 21 dias úteis.
As vendas externas de carne suína in natura alcançaram 58,1 mil toneladas, alta de 41,7% ante as 41 mil toneladas embarcadas em maio de 2018 e 13,92% maiores quando comparadas ao total de 51 mil toneladas registrado em abril. A receita somou em maio US$ 131,6 milhões, avanço de 58,55% ante igual mês do ano passado, de US$ 83 milhões, e 19,31% superior aos US$ 110,3 milhões de março.
Os embarques de carne bovina in natura somaram 121 mil toneladas, crescimento de 33,7% ante as 90,5 mil toneladas enviadas ao exterior em maio do ano passado. Já em relação a abril, o resultado representa avanço de 10,2%. Em receita, foram obtidos US$ 470 milhões, avanço de 23,85% ante os US$ 379,5 milhões de um ano antes e de 13,06% na variação mensal.
As exportações de carne de frango in natura atingiram 345,9 mil toneladas, volume 9,95% maior que as 314,6 mil toneladas vendidas em maio de 2018. Na variação mensal, houve alta de 10,83% ante as 312,1 mil toneladas registrados em abril. O faturamento somou US$ 588,3 milhões, 22,38% superior aos US$ 480,7 milhões registrados em igual período de 2018, e 17,85% maior ante a receita de US$ 499,2 milhões de abril.
Nos cinco primeiros meses de 2019, as vendas de carne bovina totalizaram 567,2 mil toneladas, ante 479,6 mil toneladas em igual período do ano passado ( 18,27%). Já o faturamento ficou em US$ 2,143 bilhões este ano, valor 9,44% maior que o total de US$ 1,958 bilhão obtido entre janeiro e maio de 2018.