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relações internacionais

- Publicada em 22 de Janeiro de 2019 às 22:32

Em reunião, Bolsonaro promete apresentar Previdência quando Congresso se reunir

Jair Bolsonaro participou do encontro do Conselho Internacional de Negócios no Fórum Econômico Mundial

Jair Bolsonaro participou do encontro do Conselho Internacional de Negócios no Fórum Econômico Mundial


/ALAN SANTOS/PR/JC
Se em seu discurso público em Davos o presidente da República, Jair Bolsonaro, deu poucos detalhes sobre a reforma que apresentará para reformular a Previdência, o tom foi diferente quando ele e seus ministros entraram em uma sala exclusiva, apenas com os CEOs e presidentes de algumas das maiores empresas do mundo.
Se em seu discurso público em Davos o presidente da República, Jair Bolsonaro, deu poucos detalhes sobre a reforma que apresentará para reformular a Previdência, o tom foi diferente quando ele e seus ministros entraram em uma sala exclusiva, apenas com os CEOs e presidentes de algumas das maiores empresas do mundo.
Um dos participantes de uma multinacional contou) que o governo prometeu que o projeto de lei da reforma será apresentado "assim que o novo Congresso se reunir". "Eles nos disseram que essa é a prioridade e que o projeto da reforma será apresentado já nos primeiros dias (da nova Legislatura)", contou o executivo.
O governo não deu uma data fechada sobre quando uma votação poderia ocorrer. Mas insistiu que esse será o primeiro trabalho do governo. Bolsonaro, segundo o executivo que esteve na sala, também admitiu que a reforma pode não sair exatamente como eles previam, já que certas "acomodações" terão de ser feitas para garantir sua aprovação.
No encontro, empresas como a Arcelor Mittal, Embraer ou Nestlé estiveram presentes. Segundo o executivo, a reunião foi marcada por diversas perguntas feitas ao novo governo. Várias delas tocariam na questão da capacidade da nova administração federal de convencer a população sobre a necessidade da reforma. "O que quiseram saber é se haveria uma aceitação popular", disse. Para os empresários, isso pode ser decisivo, já que testaria a capacidade do governo de manter uma certa taxa de popularidade para continuar a governar.
Durante o encontro, Bolsonaro ainda foi cobrado em relação à proteção ambiental, em especial na Amazônia, e quanto a questões relacionadas com a defesa de indígenas.

Para economistas, discurso do presidente não trouxe novidades, mas reforçou tom liberal

A estreia do presidente Jair Bolsonaro em Davos, na Suíça, foi mais do mesmo, segundo avaliação do mercado financeiro e economistas, mas o presidente não se saiu mal. Embora não tenha dado detalhes do projeto de reforma da Previdência que pretende implantar, Bolsonaro reforçou sua intenção de levar adiante as privatizações, respeitar contratos assinados e criar um ambiente mais positivo de negócios no Brasil. Na prática, é um discurso de viés liberal que agrada aos investidores.
"Esse discurso foi um convite ao investimento estrangeiro. No geral, é tudo o que os investidores gostariam de ouvir, mas sem o detalhamento desejado em algumas partes, como no caso da Previdência. Ainda falta, para mim, a ideia de que ele precisaria ter mais consciência de que a reforma da previdência é simplesmente um divisor de águas do governo", avaliou o economista Sergio Vale, da MB Associados.
Para o economista, mesmo sem aprofundar as medidas que pretende implementar em seu governo, a estreia do presidente em Davos foi positiva. "Foi uma entrada positiva no cenário internacional, que vai deixar os investidores animados até a próxima etapa, que é saber os detalhes da reforma da Previdência", afirmou Vale.
O economista e ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, também considerou que, embora o discurso de Bolsonaro não tenha trazido surpresas, suas ideias mais liberais, defendendo privatizações e reformas estruturais da economia, são positivas e agradam aos investidores. Para ele, é positivo que Bolsonaro participe de um evento internacional como Davos.
"De fato, não fazia sentido dar detalhes da reforma da Previdência a uma plateia em Davos. O discurso com esse viés liberal já tinha sido feito antes e depois da campanha. O presidente organizou todas as ideias e levou a Suíça. Acho positivo que ele participe de um evento como esse porque mostra disposição de mais abertura do país para o investidor estrangeiro", avaliou Loyola.
Embora o mercado financeiro mantenha o otimismo com o novo governo, trata-se de um 'otimismo cauteloso'. Para ele, os investidores vão esperar resultados mais concretos. "Agora, será preciso conter a ansiedade dos analistas de mercado para saber como as coisas vão acontecer. O governo poderá testar o apetite dos investidores internacionais com as concessões de aeroportos que já estão marcadas. Será um bom teste. Mas acredito que decisões de investimento direto no país, que demandam mais tempo para serem tomadas, ainda vão depender de como vão se desenrolar as primeiras medidas do governo", afirmou o ex-presidente do BC.
Para o operador de Bolsa da corretora Renascença, Luis Roberto Monteiro, o mercado não esperava detalhes da reforma da Previdência na fala de Bolsonaro em Davos. Mesmo assim, avalia o operador, os investidores mantêm o voto de confiança no novo governo e acredita que a equipe levará adiante os compromissos anunciados.
" O mercado continua com a expectativa positiva em relação ao governo. Já era esperado que ele não ia dar detalhes da reforma. Agora, vamos aguardar a volta e a expectativa fica para a apresentação dos detalhes da reforma da Previdência ao Congresso. Acredito que até lá, o mercado vai ficar em compasso de espera",afirmou Monteiro.