A decisão de fechar a unidade da Ford em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, foi confirmada pela direção mundial da montadora, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (Smabc) aos trabalhadores da fábrica em assembleia realizada ontem. Representantes do sindicato se reuniram com dirigentes da Ford em Dearborn, nos EUA, na quinta-feira para tentar reverter a decisão anunciada pelo presidente da Ford para América do Sul, Lyle Watters, no dia 19 de fevereiro.
A fábrica produz o Ford Fiesta e dois tipos de caminhões - segmento que será abandonado pela montadora na América do Sul. Os sindicalistas argumentaram sobre o impacto social que representaria o fechamento da fábrica. Cerca de 3.000 empregos diretos seriam afetados, além de uma cadeia produtiva calculada em 24 mil trabalhadores, segundo estimativa do sindicato e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
A comitiva teve a confirmação da direção global de que três grupos estão interessados em adquirir a fábrica, informação que já vinha sendo anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Na semana passada, o tucano lançou um programa de incentivos fiscais para montadoras que investirem mais de R$ 1 bilhão e criarem ao menos 400 postos de trabalho no estado. Um eventual comprador da fábrica da Ford em São Bernardo poderia se beneficiar da iniciativa. Nem Doria nem a direção global da Ford informam quem são as três montadoras interessadas na unidade.
O sindicato quer ainda ser recebido por Jair Bolsonaro antes que ele embarque para os EUA, onde deve encontrar o presidente Donald Trump na próxima terça-feira. Para o presidente do Smabc, Wagner Santana, o Wagnão, o fechamento da unidade deveria ser uma das prioridades do encontro.
Na assembleia, os trabalhadores decidiram manter a mobilização iniciada em 19 de fevereiro. A paralisação continua até quinta-feira, quando os metalúrgicos terão uma nova assembleia.