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Conexões de Negócios

- Publicada em 23 de Maio de 2019 às 18:45

Painel debate Indústria 4.0 e sua inserção no Rio Grande do Sul

Evento integrou a programação comemorativa aos 86 anos do JC, fundado em 25 de maio de 1933

Evento integrou a programação comemorativa aos 86 anos do JC, fundado em 25 de maio de 1933


MARCO QUINTANA/JC
Discutir a Indústria 4.0 e sua inserção no Rio Grande do Sul foi o tema do painel Conexões de Negócios promovido pelo Jornal do Comércio, no dia 10 de maio, com o presidente da Abimaq e diretor da Metalwork, Hernane Cauduro, o diretor de Tecnologia e Operações da Novus, Marcos Dillenburg, e o pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica, Vitor Nardelli. O evento integrou a programação comemorativa aos 86 anos do JC, fundado em 25 de maio de 1933.
Discutir a Indústria 4.0 e sua inserção no Rio Grande do Sul foi o tema do painel Conexões de Negócios promovido pelo Jornal do Comércio, no dia 10 de maio, com o presidente da Abimaq e diretor da Metalwork, Hernane Cauduro, o diretor de Tecnologia e Operações da Novus, Marcos Dillenburg, e o pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica, Vitor Nardelli. O evento integrou a programação comemorativa aos 86 anos do JC, fundado em 25 de maio de 1933.
Ao longo de uma hora de debates e questionamentos dos editores, os especialistas abordaram questões como a importância de sensibilizar o empresariado e desmistificar a Indústria 4.0, mostrando que seu uso, por meio de tecnologias digitais, pode aumentar a produtividade das empresas.
Considerada a 4ª Revolução Industrial, a era da Indústria 4.0 tem como característica a descentralização do controle dos processos produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados, completando a cadeia de produção e logística nas indústrias. Para as empresas, a Indústria 4.0 traz a facilidade de realizar a gestão através da concentração das operações e a possibilidade de compartilhamento da gestão. O que aumenta a produtividade da indústria. A grande vantagem da Indústria 4.0 é a possibilidade de prognóstico sobre o comportamento do mercado e do consumidor.
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Conforme  Nardelli, a Indústria 4.0 é um termo que remete a uma iniciativa governamental utilizada na Europa e especialmente na Alemanha. Em 2011, representantes do setor público e privado alemão começaram a discutir o conceito da chamada Indústria 4.0: a quarta revolução industrial que traria a digitalização completa da manufatura, ligando a automação industrial ao uso de máquinas conectadas para fabricação de produtos cada vez mais customizados e baseados em dados analíticos. De uma maneira mais simples, segundo ele, este conceito trata de conectividade e tecnologias. “Neste momento atual essas tecnologias têm ficado mais acessíveis, e podemos perceber como elas estão presentes no nosso dia a dia, a exemplo dos carros, cada vez mais sensoriais. E quando se leva isso para a indústria é preciso conhecer muito bem o processo para se tornar competitivo e eficiente”, disse.
Segundo ele, é necessário primeiro conhecer o processo, que inclui obter mais informações através do sensoriamento, coletar as informações através de dados, e analisar esses dados por meio de um sistema. “Quem entende a importância desse processo vai se tornar mais competitivo e produtivo no mercado. E uma das formas de vencer esse desafio é identificar onde a empresa tem mais potencial para agregar a Indústria 4.0”, alertou.
Para Cauduro, o grande desafio é inserir o empresariado dentro do processo. “No momento estamos na fase de sensibilização, junto com outras entidades, para mostrar aos empresariado a importância de se inserir neste processo de caminhada rumo à Indústria 4.0, desmistificar o conceito e reiterar a produtividade que ela proporciona para a indústria”.
