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Viajantes com mais de 50 anos que desejam uma experiência junto à natureza, com direito a banho de cascata, têm, agora, uma nova alternativa de produto turístico na região da Serra do Vale do Taquari. Os principais atrativos do roteiro, que leva o nome de Caminho das Cascatas 50, estão localizados em quatro municípios: Forquetinha, Sério, Boqueirão do Leão e Progresso. Durante dois dias, grupos de, no mínimo, 10 e, no máximo, 30 pessoas passam por empreendimentos rurais do caminho, intercalando com os passeios por trilhas com níveis de dificuldade baixos. Formatado há pouco mais de um ano, o novo produto é resultado do Projeto de Turismo de Natureza do Vale do Taquari do Sebrae-RS.
De acordo com a secretária de Turismo do município de Sério, Carla Ferri - que atua como uma das condutoras locais -, o Caminho das Cascatas também tem versões para quem gosta de aventura, ou para quem pretende viajar com toda a família. "O produto direcionado para pessoas com mais de 50 anos foi pensado em vista de que este é um público que viaja bastante, muitos já estão na época de se aposentar", comenta Carla. "Criamos o roteiro, inicialmente, para atender o pessoal da região, mas estamos divulgando para agências de viagens de todo o Estado e esperamos que a demanda cresça."
De acordo com Carla, o Caminho das Cascatas já existe há seis anos, quando as quatro cidades - todas "muito pequenas" - perceberam a necessidade de deslanchar o turismo, para que, no futuro, a atividade seja uma das alternativas para os filhos de agricultores permanecerem nas propriedades. Segundo a secretária, os empreendedores perceberam que seria mais fácil atuar em conjunto, unindo os atrativos, que "se complementam". "Mas foi com a consultoria do Sebrae que o negócio avançou, e os empreendimentos envolvidos passaram por melhorias", pondera a proprietária da MS Centro de Saúde e Bem-Estar, Simone Berté. "A presença do Sebrae foi um divisor de águas", admite.
O roteiro conta com consultoria da turismóloga Regina Cardona, que explica que, em um primeiro momento, foi trabalhada a qualificação dos empreendedores e dos empreendimentos, e, na sequência, foram formatados quatro roteiros, para perfis diferentes: o Caminho das Cascatas Pedagógico e o Caminho das Cascatas Aventura, com passeio de um dia cada; o Caminho das Cascatas 50 e o Caminho das Cascatas Família, ambos com dois dias de duração. "Foram dois anos de trabalho, e, nesse período, nota-se um avanço considerável, com melhorias na infraestrutura dos estabelecimentos, a formatação de tarifas e um maior conhecimento da linguagem do turismo", afirma a consultora.
No roteiro, os visitantes passam por trilhas como as da Bugrinha (em Sério), do Moinho (Progresso), e do Gamelão (Boqueirão do Leão), onde tomam banho de cascata e contemplam paisagens com muito verde. No primeiro dia, pela manhã, desfrutam de café com produtos com base na cultura alemã no Camping Shedler, em Forquetinha. Em seguida, visitam o Parque Temático Christof Bauer, que conta a saga da colonização alemã no município e mantém construções em estilo enxaimel. Mais tarde, após uma trilha em meio à natureza, almoçam no Sítio da Família Favaretto, em Sério, onde também é possível desfrutar de passeio de trator pela propriedade.
No final do dia, antes do jantar, o grupo passa por um momento de relaxamento na piscina na MS Centro de Saúde e Bem-Estar. "O receptivo conta com atendimento familiar, e a gastronomia é saborosa e diversificada, com delícias da culinária rural e produtos coloniais", destaca Regina. O preço do roteiro custa, em média, R$ 330,00 por pessoa, incluindo todos os passeios, alimentação completa, hospedagem e transporte com saída de Porto Alegre.
Produtos coloniais são base da alimentação dos turistas
Grupos visitam propriedades rurais e desfrutam da culinária local
ROTEIRO CAMINHO DAS CASCATAS/DIVULGAÇÃO/JC
Os turistas que compram o roteiro Caminho das Cascatas 50 desfrutam não somente do contato com a natureza, mas de diferentes produtos da cultura local (de origem alemã e italiana), a exemplo do que é servido no café colonial do Sítio Campiol, um dos estabelecimentos visitados, ou no almoço da Cabanha Leite, em Progresso. Localizada próximo da Gruta Nossa Senhora de Lourdes no Distrito de Campo Branco, a cabanha oferece refeição caseira, com produtos colhidos da horta da família, e disponibiliza redes para os visitantes relaxarem antes das refeições.
Outra alternativa é admirar a região sob um gazebo, fazer uma rápida caminhada e conhecer a criação de ovelhas, ou adentrar uma pequena trilha. No Recanto do Pedrão, os grupos que participam do passeio visitam o museu da família, passam pela Trilha dos Quatis e saboreiam um café da tarde com produtos da região.
"No Recando do Pedrão também dá para andar de perna de pau, ou produzir algo rápido na oficina de marcenaria que tem no empreendimento", conta a proprietária do MS Centro de Saúde e Bem-Estar, Simone Berté, condutora local do roteiro. Como o roteiro ainda é novo, a expectativa é de que as visitações cresçam no verão. "O Sebrae ajudou bastante na organização, no planejamento e no foco dos empreendedores, e a melhoria das propriedades é notável. Quem conhece está gostando muito."
Lenda da Cascata da Bugrinha mexe com imaginário do visitante
Localizada a três quilômetros do Centro da cidade de Sério, a Cascata da Bugrinha pode ser acessada por estrada municipal. Além de estar em uma área de muito verde, que encanta pela beleza, a cascata mexe com o imaginário popular.
Reza a lenda que os moradores da área possuíam uma cultura à parte e não se relacionavam com os demais habitantes. Quando alguém adoecia, a pessoa era afastada da tribo, pois acreditavam que um membro doente poderia trazer má sorte aos demais. O doente, então, era abandonado na cascata e acabava morrendo, e o corpo era jogado em um precipício.
Segundo a história, entre os bugres existia uma menina que constantemente adoecia, e sua mãe a escondia do restante do grupo. Porém, em determinado ano, a região foi castigada por uma estiagem muito forte, e todos começaram a culpar a "bugrinha" pela seca. Apesar do esforço da mãe em esconder a criança, ela foi encontrada e sacrificada na cascata.
Naquela noite teria chovido torrencialmente, e, desde então, os tropeiros não puderam mais acampar no local, pois os animais ficavam agitados. Diz a lenda que até os dias de hoje, em noites que antecedem chuva, ouve-se uma criança chorar em meio à mata.