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Relações Internacionais

- Publicada em 19 de Março de 2019 às 01:00

Brasil e EUA concordam em reduzir barreiras

Durante encontro na Casa Branca, Jair Bolsonaro e Donald Trump se presentearam com camisetas de futebol

Durante encontro na Casa Branca, Jair Bolsonaro e Donald Trump se presentearam com camisetas de futebol


/BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/JC
A Casa Branca divulgou ontem um comunicado conjunto sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. Bolsonaro se reuniu, nesta terça-feira, com o presidente norte-americano, Donald Trump. No texto, o Executivo norte-americano afirma que os dois países concordaram em reduzir barreiras comerciais e de investimentos.
A Casa Branca divulgou ontem um comunicado conjunto sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. Bolsonaro se reuniu, nesta terça-feira, com o presidente norte-americano, Donald Trump. No texto, o Executivo norte-americano afirma que os dois países concordaram em reduzir barreiras comerciais e de investimentos.
Entre elas estão a importação de 750 mil toneladas de trigo norte-americano a uma tarifa zero de impostos e o estabelecimento de bases científicas para a importação de carne suína produzida nos EUA.
Os norte-americanos, por sua vez, concordaram em marcar uma visita técnica para avaliar as condições sanitárias da carne bovina brasileira para exportação. Foi anunciada, também, a criação de um fundo de US$ 100 milhões para investimento na Amazônia.
Os Estados Unidos concordaram, ainda, em apoiar a iniciativa brasileira de entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em troca, Bolsonaro concordou em deixar de buscar tratamento especial em demandas feitas pelo País na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em declaração à imprensa nos jardins da Casa Branca, Bolsonaro afirmou que o encontro marca um "capítulo inédito" que abre "novas frentes de cooperação". Ele destacou os esforços do seu governo para implementar as reformas em curso e o equilíbrio das contas públicas. Segundo o brasileiro, a dispensa de vistos para norte-americanos é para estimular o comércio e o turismo.
O presidente agradeceu o apoio de Trump ao ingresso do Brasil na OCDE. Ele se referiu ao grupo que reúne 36 países que se guiam pelos princípios da democracia representativa e da economia de mercado. "O apoio americano ao ingresso do Brasil na OCDE será entendido como um gesto de entendimento que marcará ainda mais a parceria que buscamos."
Bolsonaro ressaltou a parceria com os EUA nas áreas de combate ao terrorismo e crime organizado, ciência, tecnologia e inovação, energia, óleo e gás. "Este encontro retoma uma antiga tradição de parceria e, ao mesmo tempo, abre um caminho inédito entre Brasil e EUA."
Ele citou os esforços executados no Brasil para combater o terrorismo e o crime organizado. De acordo com o presidente, os temas estão entre prioridades e são "questão de urgência" para brasileiros e norte-americanos.
O presidente disse que o encontro com Trump destravou temas que aguardavam negociação. "Hoje, destravamos vários assuntos que já estavam na pauta há décadas e abrimos novas frentes de cooperação. Esta é a hora de superar velhas resistências e explorar todo o vasto potencial que existe entre Brasil e Estados Unidos. O Brasil tem um presidente que não é antiamericano, caso inédito nas últimas décadas."
Os dois presidentes trocaram camisetas de futebol. Trump presenteou Bolsonaro com uma camiseta de um time norte-americano, com nome do Bolsonaro escrito atrás. Já Bolsonaro deu uma camisa da seleção brasileira com o número 10, de Pelé, e o escrito "Trump" nas costas. Bolsonaro estava acompanhado do filho mais novo, o deputado Eduardo Bolsonaro.