Ele citou um levantamento realizado em 2017 pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o qual revela que se as empresas estivessem inseridas na Indústria 4.0, a indústria de transformação teria um ganho de R$ 73 bilhões durante um ano. Deste montante, 48% seria por conta da redução do tempo de parada de máquinas, de custos de manutenção, sobretudo de estoque e técnicas de reposição, e o segundo maior ganho seria 42% em produtividade em si, com a digitalização dos processos. Além disso, haveria economia de energia de 10%. “Não existe uma receita pronta, é uma jornada pela qual as empresas precisam se inserir e buscar a digitalização dos processos o quanto antes. É necessário identificar em que estágio a empresa está, traçar um plano e seguir nessa condução até chegar lá”, destacou. No setor de máquinas, por exemplo, ele ressalta a importância da evolução tecnológica para oferecer cada vez mais produtividade.
Já Dillenburg relatou que ao longo dos tempos o País vem se desindustrializando e o Rio Grande do Sul vem perdendo relevância na área de tecnologia. Ele sugere que as empresas vejam como oportunidade os momentos de transformação tecnológica e aproveitem esse momento de informação para recuperar uma parte dessa perda. “É preciso sensibilizar o empresariado para tirá-lo de certa forma da inércia. A primeira coisa que deveriam enxergar é que a Indústria 4.0 não é um fim, mas um meio de atingir objetivos maiores”, aconselha. Conforme o especialista, é preciso conhecer o cenário em que a empresa se encontra e como utilizar a Indústria 4.0 da melhor forma. “E aí nós identificamos algumas situações, onde nós temos hoje uma diversidade de produtos, pulverização de mercado e diferença de demandas. Isso é um prato cheio para as diversas tecnologias da Indústria 4.0. O primeiro questionamento do empresariado é qual o playback disso? A Indústria 4.0 não tem playback, você precisará dividir esse processo em fases e em cada fase fazer uma análise. E quando todas as fases apontarem para a direção correta chegará o dia da Indústria 4.0”, disse ele, lembrando que este “um dia” é subjetivo e pode se referir a anos. “Não existe uma fórmula pronta, como dito anteriormente aqui, é fundamental ao menos iniciar o alicerce básico para a implantação do processo”.
Questionado sobre a existência de uma métrica de envolvimento do empresariado na Indústria 4.0, o pesquisador do Senai revelou que a entidade disponibiliza gratuitamente na plataforma www.senai40.com.br um diagnóstico no qual a empresa pode ver em que estágio da implementação da Indústria 4.0 se encontra, baseada no conceito alemão. Segundo ele, com base nas demandas do Instituto de Pesquisas do Senai, a indústria gaúcha tem buscado cada vez mais informações sobre manufatura digital e sensoriamento. “É muito gratificante quando a indústria vem até nós dizendo que quer sensoriar um processo que ainda não tem no mercado. Trabalhamos com inovação de um processo que ainda não tem no mercado e isso abre a possibilidade para que outras empresas busquem esse conceito, mas ainda é um caminho a se percorrer aqui no Estado”, ressalta Nardelli.
Quando questionado sobre os desafios de implantação da Indústria 4.0 no RS, o presidente da Abimaq lembrou que o investimento no Brasil é muito caro e essa é uma das principais restrições às empresas. “Nosso país tributa investimento. Se você observar países como Alemanha, Itália, Estados Unidos lá investimento não é tributo. Então, investir no Brasil é caro, temos uma das maiores cargas tributárias do mundo. A inflação hoje está 3,8% e você tem que tomar capital de investimento no banco de fomento a 11%, 12%, por exemplo, é muito difícil. O retorno é muito caro e esse é um dos fatores que inviabiliza investir no país”, ressaltou Cauduro.
Com relação a iniciativas gaúchas de inserção na Indústria 4.0, como o Parque Canoas de Inovação, Dillenburg faz referência a dois cenários. “O atual, pois ainda não tem uma infraestrutura comum que propicie um nível de colaboração diferente de qualquer distrito industrial em si. E o futuro, que é um grande desafio para o poder público de Canoas em transformar aquele agrupamento de empresas naquilo que realmente foi planejado para ser, um polo de tecnologia, onde se tem diferentes tipos de atores, aceleradoras de startups, serviços compartilhados, um mix de empresas de tecnologia, e quando isso ocorrer tenho certeza que será um grande potencializador”. Por outro lado, na sua avaliação, as três primeiras empresas instaladas já apresentam uma sinergia. “Percebe-se um ambiente de colaboração compartilhada, que ocorre quando empresas trabalham juntas em busca de um objetivo comum”, apontou.

