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Agronegócios

- Publicada em 05 de Maio de 2019 às 21:55

Fim da vacinação contra a aftosa preocupa

Criadores e indústrias temem riscos com retirada da vacina, mas reconhecem pressão para a mudança

Criadores e indústrias temem riscos com retirada da vacina, mas reconhecem pressão para a mudança


/FERNANDO DIAS/DIVULGAÇÃO/JC
Alvo de debate há anos, a evolução do Rio Grande do Sul ao status de livre de aftosa sem vacinação parece mais próxima de se tornar realidade. No fim de abril, o Piratini reforçou o pedido de auditoria por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que já havia sido feito em 2018, para que sejam avaliadas as condições do Estado para a retirada da vacina. Entre as entidades, o consenso é de que a evolução precisa ser concretizada com base em parâmetros técnicos, e não apenas políticos.
Alvo de debate há anos, a evolução do Rio Grande do Sul ao status de livre de aftosa sem vacinação parece mais próxima de se tornar realidade. No fim de abril, o Piratini reforçou o pedido de auditoria por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que já havia sido feito em 2018, para que sejam avaliadas as condições do Estado para a retirada da vacina. Entre as entidades, o consenso é de que a evolução precisa ser concretizada com base em parâmetros técnicos, e não apenas políticos.
"Não estamos preocupados com a temporalidade da decisão, mas com as condições", argumenta o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, defendendo que não se "apresse o processo". "Se a auditoria apontar que há condições, evidentemente que a Farsul convocará assembleia dos sindicatos para deliberar sobre o tema", continua o dirigente.
A opinião é semelhante à do presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado (Sicadergs), Ronei Lauxen, que demonstra preocupação com os riscos associados à retirada da vacina, como o surgimento de algum foco da febre aftosa, que poderiam prejudicar os mercados que os produtos gaúchos já possuem. "Fazendo o tema de casa, tendo estrutura e controle necessários para se evitar ao máximo qualquer problema, não vamos nos opor", comenta Lauxen que, por outro lado, vê a evolução do status como importante na busca por novos destinos à produção.
Embora haja preocupação em não acelerar a mudança de status, um fator pressiona o Estado. Além de Santa Catarina, que já não vacina seus animais há 12 anos, o Paraná também está seguindo o mesmo caminho. O estado recebeu autorização do Mapa para suspender a vacinação logo após a etapa deste mês de maio. O governo federal dará andamento aos processos junto a organismos internacionais a partir de outubro.
"O Rio Grande do Sul ficará em uma situação muito ruim se não acompanhar o Paraná. Seria extremamente desfavorável para o Estado para acessar mercado de outras unidades da federação", argumenta o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber. O motivo é que, assim como já acontece em Santa Catarina, é esperado que o Paraná também crie corredores sanitários para escoamento de animais e produtos de outros estados que ainda possuam vacinação.
Kerber, que também é diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), cita ainda outro receio com a evolução do status sanitário do Paraná. Caso não acompanhe a mudança, o Rio Grande do Sul poderia perder para o estado das araucárias os investimentos futuros. "Por que fazer aqui, que teria limitação de acesso ao mercado internacional?", questiona Kerber. Países como Japão e Coreia do Sul, além de outras nações asiáticas, só adquirem proteína animal de regiões livres da aftosa sem vacinação.

Auditoria sobre condições do Rio Grande do Sul deve acontecer durante o mês de julho

Crucial para o andamento do processo, a auditoria sobre as condições sanitárias do Rio Grande do Sul deve ser realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na segunda quinzena de julho.
Antes disso, ainda no fim deste mês de maio, a superintendência gaúcha do ministério fará uma supervisão prévia, assim como já o fez anteriormente em novembro de 2018.
"Em 2017, uma auditoria do Mapa apontou algumas inconformidades, que começamos a trabalhar desde então", conta o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr), Antonio Carlos de Quadros Ferreira Neto.
Um ano depois, em novembro de 2018, uma supervisão da superintendência regional do Mapa foi realizada, constatando a evolução naqueles aspectos e dando margem para que o Estado solicitasse uma nova auditoria, segundo Ferreira Neto.
Inicialmente prevista para março, a auditoria foi adiada para julho a pedido do Piratini para que últimas medidas fossem tomadas.
"Na nossa visão, existem questões de curto e médio prazo que foram sanados. E há coisas de longo prazo, que podem ir até 2020, mas que não têm impacto na tomada de decisão sobre a retirada da vacina", defende Ferreira Neto.
As medidas de longo prazo, na opinião do diretor, entrariam como condicionantes da autorização, obrigando o Estado a cumpri-las até lá, mas sem impedir a evolução do status sanitário.
Presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, argumenta que o Fundesa tem sido parceiro nas iniciativas, realizando investimentos que viabilizem as condições adequadas para a retirada da vacina. "Entendemos que está sendo bem conduzido o processo, e que é chegado o momento de se conhecer a avaliação por parte do Mapa", defende Kerber.
Segundo Ferreira Neto, já há acordos com o Exército e as Polícias Rodoviárias para controle das fronteiras com Uruguai e Argentina, que vacinam seus animais. Além disso, o risco seria diminuto por não haver circulação viral no Brasil nem nos outros países da parte Sul da América do Sul.
"Nossa maior garantia é a própria Santa Catarina, que não vacina há quase 20 anos e nunca teve mais nenhum foco", defende o diretor do DDA.