Quando se formou em Gestão Ambiental, Priscila Rebelo não imaginava a guinada que daria em sua vida profissional. Embora sempre tenha gostado de artesanato – seu primeiro emprego foi junto a uma ceramista -, essa não era sua fonte de renda. Depois de se pós-graduar em Arteterapia, veio a ideia de unir suas paixões: a preocupação com o meio ambiente, os estudos sobre simbologias e os trabalhos manuais. Assim nasceu, há sete meses, a Crina Acessórios, que transforma a pelagem de cavalos em peças exclusivas – colares, pulseiras, pingentes, brincos e chaveiros.
Priscila conhece cada cavalo que fornece sua matéria-prima, que ficam na propriedade da família, em Tapes. Ela acompanha, pessoalmente, a tosa que é feita duas vezes por ano – os animais necessitam desse corte por questão de higiene -, acompanhada por um médico veterinário e por um técnico da Emater-RS. Isso é necessário para que tudo seja feito dentro das normas e torne possível o aproveitamento da pelagem, que antes ia parar no lixo.
Cada peça é exclusiva, com variação de cor dos fios da crina. Foto Mariana Carlesso/JC
A ideia de usar as crinas veio de dois objetos de estudo na Arteterapia: a simbologia do cavalo e a construção da identidade feminina. Dois temas distintos, mas que se complementaram nas mãos da artesã. “Descobri que o cavalo representa, em diversas culturas, o poder instintivo, a beleza, a vida e a força do feminino,”, comenta, que decidiu compartilhar com outras mulheres todos esses significados. “Cada trama que faço é com o objetivo de compartilhar a força interna feminina, e a crina serve como fio condutor desse processo de empoderamento”, conta Priscila, agora empresária.
Todos os acessórios são confeccionados de forma artesanal, um a um. Por isso, cada peça é exclusiva, com variação de cor dos fios da crina. “Por se tratar de um produto orgânico, a crina utilizada em nossos acessórios passa por diversos processos, desde a higienização até os procedimentos de tratamento”, explica o folheto que é entregue com a cada item vendido. Os acabamentos são banhados em prata, níquel e ouro.
Ideia de usar as crinas veio de objetos da Arteterapia: a simbologia do cavalo e a identidade feminina, conta Priscila. Foto Mariana Carlesso/JC
Por isso, as peças querem cuidados especiais. A recomendação é que a cliente evite colocar o acessório em contato com produtos químicos como perfume, creme, protetor solar ou detergente, pois isso pode danificar ou desbotar a matéria-prima. É importante ainda evitar períodos prolongados em água, seja no banho, piscina ou mar, para que as peças não oxidem. O material também traz informações sobre os símbolos contidos nas peças, que funcionam como amuletos que expressam a liberdade e o poder feminino através da fluidez da crina.