Motoristas fizeram fila nos postos na manhã desta quinta-feira para tentar abastecer com gasolina de valor reduzido, a R$ 2,50 o litro. A ação fez parte do Dia da Liberdade de Imposto, que pretende conscientizar a população sobre a quantidade de tributos presentes no valor do combustível e teve a participação de 27 postos no Estado.
Em Porto Alegre, sete estabelecimentos aderiram à campanha. A quantidade liberada foi de 20 litros por pessoa. No posto Pegasus, na avenida Ipiranga, 50 fichas foram distribuídas desde às 7h e uma fila formou-se dando volta na quadra. Os passes logo se esgotaram.
De acordo com o presidente da Associação da Classe Média (Aclame), Fernando Bertuol, a ação é um alerta à população que, muitas vezes, paga caro nos impostos sem saber para onde os mesmos são destinados. O valor estabelecido poderia, inclusive, ser mais baixo, mas foi determinado em R$ 2,50 para facilitar a compra e evitar o troco. Em valor, a economia garantida foi cerca de R$ 44,00.
"Não queremos que não se pague imposto, mas o Brasil é 13º país em arrecadação e ocupa a 30ª posição na devolução ao cidadão. O Estado tira bastante e devolve pouco. Gasta pra si e não gasta para nós", questiona Bertuol. Conforme o gestor, muitos motoristas vão até os postos só pelo combustível mais barato e ressalta a importância de se discutir a carga tributária.
Bertuol diz que o ICMS é o que representa o maior peso na carga tributária. "O Estado cobra 30% sobre o preço da bomba (não do produto), que chega a R$ 4,70, variando de acordo com o dólar e o mercado exterior. O número de impostos é muito elevado", expõe, citando ainda outros encargos como PIS/Confins, ISS e IPTU.
"O posto é um mero repassador da questão tributária e se encontram no final da cadeia", afirma o presidente da Sulpetro, João Carlos Dal'Aqua. De acordo com o dirigente, a retirada de impostos por um dia é importante para dizer ao consumidor que ele sofre com a carga tributária. Dal'Aqua acredita que os governantes "estão bem intencionados", mas que a estrutura atual de cobrança recai sobre os cidadãos.
Para o motorista de aplicativo Jeferson Peixoto, que fez plantão em frente ao posto desde às 5h da manhã, "a atitude dos proprietários é 'valorosa', mas se as tributações fossem mais justas não precisaríamos dessa esmola", afirma. Peixoto conta que, para driblar a alta dos preços, realiza as corridas e depois estaciona em algum local até que surja uma nova demanda. Com o preço economizado nesta quinta-feira, se fosse no mês, o condutor acredita que poderia ter mais qualidade de vida.