Atualizada às 19h30min de 19/12/2019
O Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SIMCosta/Furg)
emitiu nota técnica nesta quarta-feira (19) sobre as possíveis causas do aparecimento de lama na Praia do Cassino no começo de dezembro. A suspeita era de que o fato tivesse relação com as obras de dragagem do Porto do Rio Grande, iniciadas no final de outubro. De acordo com o documento, a deposição da lama foi causada pela ação de um ciclone extratropical, responsável por alterar o regime de ventos e sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos.
A origem precisa da lama, no entanto, e a eventual influência dos trabalhos de dragagem na ocorrência, seguem sendo investigadas. A nota diz ainda que as análises até o momento "não indicam trasporte de sedimentos do atual sítio de despejo ou mesmo contribuição do mesmo para a ocorrência de lama na região". O sítio de despejo foi licenciado pelo Ibama e é anterior ao início do Programa de Monitoramento.
De acordo o vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Danilo Giroldo, a nota técnica "reforça os indícios de que a ocorrência de lama não tem a ver com transporte do sítio de despejo". Além disso, imagens de satélite anexadas ao laudo mostram que já havia uma mancha próximo ao local onde ocorreu o aparecimento de lama antes de se iniciarem as obras de dragagem, explica Giroldo.
Entre 2 e 8 de dezembro, um ciclone extratropical promoveu ventos oriundos do Sul com velocidade de até 13,5 metros por segundo ao longo da costa gaúcha. O relatório explica que os ventos nesta intensidade provocam um transporte de massa e volume de águas oceânicas para a costa.
Diante das incertezas quanto à origem do surgimento da lama, a continuidade do trabalho de dragagem vive um impasse. Nesta quarta-feira (19), uma audiência na Justiça Federal apresentou as razões de cada envolvido. A nota técnica da Furg vai subsidiar a ação civil pública. Até o começo da noite, o juiz Adérito Martins Nogueira Júnior, da 1ª Vara da Justiça Federal de Rio Grande, ainda não havia emitido posição em relação ao pedido de liminar judicial para suspender a dragagem.
A ocorrência de lama está mobilizado a população local. Grupos como SOS Cassino denunciam e cobram medidas do poder público sobre a responsabilidade ambiental neste caso através de página na internet. Em protesto no último domingo (16), os ativistas fixaram cruzes na lama em "enterro simbólico" da Praia do Cassino.