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Agronegócios

- Publicada em 27 de Janeiro de 2019 às 01:00

Maçãs de pomares gaúchos estão mais suculentas e internacionais este ano

Safra chegará aos mercados com tamanho e qualidade melhores

Safra chegará aos mercados com tamanho e qualidade melhores


AGAPOMI/DIVULGAÇÃO/JC
Com árvores carregadas de frutas maiores e mais suculentas, privilegiadas pelo clima, a safra de maçã começa a sair dos pomares do Sul do Brasil para as gôndolas de supermercados e fruteiras nos próximos dias. A colheita tem início na Serra Gaúcha, como em Caxias do Sul e Veranópolis, avançando posteriormente pelos Campos de Cima da Serra, em cidades como Vacaria, e mais tarde toma conta dos municípios catarinenses, como Fraiburgo.
Com árvores carregadas de frutas maiores e mais suculentas, privilegiadas pelo clima, a safra de maçã começa a sair dos pomares do Sul do Brasil para as gôndolas de supermercados e fruteiras nos próximos dias. A colheita tem início na Serra Gaúcha, como em Caxias do Sul e Veranópolis, avançando posteriormente pelos Campos de Cima da Serra, em cidades como Vacaria, e mais tarde toma conta dos municípios catarinenses, como Fraiburgo.
Juntos, Rio Grande do Sul e Santa Catarina produzem mais de 90% da safra nacional e, neste ano, ela vem com melhor qualidade e maior tamanho das frutas, o que automaticamente traz ganhos ao produtor. De acordo com Pierre Peres, francês que vive há 35 anos no País cultivando maçãs, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), em 2017/2018 a média de peso por fruta alcançou apenas 100 gramas, ante entre 120 e 133 gramas de uma safra normal.
O cálculo leva em conta o número de maçãs necessárias para encher uma caixa de 18 quilos. Em 2017/2018 foi necessária uma média de 165 frutas por caixa para alcançar o peso padrão, ante entre 135 e 150 de uma safra normal, como deve ser a atual.
"No ano passado foram 45 dias de pouca chuva, e as frutas pararam de crescer antes de atingir bom tamanho. Com menos água, as frutas ficam menos suculentas, ao contrário deste ano, especialmente no Rio Grande do Sul, onde houve chuva abundante", explica Peres, que ressalta já ver nos pomares maçãs do tipo Gala com padrão de qualidade visivelmente superior ao ciclo passado.
De acordo com a ABPM, apenas a venda da fruta in natura direto ao consumidor deve movimentar cerca de R$ 5 bilhões no Brasil neste ano. Segundo o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), José Sozo, no Estado devem ser colhidas entre 450 mil e 470 mil toneladas em 2019, de um total de 1 milhão previsto para todo o País.
Na Região dos Campos de Cima da Serra se produz 85% da fruta gaúcha, e a maçã Gala representa 70% do total. Em segundo lugar vem a Fuji. Outras variedades cultivadas, em menores proporções, são Eva e Pink Lady. Neste ano, estima Sozo, o preço médio da Gala ao produtor deve ficar em até R$ 1,20 o quilo, ante entre R$ 0,85 e R$ 1,00 no ano passado. Em 2018, a Fuji remunerou apenas em torno de R$ 0,55 e R$ 0,60 e a Gala cerca de
R$ 0,90. Ou seja, o ano passado não foi positivo para o fruticultor, já que o custo de produção ficou entre R$ 0,85 e R$ 0,90 o quilo.
"Neste ano, não houve problemas climáticos, como granizo ou umidade excessiva, que causa o russeting, que é como uma pequena 'ferrugem' que deprecia a cor, e com isso a classificação da fruta cai abaixo do Cat 1 e 2, remunerando menos", comemora Sozo.
No caso da venda de produtos com menor qualidade, a fruta é comercializada para indústrias para ser moída e beneficiada. O preço é igualmente menor, pois no passado foi avaliada entre R$ 0,30 e R$ 0,35 por quilo.

Bangladesh é o maior importador e Índia o que mais cresceu

Sozo considera importante a introdução de novas variedades no País

Sozo considera importante a introdução de novas variedades no País


/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
O Rio Grande do Sul é o principal exportador da fruta do Brasil e os embarques internacionais cresceram substancialmente nos últimos três anos. Entre 2016 e 2018 as vendas externas brasileiras totais mais do que dobraram: passaram de 30,6 mil toneladas em 2016, para 55,4 mil em 2017 e bateu recorde em 2018, com 71 mil toneladas negociadas. E boa parte dessa maçã vai para o outro lado do mundo.
O maior comprador externo do Brasil é Bangladesh, com quase 20% das compras (US$ 13,5 milhões de um total de US$ 52 milhões). A grande novidade no mercado internacional é a Índia, que facilitou as compras de produtores do Brasil há um ano, o que fez saltar em quase 400% os valores investidos para levar a fruta daqui ao comércio indiano. As compras do país passaram de US$ 654 mil em 2017 para US$ 3,2 milhões em 2018, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM) e do Ministério da Economia.
As vendas para esse agora importante cliente têm como característica de compra especialmente a exigência de coloração extremamente parelha, diz Pierre Peres, presidente da ABPM. Outro mercado importador é Bangladesh, que adquire, porém, frutas de menor valor, ou seja, com classificação de cor e tamanho de menor qualidade. O que também acaba sendo uma alternativa de escoamento de frutas rejeitadas por outros mercados. "A Ásia tem sido uma boa alternativa para exportações de frutas de segunda e terceira qualidades", diz o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), José Sozo.
O presidente da associação gaúcha alerta, porém, que o Brasil ainda tem sua produção muito concentrada na variedade Gala, enquanto no Exterior há variedades que poderiam ser introduzidas no Brasil e que fazem sucesso em mercados internacionais. E com potencial também para o mercado interno. "Poderíamos aproveitar o intervalo da colheita nos Hemisfério Norte para exportar mais. Uma das variedades que achamos possível é a Jazz, da Nova Zelândia, desenvolvida a partir do cruzamento de outas duas espécies", avalia Sozo.
A introdução de uma nova espécie depende de um trabalho integrado com o Ministério da Agricultura e a Embrapa para autorização de testes, e para ver se é possível adaptação ao Brasil. E, após o início dos testes, o resultado levaria entre sete e oito anos para ser concluído. "Ou seja, é preciso começar urgente", alerta o presidente da Agapomi.