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Relações Internacionais

- Publicada em 10 de Dezembro de 2018 às 01:00

Brics ganha força com protecionismo dos EUA

Zhou diz que ideia é criar área de livre comércio para alguns produtos

Zhou diz que ideia é criar área de livre comércio para alguns produtos


/THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC
O afastamento dos Estados Unidos em relação à China, que segue caminho incerto mesmo com a recente proposta de trégua, tende a fortalecer ainda mais as relações deste país com Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, países que, com a China, formam o chamado Brics. O futuro do bloco econômico, assim batizado em 2001 pelo economista Jim O'Neill, é promissor, avalia Zhou Zhiwei, coordenador do Centro de Estudos Brasileiros em Beijing.
O afastamento dos Estados Unidos em relação à China, que segue caminho incerto mesmo com a recente proposta de trégua, tende a fortalecer ainda mais as relações deste país com Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, países que, com a China, formam o chamado Brics. O futuro do bloco econômico, assim batizado em 2001 pelo economista Jim O'Neill, é promissor, avalia Zhou Zhiwei, coordenador do Centro de Estudos Brasileiros em Beijing.
Apesar de terem características de desenvolvimento distintas (basta ver a superioridade da economia do gigante asiático), isso não deve ser impeditivo para ações conjuntas. "É normal, em qualquer grupo, ter integrantes com características diferentes, como também ocorre com o G-7 (grupo dos sete principais países desenvolvidos), explica Zhou.
O coordenador do Centro de Estudos Brasileiros revela que um grupo de acadêmicos da China já avalia como e onde se poderia ter barreiras tarifárias menores dentro do bloco, na contramão do atual protecionismo norte-americano. A ideia é ter uma espécie de Área de Livre Comércio (FTA, em inglês) para alguns produtos. "Ainda são apenas avaliações. Claro que há dificuldades nisso, mas temos que buscar as complementaridades."
Brasil e Rússia têm em comum, por exemplo, a produção de trigo, mas Índia e China têm alta necessidade por alimentos, equilibrando oferta e demandado grupo, com mercado para ambos, diz Zhou. Ao citar o recente encontro anual do Brics, em Joanesburgo, África do Sul, em julho, o professor lembra que o presidente chinês, Xi Jinping, sugeriu alguns pontos com potenciais de crescimento conjunto e benefícios mútuos no grupo. Entre os itens está a cooperação em ciência e tecnologia.
"O Brasil tem vantagens em algumas áreas, como na aviação; a China, em outras, como Inteligência Artificial; assim como a Rússia, na área militar", diz o especialista em temas sino-brasileiros.
Estar em grupo e ter uma "voz" mais potente também é uma forma para ser melhor escutado em temas da governança global e em espaços como a Organização das Nações Unidos (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Zhou, além de maior influência nestas e em outras representações internacionais, o Brics pode dar exemplos e mostrar novos caminhos possíveis aos sistemas já consolidados.
"O grupo criou, por exemplo, o Novo Banco de Desenvolvimento, que tem uma estrutura muito diferente do FMI e do Banco Mundial. No banco do Brics, todos os países têm igual poder de voto e participação, independentemente dos valores que tenham feito de aportes. É um processo decisório mais justo", avalia Zhou.
Em 2019, o Brasil volta a assumir a presidência do Brics e sediará cerca de 100 reuniões do bloco. Os encontros deverão ocorrer em mais de 30 áreas de cooperação setorial e terão lugar em diversas cidades do País, assim como o Fórum Acadêmico, o Festival de Cinema do Brics, o Festival Cultural e outros encontros relacionados ao diálogo entre sociedades civis.
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