Para CNI, apoio norte-americano acelera entrada brasileira na OCDE

O apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é decisivo para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para os empresários, o ingresso na organização vai acelerar o processo de reformas estruturais e aperfeiçoar a qualidade regulatória do País, condições necessárias para melhorar o ambiente de negócios e promover o crescimento econômico.
"O Brasil avançou muito na convergência de políticas para participar da OCDE. É o País não-membro com a maior adesão aos instrumentos da organização - já aderiu a cerca de 30% dos instrumentos que envolvem, por exemplo, comércio, tributação e governança. Além disso, o governo brasileiro está comprometido com as reformas da previdência e reconhece a importância da reforma tributária", disse a gerente de Política Comercial da CNI, Constanza Negri.
Em declaração conjunta ontem na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ao lado do presidente Jair Bolsonaro que apoiará o ingresso do Brasil na OCDE.
Em maio de 2017, o Brasil encaminhou a solicitação para fazer parte da OCDE. Se o pedido for aceito, o País terá de assumir compromissos com impactos significativos na economia e na indústria. De acordo com a CNI, entre os benefícios estão a melhoria do ambiente regulatório, a modernização institucional, o aprimoramento da governança e a convergência às melhores práticas internacionais.
Estudos da CNI mostram que a adesão do Brasil se concentra em cinco áreas investimentos internacionais e empresas multinacionais, investimentos, competição, assuntos fiscais e anticorrupção. O Brasil também participa de 23 comitês, órgãos e iniciativas vinculados à OCDE, o maior número entre os países não membros.

'Todas as opções estão na mesa', diz Trump sobre Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que "todas as opções estão na mesa" quando o assunto é buscar soluções para a crise na Venezuela. Questionado se há a possibilidade de uma intervenção militar no país e a aplicação de sanções econômicas mais duras, o norte-americano não excluiu nenhuma delas, mas afirmou ser "triste" a situação vivida pela população venezuelana.
"Ainda não implementamos as sanções mais duras. Todas as opções estão na mesa, ainda não implementamos as sanções mais rígidas. (...) Podemos endurecer a política se for necessário, mas é muito triste, não queremos nada além de cuidar das pessoas que estão famintas, estão morrendo", disse Trump, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro.
Indagado sobre uma eventual intervenção militar, Bolsonaro não disse se o Brasil apoiará ou não a ação no território venezuelano. Ele apenas falou que informações estratégicas não podem ser divulgadas. "É uma questão de estratégia. Tudo que tratarmos aqui será honrado, mas infelizmente certas informações, se vierem à mesa, não podem ser debatidas publicamente."
Ele acrescentou que o Brasil fará o que for possível nessa questão, mas evitou adiantar quais medidas serão efetivamente aplicadas. "O que for possível fazermos juntos para solucionar o problema da ditadura venezuelana, o Brasil estará a postos para cumprir. Nós temos que somar esforços para botar um ponto final nessa questão que é ultrajante."
Por diversas vezes, o governo brasileiro afastou a possibilidade de entrar com suas Forças Armadas em território venezuelano para forçar a saída de Nicolás Maduro da presidência. Na segunda-feira, após evento na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, reiterou que uma intervenção no país vizinho vai contra a Constituição.
Na entrevista coletiva após o encontro, Bolsonaro mencionou o ex-presidente americano Ronald Reagan (1981-1989), um ídolo entre os republicanos, ao citar uma frase dele: "O povo deve dizer o que o governo deve fazer, e não o contrário".
Indagado sobre como ficaria a relação entre Brasil e EUA se um candidato progressista, que se identifique como socialista, vencesse as eleições americanas, ele disse: "Esse é um assunto interno e respeitaremos o resultado das urnas, mas acredito piamente na reeleição de Trump". Trump respondeu: "Obrigado, eu concordo".
Após declarações feitas na segunda-feira em entrevista à Fox News sobre os imigrantes brasileiros nos EUA, Bolsonaro recuou e pediu desculpas. Na ocasião, ele disse que "a grande maioria dos imigrantes em potencial não tem boas intenções nem quer fazer o bem ao povo americano". Questionado por jornalistas sobre o que quis dizer, Bolsonaro afirmou que cometeu "um equívoco". "Foi um equívoco meu. Boa parte tem boas intenções, a menor parte, não. Peço desculpas aí", disse.