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Indústria

- Publicada em 09 de Janeiro de 2019 às 01:00

Crise argentina teve forte impacto sobre a produção industrial do País

Fábricas do ramo de alimentos foram as que apresentaram melhor desempenho, com expansão de 5,9%

Fábricas do ramo de alimentos foram as que apresentaram melhor desempenho, com expansão de 5,9%


/CLAITON DORNELLES /JC
O desempenho da produção industrial do penúltimo mês de 2018, de alta de apenas 0,1%, e a revisão no dado de outubro indicam uma herança estatística menor para o quarto trimestre, observa o BTG Pactual em nota. "Enquanto o dado de novembro veio em linha com nossa expectativa, a revisão em baixa de outubro de alta de 0,2% para -0,1% sugere uma produção do quarto trimestre ainda mais fraca do que a inicialmente prevista", afirma.
O desempenho da produção industrial do penúltimo mês de 2018, de alta de apenas 0,1%, e a revisão no dado de outubro indicam uma herança estatística menor para o quarto trimestre, observa o BTG Pactual em nota. "Enquanto o dado de novembro veio em linha com nossa expectativa, a revisão em baixa de outubro de alta de 0,2% para -0,1% sugere uma produção do quarto trimestre ainda mais fraca do que a inicialmente prevista", afirma.
Conforme o banco, o resultado da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do penúltimo mês de 2018 foi "esmagadoramente negativo". A fraqueza foi generalizada, ressalta, com apenas alguns segmentos específicos mantendo o dado mensal marginalmente positivo.
O desempenho agregado foi impulsionado pelo crescimento de 5,9% na produção de itens alimentícios, enquanto o segmento de automóveis apresentou declínio de 4,2% no mês ante o anterior e o de máquinas e equipamentos cedeu 3,2%, observa.
Conforme o BTG, a crise argentina teve impacto considerável sobre a produção industrial, já que as exportações de veículos caíram mais de 50% (com ajuste sazonal) de seu pico no início de 2018 devido à demanda mais fraca da Argentina - um país que historicamente absorveu mais ou menos 20% da produção brasileira de veículos. "Assim, a demanda externa mais fraca deve permanecer um obstáculo em 2019", estima.
A dinâmica da produção industrial tem sido bastante fraca nos últimos meses, afirmam os economistas do BTG. "Após um período de intensa volatilidade resultante da greve dos caminhoneiros em maio, relembram, a atividade industrial se recuperou da crise relacionada à paralisação, mas não conseguiu avançar significativamente."
Ao subir 0,1% em novembro, a produção da indústria interrompeu uma série de quatro quedas consecutivas, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou menor que a mediana de 0,2% das estimativas, de 0,2% (intervalo de -0,60% a alta de 1,40%), com ajuste sazonal. Apenas 10 dos 26 ramos industriais tiveram crescimento de outubro para novembro, com destaque para os alimentos, que avançaram 5,9%, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,1%) e coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (0,5%).
Entre os 16 ramos industriais em queda, os maiores recuos foram observados nos veículos automotores e carrocerias (-4,2%), máquinas e equipamentos (-3,2%), produtos diversos (-13,3%), outros produtos químicos (-2%) e indústrias extrativas (-0,6%). "Mesmo com esse resultado positivo, o que chama atenção é que há uma predominância de taxas negativas quando a gente observa as atividades. Somente 10 das 26 atividades assinalam resultados positivos, o que dá uma ideia de que muito desse crescimento observado tem uma relação com alguns poucos setores. O que dá um entendimento de que esse momento recente do setor industrial é bem caracterizado por uma menor intensidade em seu ritmo produtivo", disse o pesquisador do IBGE André Macedo.

Acordo Embraer-Boeing está mantido, afirma ministro Augusto Heleno

Após o presidente Jair Bolsonaro levantar dúvidas sobre a fusão entre Embraer e Boeing, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou que o governo não pensa em interromper o negócio entre as duas empresas. Na sexta-feira passada, Bolsonaro disse estar preocupado com a possibilidade de a nova empresa a ser formada pelas duas fabricantes deixar de ter participação brasileira no futuro.
Para ser fechado, o negócio precisa de aval do governo, que é detentor de ação com direto a veto (golden share). No acordo firmado entre as duas fabricantes, a Embraer pode se desfazer totalmente dos 20% que deterá da chamada NewCo, a nova companhia que produzirá a atual linha de jatos regionais da Embraer e desenvolverá novos modelos.
"Hoje mesmo (nesta segunda-feira) foi colocada a necessidade de estudar se essa é a fórmula ideal ou se nós podemos pleitear outro tipo de solução", afirmou o ministro sobre esse ponto específico do contrato. Segundo ele, também há uma preocupação com eventuais perdas para o País na área de desenvolvimento tecnológico.
"Isso envolve um patrimônio físico, um patrimônio aeronáutico. Dentro desse patrimônio aeronáutico, existe uma preocupação muito grande com o patrimônio tecnológico, que foi conseguido a duras penas ao longo de muitos anos e que nós não pretendemos perder. Mas isso pode ser equacionado", disse após solenidade no Palácio do Planalto.
"Não se está pensando em interromper essa negociação não", afirmou, ao ser questionado se esses pontos poderiam atrapalhar a operação. Na sexta-feira, as ações da Embraer haviam caído 5% em resposta às declarações de Bolsonaro. Nesta segunda-feira, recuperaram-se parcialmente e fecharam o dia em alta de 2%. O acordo entre Embraer e Boeing também prevê a criação de uma joint venture específica para a comercialização de novos contratos do cargueiro militar KC-390. Essa companhia terá 51% de controle brasileiro.

Demanda por transporte aéreo de carga fica estável em novembro

A demanda global no mercado de carga aérea (medida em quilômetros por toneladas de carga, ou FTKs) perdeu fôlego nos últimos meses de 2018, decepcionando as expectativas para um trimestre tradicionalmente forte para o segmento. Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), o indicador ficou estável em novembro ante o registrado em igual mês de 2017 - o pior desempenho desde março de 2016. Esse resultado se segue ao crescimento de 3,2% em outubro, que ficou acima dos 2,5% vistos em setembro mas abaixo do verificado nos 29 meses anteriores.
Na avaliação da entidade, a perda de ritmo da demanda de carga aérea pode estar associada aos sinais de enfraquecimento da economia global e de fatores-chave ao setor, como a confiança do consumidor. A Iata observa ainda que o componente "novas encomendas à indústria" do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) global mostra baixas mensais consecutivas e está abaixo de 50,0 desde setembro - patamar que normalmente sugere queda das exportações. "Nos níveis atuais, o indicador sugere que o crescimento da demanda em base anual não deve retornar de forma acentuada em breve".
Para 2019, a associação projeta uma expansão de 3,7% em FTK, sustentada pela expansão acelerada do e-commerce, grande demandante de transporte aéreo de carga. "Os riscos de piora estão crescendo. As tensões comerciais são objeto de grande preocupação. Precisamos que governos se concentrem em induzir crescimento através do comércio global, e não em barrar suas fronteiras com punições tarifárias", aponta o diretor geral e CEO da Iata, Alexandre de Juniac. Ainda em novembro, a oferta mundial no segmento (apurada em toneladas-quilômetro disponíveis, ou AFTK, na sigla em inglês) subiu 4,3% no comparativo anual. Esse foi o nono mês consecutivo em que o crescimento da capacidade superou o da demanda.