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Economia

- Publicada em 28 de Novembro de 2018 às 19:02

Boeing busca fechar acordo com Embraer este ano, mas já se aproxima de Bolsonaro

Temendo novos atrasos na aprovação da compra da divisão de jatos comerciais da Embraer, a Boeing inicia uma aproximação do futuro presidente Jair Bolsonaro. Embora a empresa ainda trabalhe com a ideia de ter, até o fim do ano, a chancela do governo brasileiro - fundamental para a conclusão do negócio - a idéia na gigante americana é começar a traçar alternativas. O maior temor na companhia, hoje, é retroceder nas negociações e perder meses na negociação, confirmada oficialmente em 21 de dezembro do ano passado.
Temendo novos atrasos na aprovação da compra da divisão de jatos comerciais da Embraer, a Boeing inicia uma aproximação do futuro presidente Jair Bolsonaro. Embora a empresa ainda trabalhe com a ideia de ter, até o fim do ano, a chancela do governo brasileiro - fundamental para a conclusão do negócio - a idéia na gigante americana é começar a traçar alternativas. O maior temor na companhia, hoje, é retroceder nas negociações e perder meses na negociação, confirmada oficialmente em 21 de dezembro do ano passado.
Os termos finais da joint venture foi anunciado em julho, e prevê que os americanos terão 80% do segmento de produção de aviões comerciais da brasileira, enquanto a Embraer ficará com 20% das ações. Apesar de acionista minoritário, o governo brasileiro tem a chamada golden share da ex-estatal, que dá direito de veto em decisões da companhia. Desde então, detalhes estão sendo trabalhados. A previsão é que os últimos dois pontos em aberto sejam concluídos na primeira semana de dezembro, mas são questões menores, "coisas de advogados", de acordo com uma pessoa próxima da negociação.
Em tese, o governo de Michel Temer poderia dar a aprovação para o negócio até o fim do ano, que depois ainda precisará ser aprovado pelos demais acionistas da fabricante de aviões brasileiras - na Boeing, a atual diretoria já tem carta branca para concluir a transação. E o atual governo está tratando de informar à nova administração sobre os termos do negócio. Mas, independente disso, a empresa americana quer estreitar vínculos com o futuro comando de Brasília.
O temor dos americanos é que, sem a aprovação até o fim do ano, o desfecho da negociação se atrase. Em um novo governo cheio de prioridades econômicas, a finalização do acordo acabe na gaveta ou, pior, seja revisado. A gigante americana nunca escondeu que gostaria que o negócio fosse rapidamente concluído. Em um primeiro momento, a definição dos termos do acordo tardou mais que o esperado. E, agora, a confirmação do negócio por Brasília também ocorre em passos mais lentos que o imaginado.
O forte viés liberal na economia, anti-privatização e pró-americanos da gestão que começa em 1º de janeiro dão aos americanos confiança de que o negócio será aprovado. Nem mesmo o viés nacionalista da campanha de Jair Bolsonaro ou o elevado número de militares do novo governo preocupa a Boeing, que ficou mais preocupada com o período eleitoral, quando candidatos presidenciais de esquerda, como Ciro Gomes (PDT), chegaram a anunciar que vetariam a compra. Mas, por precaução, os americanos querem intensificar laços com a futura administração brasileira.
Ao mesmo tempo, cresce a pressão de parte da sociedade civil - como sindicatos e procuradores - para mais garantias do negócio. Há iniciativas para garantir que o acordo garanta a fabricação de aviões no Brasil e do desenvolvimento de tecnologia em solo brasileiro. Medidas como estas garantiriam empregos e desenvolvimento de tecnologia estratégia no Brasil, segundo os postulantes.
Para ambos os lados do negócio, uma rápida conclusão da licitação militar americana, que pode decidir pela compra de até 150 aviões super-tucano produzidos pela companhia brasileira em parceria com a americana Sierra Nevada, seria um incentivo para que o governo brasileiro agilizasse a conclusão da compra da divisão comercial da fabricante brasileira pela Boeing. Embora a divisão militar da Embraer esteja fora do negócio, há cada vez mais interesse da empresa de São José dos Campos se relacionar com os americanos, que vão vender o cargueiro KC-390, maior avião já produzido no Brasil e que pode passar a ser fabricado também nos EUA, na planta que a brasileira mantém na Flórida.
As negociações entre Boeing e Embraer vieram a público depois que a europeia Airbus fez uma parceria com a Bombardier, assumindo o programa de jatos C-Series. A Bombardier é a grande concorrente da Embraer no mercado de jatos médios, de até 150 lugares.
Diante da nova força dos europeus, os americanos procuraram uma oportunidade para crescer em jatos regionais, que não operavam, e ter a possibilidade de ofertar uma gama completa de aviões.
Embora fontes da companhia afirmem que as negociações começaram antes, analistas de mercado viram o anúncio como uma resposta ao negócio Airbus/Bombardier.
Para a Embraer, seria a forma, segundo os defensores do negócio, de ter um guarda-chuva poderoso contra novas concorrentes japonesas, chinesas e russas, que estão entrando no segmento de aeronaves de até 150 passageiros. Os críticos, contudo, afirmam que o negócio limitará a possibilidade de crescimento da brasileira, que não tentará no futuro concorrer no mercado de aviões maiores, além de colocar em risco o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta, dominada por poucas nações.
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