A evolução do agronegócio

Para um estado com vocação agrícola, como é Rio Grande do Sul, o presidente da Abimaq, Hernane Cauduro, destaca a importância do setor de máquinas e sua evolução em termos de tecnologia.
“A Abimaq conta hoje com 40 câmaras setoriais - a maior é de máquinas agrícolas, com 400 associados. A tecnologia embarcada utilizada nas máquinas estão em um nível tecnológico elevado. E o setor do agronegócio é um dos que vem puxando hoje a tecnologia, com a agricultura de precisão, que no Estado é referência, a indústria está evoluindo muito nesse setor”, destacou ele.
Segundo dados da entidade, o Rio Grande do Sul é o segundo maior polo da industria de máquinas e equipamentos. “Dentro do agronegócio é o maior polo, representando 60% do setor”.

Tecnologias utilizadas no Estado

Questionado sobre o avanço das tecnologias no Estado, dentro do conceito de 4.0, o pesquisador-chefe do Senai, Vitor Nardelli, destacou o sensoriamento, tanto no desenvolvimento de novos produtos, como na agricultura de precisão.
“Somos demandados em termos de pesquisa na área de sensoriamento e rastreabilidade de ativos. O Instituto Senai de Inovação e Soluções Integradas é um dos dois no Brasil a conduzir nos próximos três anos projetos na parte de Internet das Coisas, temos recebido demandas de inteligência artificial, inspeção de qualidade e monitoramento de máquinas, essas tecnologias estão sendo puxadas. No instituto também começamos a atuar com robótica colaborativa, com robôs sensoriados que podem trabalhar em conjunto com pessoas para um determinado objetivo”.
No setor de máquinas, o presidente da Abimaq, Hernanne Cauduro, ressaltou que  a manufatura aditiva está mais avançada. “As indústrias estão adquirindo para desenvolver protótipos, não ainda em escala de produção, mas sim no desenvolvimento do produto, para conceber e testar novos produtos”, disse.
Outra tecnologia destacada por Nardelli é a digitalização com varredura e escaneamento em 3D. “Está avançando bastante e graças à capacidade de processamento de uma grande quantidade de informação, ou seja, as empresas estão querendo suas máquinas digitalizadas para otimizar o processo”.
Nas suas considerações finais, os especialistas reforçaram a importância do empresariado iniciar o processo de inserção na Indústria 4.0. “Divida o problema, trace o seu objetivo e inicie o processo. Bote em prática iniciativas enxutas e saiba que estará na direção certa. Enquanto isso, vá estabelecendo seus objetivos e estruturando esse avanço na Indústria 4.0”, disse o diretor de Tecnologia e Operações da Novus, Marcos Dillenburg.
Nesse sentido, Nardelli ressaltou que o Senai oferece o suporte para as empresas começarem o processo. “Através da plataforma Senai 4.0 queremos estimular a indústria a avançar nessa caminhada”, disse ele, lembrando que o Senai oferece inclusive uma pós-graduação sobre a Indústria 4.0.
Cauduro ratificou o Senai como grande parceiro do trabalho em prol da Indústria 4.0, desde o diagnóstico do estágio em que a empresa se encontra até o devido encaminhamento para que ela possa se inserir no processo. “É preciso começar logo em busca da manufatura avançada e Indústria 4.0, haja vista que para se chegar na 4.0 é necessário ter uma mentalidade de cooperação, colaboração de todos os fornecedores e atores das tecnologias, e o Senai é provedor de encaminhamento nesta caminhada”.

Frases

Marcos Dillenburg, diretor de Tecnologia e Operações da Novus:  "Costumo dizer que quando o empresário achar que chegou na Indústria 4.0 é porque ele já está atrasado, pois provavelmente outro conceito já surgiu em termos de evolução tecnológica”.
Hernane Cauduro, presidente da Abimaq e diretor da Metalwork:  “Um dos limitadores do desenvolvimento do nosso País é a tributação de investimentos. Com isso, o Brasil vem se desindustrializando a cada ano. Precisamos da Reforma Tributária e de políticas de Estado e não de governo”.
Vitor Nardelli, pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica: “Buscamos promover a Indústria 4.0, seja através de projetos de inovação, de fomento, ou suporte necessário. Através da plataforma Senai 4.0 queremos estimular a indústria a avançar nesse conceito”.
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