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Especiais#Anuário de Investimentos 2019

indústria

- Publicada em 14 de Maio de 2019 às 21:49

Copelmi avalia ampliar projeto carboquímico

Seminário reuniu, ontem, especialistas da área carbonífera no Hotel Plaza São Rafael

Seminário reuniu, ontem, especialistas da área carbonífera no Hotel Plaza São Rafael


/MARCO QUINTANA/JC
Uma iniciativa em que as cifras envolvidas já estavam entre as maiores nos últimos anos no Rio Grande do Sul pode ficar ainda maior. O projeto carboquímico que a gaúcha Copelmi e a norte-americana Air Products pretendem desenvolver na região do Baixo Jacuí do Estado pode praticamente dobrar de tamanho.
Uma iniciativa em que as cifras envolvidas já estavam entre as maiores nos últimos anos no Rio Grande do Sul pode ficar ainda maior. O projeto carboquímico que a gaúcha Copelmi e a norte-americana Air Products pretendem desenvolver na região do Baixo Jacuí do Estado pode praticamente dobrar de tamanho.
O diretor de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria, confirma que o empreendimento está sendo revisado. Inicialmente, estava previsto o investimento de US$ 1,5 bilhão, para uma produção de cerca de 2,2 milhões de metros cúbicos de gás ao dia a partir do carvão, com um consumo de aproximadamente 3,5 milhões de toneladas do mineral ao ano. Agora, a hipótese que está sendo analisada é de uma planta gaseificadora de 4,5 milhões de metros cúbicos de gás, com investimento de US$ 2,6 bilhões e demanda de 7 milhões de toneladas anuais de carvão. Soma-se a esses recursos o aporte demandado para a operação da mina Guaíba (situada em Eldorado do Sul e que fornecerá o carvão para o complexo carboquímico) na ordem de R$ 600 milhões.
Diante da realidade de mercado e da demanda de gás que se apresenta, Faria diz que foi entendido que aumentar a capacidade do projeto pode ser um fator importante de competitividade. A decisão se haverá ou não a expansão da iniciativa deverá ocorrer até julho, prevê o executivo. O diretor da Copelmi destaca que a empresa está testando o mercado. Um fator que animou a mineradora foi a recente chamada pública aberta por cinco distribuidoras de gás que atuam nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (entre as quais a gaúcha Sulgás) que prevê a aquisição de um volume total de cerca de 10 milhões de metros cúbicos de gás natural ao dia. Faria revela que a Copelmi apresentou uma proposta nessa disputa, atrelada à questão da obtenção do licenciamento ambiental da mina e da planta carboquímica.
Faria participou ontem do seminário "Novos aproveitamentos para o carvão mineral RS - Tecnologias inovadoras", promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Outro integrante do evento foi o consultor da Chemvision Manuel Quintela de Maia Loureiro, que enfatizou que o setor químico, no qual se insere a carboquímica, é um catalisador de desenvolvimento. De acordo com o especialista, a cada emprego criado no setor químico, são gerados mais seis em outras cadeias paralelas. Para Loureiro, a utilização do carvão como matéria-prima química é uma grande oportunidade para o Rio Grande do Sul. "Matéria-prima significa competitividade", complementa.
Loureiro detalha que através da carboquímica é possível produzir insumos como gás sintético, ureia, amônia e metanol. O consultor da Chemvision informa que apenas o Rio Grande do Sul importa cerca de 1 milhão de toneladas de ureia ao ano e o Brasil, em 2018, trouxe do exterior 5,5 milhões de toneladas desse produto. Loureiro cita ainda que, como a carboquímica utiliza em seu processo de produção de insumos químicos gases resultantes do procedimento, como o CO2, o seu impacto ambiental é atenuado.
Outra empresa que tem interesse em investir no Estado é a capixaba Vamtec. O consultor de desenvolvimento de projetos da companhia, José Paulo Milan Amaro, esclarece que o projeto prevê o investimento de cerca de US$ 500 milhões em uma planta com capacidade para 300 mil toneladas ao ano de metanol, produzido através da gaseificação do carvão oriundo da região de Candiota. Atualmente, a empresa busca captar sócios-investidores para a iniciativa. Amaro adianta que estão sendo mantidas conversas com companhias chinesas e norte-americanas para discussão e apresentação do projeto, que somente irá adiante se for obtido um sócio-parceiro.

Uso do mineral para geração de energia volta a ter protagonismo no Rio Grande do Sul

