Uma declaração do presidente Jair Bolsonaro pedindo juros mais baixos no Banco do Brasil colocou um freio no movimento de alta do Índice Bovespa nesta segunda-feira (29). O índice, que avançava para o patamar dos 97 mil pontos, cedeu com a virada dos bancos para o terreno negativo e oscilou próximo à estabilidade durante todo o período da tarde. Ao final do pregão, o indicador marcou 96.187 pontos, com baixa de 0,05%.
Durante sua participação na abertura da Agrishow, Bolsonaro defendeu a redução dos juros do Banco do Brasil para o fomento ao crédito rural. A declaração sobre teve efeito imediato sobre as ações do Banco do Brasil, que abandonaram o sinal de alta com o qual vinham operando. A virada dos papéis do BB contaminou as demais ações do setor financeiro, que, juntas, representam cerca de 30% da composição do Ibovespa.
Ao final do pregão, BB ON ainda conseguiu variação positiva de 0,04%. Já Bradesco PN caiu 1,31% e Itaú Unibanco PN perdeu 0,80%. A "contaminação" de outras ações de bancos se daria pela questão da competitividade, uma vez que as outras instituições seriam obrigadas a acompanhar uma eventual redução de juros do BB.
Ainda na análise por ações, os papéis da Petrobras tiveram desempenhos distintos, com baixa de 0,46% da ação ordinária e alta de 0,44% da ação preferencial. Na noite de sexta-feira, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, disse que a Petrobras quer se desfazer de seus negócios de distribuição de gás e da rede de postos de combustíveis no Uruguai.
O dólar voltou a subir nesta segunda-feira após cair nas últimas duas sessões. Em dia de agenda doméstica esvaziada e mercado volátil pela manhã, operadores ressaltam que fatores técnicos pesaram, principalmente a disputa entre investidores para a definição do referencial Ptax de abril, que ganhou força na tarde desta segunda. No exterior, o dólar caiu ante a maioria das moedas fortes e emergentes, com a visão de que os juros podem ser cortados nos Estados Unidos no segundo semestre. No Brasil, o dólar à vista terminou em alta de 0,24%, a R$ 3,9409.
A Ptax de abril será definida no início da tarde desta terça-feira (30) e a disputa entre comprados e vendidos deve ganhar ainda mais força na primeira parte dos negócios de amanhã. O referencial será usado na quinta-feira, após o feriado do Dia do Trabalho, para a liquidação dos contratos do dólar que vencem em 2 maio, além dos ajustes dos contratos cambiais futuros e de swap cambial com vencimentos em meses subsequentes.
No exterior, a agenda está carregada esta semana, especialmente nos Estados Unidos, o que ajuda a manter o tom de cautela no mercado doméstico. Na quarta-feira, com o mercado fechado aqui, os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciam sua decisão de política monetária, às 15h (de Brasília). Na sexta-feira, saem dados mensais do mercado de trabalho, também levados em conta nas reuniões do Fed.