Vencedora do edital de concessão da Rodovia da Integração do Sul (RIS), que engloba partes das BRs 101, 290, 386 e 448 no Estado, a recém-batizada CCR ViaSul já se prepara para começar a cobrança nos pedágios da freeway. O termo de arrolamento e transferência das rodovias será assinado em 14 de fevereiro, e, segundo o diretor executivo da concessionária, Roberto Calixto, as cancelas já serão fechadas a partir da 0h do dia 15. Neste primeiro momento, com as praças de Gravataí e Santo Antônio da Patrulha ativas, a empresa contará com 400 funcionários, número que chegará a 2 mil quando o contrato estiver a pleno.
Segundo Calixto, até agora, há 150 trabalhadores na operação, reformando e preparando as duas praças e as bases de operação na freeway. Guinchos e caminhões da concessionária também já se encontram ao longo do trecho. Outras 250 pessoas, que trabalharão com a cobrança em si, o resgate e outros serviços se encontram em treinamento, à espera do início efetivo do trabalho da concessionária na rodovia. "Até o fim do ano, serão 1.050 funcionários e, quando o contrato estiver a pleno, serão 2 mil", conta Calixto.
Calixto detalhou o projeto vencedor do edital de concessão da RIS. Marcelo G. Ribeiro/JC
Inicialmente, a tarifa será de R$ 4,40 em Gravataí e de R$ 8,80 (unidirecional) em Santo Antônio da Patrulha, valor correspondente à proposta ganhadora da CCR no leilão da rodovia e já reajustado pela inflação. Em junho, a concessionário deve começar também obras nessas duas cidades, transferindo a praça de Gravataí do km 77 para o km 60 da BR-290, e expandindo a praça de Santo Antônio da Patrulha para que passe a ser bidirecional. As novidades serão entregues até agosto de 2020.
Também em junho, a empresa inicia as obras das outras cinco praças previstas na concessão (quatro na BR-386, nos municípios de Victor Graeff, Fontoura Xavier, Paverama e Montenegro, e uma na BR-101, em Três Cachoeiras), que devem começar as cobranças até 15 de fevereiro de 2020. A operação da concessionária nessas rodovias e na BR-448, porém, se iniciam antes disso, ainda em agosto de 2019, com conservação, resgate e demais serviços.
Ao todo, a CCR ViaSul será responsável por 473,4 km de rodovias, e, nos 30 anos de vigência da concessão, fará a duplicação de 225 km da BR-386, de Lajeado a Carazinho, além de 76 km de vias marginais e diversas outras obras nos trechos concedidos. Os investimentos estão avaliados em R$ 7,8 bilhões, além de outros R$ 5,6 bilhões que serão gastos em conservação, operação e monitoramento de toda a RIS, que possuirá câmeras em 100% de sua extensão.
Mesmo com a obrigação de aportes bilionários, Calixto comenta que a situação de caixa da concessionária é tranquila por conta de itens exigidos ainda no próprio edital de concessão. Neste primeiro momento, o capital social integralizado foi de cerca de R$ 290 milhões, sendo R$ 233 milhões obrigatórios, e o restante, demandados como garantia pelo grande deságio, de 40,53% sobre a tarifa máxima, oferecido pela CCR no leilão da RIS. A empresa tem até fevereiro de 2020 para integralizar outros R$ 790 bilhões em seu capital, valor também bastante inflado por conta do deságio.
"Em um ano, teremos R$ 1,1 bilhão em caixa, uma situação bastante confortável", comenta o diretor, que esteve presente em evento realizado ontem pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul sobre os pedágios. "Por conta dessa exigência adicional, por, pelo menos, cinco anos, a concessionária não precisa de outros financiamentos", continua Calixto, que ainda elogiou a concessão por ter sido, na sua visão, mais democrática e segura do que as anteriores no País, saudando, ainda, o grande número de audiências públicas realizadas para a construção do edital como forma de melhorar o contrato.
No mesmo evento, o secretário estadual de Governança e Gestão Estratégica (SGGE), Cláudio Gastal, responsável pelos estudos de concessão do Piratini, defendeu o modelo de parcerias entre setor público e privado, inclusive em logística, que é visto como um dos pilares para melhorar a competitividade do Estado. "Não há como melhorar os serviços sem essa parceria, pois o espaço fiscal para investimentos é muito pequeno", argumenta Gastal, que elogiou o Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt).