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Agronegócio

- Publicada em 31 de Dezembro de 2018 às 01:00

Girassol decai no Estado, mas avança no Brasil

Produção no Rio Grande do Sul diminuiu de 23,6 mil hectares para 3,3 mil em 10 anos

Produção no Rio Grande do Sul diminuiu de 23,6 mil hectares para 3,3 mil em 10 anos


/EMATER/DIVULGAÇÃO/JC
É cada vez mais raro observar campos floridos com girassóis no Rio Grande do Sul, onde a cultura já ocupou mais de 20 mil hectares há 10 anos. Dois motivos principais fizeram o plantio minguar no Estado: poucas indústrias atuando no beneficiamento e o período da colheita que avança na janela de plantio da soja. A flor, porém, ainda encontra abrigo especialmente no Noroeste gaúcho, em locais como Garruchos e São Luiz Gonzaga, entre outros municípios.
É cada vez mais raro observar campos floridos com girassóis no Rio Grande do Sul, onde a cultura já ocupou mais de 20 mil hectares há 10 anos. Dois motivos principais fizeram o plantio minguar no Estado: poucas indústrias atuando no beneficiamento e o período da colheita que avança na janela de plantio da soja. A flor, porém, ainda encontra abrigo especialmente no Noroeste gaúcho, em locais como Garruchos e São Luiz Gonzaga, entre outros municípios.
O plantio de girassol teve seu auge no Estado entre 2008 e 2009, de acordo com a Conab, quando 23,6 mil hectares forma semeados por aqui. Era quase um terço da produção nacional. Na época, juntamente com cultivos como da mamona, o girassol era apontado como alternativa para a produção de biodiesel. Hoje, com apenas 3,3 mil hectares semeados, pelos dados oficiais, representa menos de 4% do total brasileiro (95,5 mil hectares).
"A grande publicidade dada ao girassol como matéria-prima ao biodiesel foi uma questão de marketing, nunca tendo sido efetivada com intensidade", critica Marcos Caraffa, coordenador do curso de Agronomia da Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem).
O auge da produção nacional ocorreu em 2013/2014, com quase 148 mil hectares, reduzido a pouco mais de um terço disso entre 2015/2016 e agora se recuperando, principalmente com a produção de óleo para uso culinário. O cultivo do girassol tem suas raízes mais fortes, hoje, em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, onde diferentes empresas atuam na extração do óleo da semente. No Centro-Oeste, o plantio ocorre nos primeiros meses do ano, após a colheita da soja.
No Rio Grande do Sul, há basicamente duas indústrias atualmente adquirindo e fomentando o cultivo no Estado: a Giovelli Indústria de Óleos Vegetais, de Guarani das Missões, e a Celena Alimentos, com sede em Eldorado do Sul e beneficiamento em Giruá. "Como a rentabilidade do grão não é alta, o custo de transporte é viável apenas se houver indústrias próximas da área do plantio", explica Ana Claudia Barneche, pesquisadora da Embrapa.
Os atrativos do cultivo de girassol, porém, vão além do ganho imediato com a venda. Há um ganho indireto importante: o melhoramento do solo. Com raízes profundas, o cultivo do girassol tende a aumentar a penetração de água no solo e beneficia futuros cultivos (como da soja). A flor também é apontada como uma alternativa para quebrar o circuito tradicional de rotação milho-soja, que a longo prazo empobrece a terra e leva ao aumento da presença de doenças e pragas nas lavouras.
"Os produtores não conseguem mais observar as vantagens que uma rotação de culturas pode gerar em médio e longo prazo", diz Caraffa.

Óleo da semente ganha mercado fit

Apesar do pouco espaço nas lavouras gaúchas, o óleo de girassol tem usos e clientes nobres. No mercado nacional, diz Ana Cláudia Barneche, pesquisadora da Embrapa, um dos compradores do produto é a Pepsico, que utiliza o óleo de girassol para fritura de salgadinhos, já que é mais saudável do que o produto feito a partir da soja, por exemplo.
Outro subproduto extraído da semente da planta e que pode ser um alento para recuperar a produção é o tocoferol, conta Osmar Giovelli, proprietário da Giovelli Indústria de Óleos Vegetais. "O Japão começou recentemente a comprar de nós o tocoferol, um subproduto obtido no branqueamento do óleo de girassol e com os qual se produz vitamina E. Ainda é algo inicial, mas é uma alternativa de negócio", conta o empresário.
Apesar de a empresa ter entrado em recuperação judicial em 2015, Giovelli afirma que cenário é positivo. A companhia passa por um processo de avaliação por parte de uma multinacional interessada em investir no setor. "Por questão de confidencialidade, não podemos revelar a companhia, mas estamos com o processo de due diligence bem avançado", assegura Giovelli.

Saiba mais sobre a cultura

  • A cultura do girassol se desenvolve entre agosto (plantio) e dezembro (colheita), o que faz com que o cultivo dispute espaço com a soja, principalmente, e o milho. Como os dois grãos apresentam melhor estrutura de comercialização e preços mais atrativos, o girassol acaba por perder terreno.
  • O girassol é destinado praticamente todo para produção de óleo comestível aos humanos. Parcela significativa do mercado também é destinado à ração de diversas espécies de passarinhos.
  • A produtividade média é entre 1,4 mil e 1,5 mil quilos por hectares. O custo médio de produção é de cerca de 1 mil quilos, restando como ganho ao produtor cerca de 500 quilos. Hoje, o valor da saca de 60 quilos varia de R$ 72,00 a R$ 75,00.
  • Entre os grandes produtores mundiais estão Rússia e Ucrânia. Na América do Sul a principal referência é Argentina, que chegou a semear a flor em cerca de 4 milhões de hectares. Com o avanço a soja no país vizinho, assim como ocorre no Brasil, a área foi reduzida para cerca de 1 milhão de hectares.
Fontes: Emater, Embrapa e Setrem