Exploração do insumo ainda gera polêmica entre ambientalistas

Exploração do insumo ainda gera polêmica entre ambientalistas


/CRM/DIVULGAÇÃO/JC
Existem alguns assuntos que dificilmente a sociedade consegue ficar indiferente, esse é o caso do aproveitamento do carvão como recurso energético. O tema tem sido bastante debatido ultimamente por conta da intenção do desenvolvimento de projetos carboquímicos no Estado e do processo de licenciamento ambiental da mina Guaíba, pertencente à empresa Copelmi. O mineral voltou a atrair os "holofotes" ao ser discutido durante o seminário de ontem no Hotel Plaza São Rafael.
Logo na abertura do evento era possível perceber que a questão continua sendo polêmica. Na frente do hotel, encontravam-se alguns manifestantes contrários à exploração do carvão que proferiam palavras de ordem como: "atenção, população: carvão aqui não! É poluição!". Um dos participantes estava fantasiado de Morte, com a sua clássica figura com a foice, e ainda havia uma simulação de um túmulo instalada na entrada do Plaza São Rafael.
Já no interior do hotel, quando deu início ao seminário, o presidente da Sergs, Luis Roberto Ponte, admitia que dificilmente será possível convencer do contrário quem tem convicção que o uso do carvão é algo ruim. Porém, o dirigente destacou que o mineral é uma riqueza ímpar do Rio Grande do Sul, como se fosse o seu pré-sal. Ponte argumenta que o aproveitamento do carvão é uma forma de atrair novas empresas para Estado, implicando desenvolvimento e sendo uma forma de erradicar a pobreza. O presidente da Sergs salienta que é preciso impedir e prevenir a geração da poluição com essa atividade, e uma dessas garantias é o acompanhamento dos órgãos ambientais de fiscalização.
Presente no encontro, o governador em exercício Ranolfo Vieira Júnior enfatizou a importância do tema e explicou que o governador Eduardo Leite e o secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos Júnior, não puderam comparecer, pois estão em uma missão governamental em Nova Iorque, nos Estados Unidos, entretanto gravaram vídeos, que foram apresentados no seminário em Porto Alegre. Lemos ressaltou que o carvão não é um problema, mas uma solução que pode mudar o panorama da economia do Estado.
Já em seu pronunciamento, Leite enfatizou que o Rio Grande do Sul possui a maior reserva de carvão do País, concentrando 89% do total desse mineral. Conforme o governador, o desafio é transformar esse potencial gerando emprego e renda, de forma sustentável e sem comprometer o meio ambiente. O foco, acrescenta Leite, é apoiar empreendimentos que utilizem esse recurso energético de forma responsável. O governador comenta que estudos apontam que o aproveitamento do carvão pode incrementar o PIB gaúcho em R$ 23 bilhões, além de gerar R$ 3 bilhões em ICMS e cerca de 7 mil empregos, até 2042. Leite frisa que esses números não podem ser desprezados.
O secretário adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Paulo Roberto Dias Pereira, afirma que a carboquímica não é um tema que está sendo tratado apressadamente e se trata de uma política de Estado, e não de governo. O dirigente recorda que o assunto vem sendo tratado pela atual gestão, contudo já vinha sendo conduzido durante os mandatos de José Ivo Sartori e Tarso Genro.

Seminário da Sergs defende necessidade de investimento

Encerrando o Seminário promovido pela Sergs, o painel Diretrizes para implantação do Polo Carboquímico do Rio Grande do Sul abordou a necessidade da atração de investimentos e da criação de políticas de proteção econômica do carvão.
Participaram da mesa o secretário-adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado, Paulo Roberto Dias Pereira, o deputado estadual Fabio Branco, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Extração do Carvão (Sniec), Cesar Farias, o diretor da Sergs Walter Lídio Nunes, o secretário de Planejamento, Governança e Gestão de Eldorado do Sul, Fábio Leal, e o vice-prefeito de Charqueadas, Edilson Lopes.
Representante do Governo do Estado, Pereira abriu o painel defendendo a prioridade na criação de projetos onde a política pública tenha suporte de projetos privados que a atual gestão tem promovido. Após a regulamentação da Política Estadual do Carvão Mineral que institui o Polo Carboquímico, o secretário estabeleceu os próximos passos do governo para evoluir a iniciativa, que passam pelo acompanhamento do licenciamento e da busca por investidores. “Independentemente da empresa, nós acreditamos que a constituição do Polo trará empreendimentos que dão uma nova dimensão para a nossa economia”, disse Pereira.
O deputado Fabio Branco fez coro ao discurso de que o governo seja indutor do processo que trará matérias primas em que o Estado é carente. Para o legislador, o marco regulatório deve ir em breve para a Assembleia Legislativa, que dará segurança jurídica para os investidores o que atrairá negócios e recursos para o polo.
O momento enfrentado pelo setor energético no país foi o tópico tratado pelo presidente do Sniec. Ele citou Usina Termelétrica Pampa I, em Candiota, que deve começar operação em julho deste ano, como exemplo de como fazer o setor funcionar “mesmo sem subsídio”, e defendeu a atuação do novo Ministério de Minas e Energia na modernização do parque elétrico nacional.
O secretário de Planejamento, Governança e Gestão de Eldorado do Sul, Fábio Leal, expôs a experiência do município na atração de empreendimentos, que hoje conta com polo forte de Logística e Tecnologia. Para ele, o Rio Grande do Sul perdeu capacidade de investimento, que pode ser retomado com o Polo Carboquímico.
“A falta de políticas sérias de proteção ao nosso carvão leva a oscilações ao nosso mercado de uma maneira injusta e cruel”, analisou o vice-prefeito de Charqueadas. As consequências, para ele, são as graves crises que a mineração já sofreu que leva ao empobrecimento e o desemprego de regiões. O gestor também defendeu que a Mina Guaíba é indispensável para a implementação do complexo carboquímico no Estado.
Encerrando o painel, o diretor da Sergs defendeu que o projeto se trata de empreendedorismo sustentável como forma de resolver as desigualdades sociais e que é importante ouvir contrapontos sobre o projeto. “As minas já foram um problema para o mundo, do ponto de vista da saúde, por exemplo, mas há cem anos atrás”, disse Walter Lídio Nunes ao criticar o “ambientalismo dinossauro” que tem “espalhado mentiras” sobre as consequências ambientais da implementação do polo carboquímico.