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Economia

- Publicada em 21 de Novembro de 2018 às 22:38

Reforma da Previdência será teste para Bolsonaro

Coletiva do Seminário Econômico Fundação CEEE.
Na foto: Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, Aod Cunha e Vladimir Safatle.

Coletiva do Seminário Econômico Fundação CEEE. Na foto: Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, Aod Cunha e Vladimir Safatle.


/LUIZA PRADO/JC
Guilherme Daroit
Ficha um da agenda econômica do futuro governo Jair Bolsonaro, a reforma da Previdência servirá de teste para a próxima gestão federal, de acordo com especialistas das áreas econômica e política. Tema polêmico e arrastado, as mudanças nas aposentadorias devem determinar o sucesso ou o fracasso dos próximos anos do governo, examinando sua capacidade de articulação e negociação com a sociedade e condicionando o aprofundamento da agenda liberal.
Ficha um da agenda econômica do futuro governo Jair Bolsonaro, a reforma da Previdência servirá de teste para a próxima gestão federal, de acordo com especialistas das áreas econômica e política. Tema polêmico e arrastado, as mudanças nas aposentadorias devem determinar o sucesso ou o fracasso dos próximos anos do governo, examinando sua capacidade de articulação e negociação com a sociedade e condicionando o aprofundamento da agenda liberal.
"O mercado está dando benefícios de novo governo, mas isso será testado rapidamente", comenta o economista e ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul (2007-2009), Aod Cunha, acrescentando que a discussão previdenciária também será uma baliza política. "A reforma da Previdência será o teste da capacidade de negociação, até porque há consenso quanto ao problema", argumenta. Embora o clima seja favorável para Bolsonaro, Aod acredita que a extensão de prazo desse cenário depende do sucesso na aprovação das mudanças. O fracasso, por outro lado, geraria dúvidas e a inversão da tendência.
Ainda que o resultado da discussão da reforma possa colocar em xeque o governo a partir de 2020, o economista Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, sócio da gestora de fundos Ibiuna, argumenta que os bons ventos para 2019 já estão garantidos. Os motivos, para Azevedo, são a grande capacidade ociosa no País, as contas externas fortes e que, com o alto desemprego, uma melhora na geração de vagas de trabalho não deve gerar impactos na inflação. A projeção é de um crescimento de 2,5% para o ano que vem.
"De seis a 12 meses, o governo pode se beneficiar disso, antes mesmo de qualquer reforma. Mas as reformas condicionam o crescimento a partir de 2020", projeta Azevedo, que descreve a agenda econômica de Bolsonaro como "muito ambiciosa", mas favorável aos negócios. "Se conseguir fazer um terço do que está sendo dito, já muda significativamente o ambiente de negócios no País", acrescenta o economista.
Pensar a economia sem levar em conta os aspectos políticos é um erro, segundo o filósofo Vladimir Safatle. "O que parece racional para uma parte da sociedade pode não ser racional para outros grupos", afirma Safatle, citando o caso da greve dos caminhoneiros desencadeada pela política de preços da Petrobras. O exemplo é usado pelo filósofo por ter mostrado uma ruptura no diálogo, tensão levada ao limite que parou o País e prejudicou inclusive o Produto Interno Bruto (PIB).
"O pacto social não existe mais. Não se trata mais de antagonismo, mas sim de uma divisão radical que paralisa", continua Safatle, que defende que, em uma situação como essa, o primeiro ato pós-eleição deveria buscar a reconciliação do País. "Mas nenhum gesto nesse sentido foi feito", complementa o filósofo, que prevê um governo de "crise permanente", uma vez que temas polêmicos como privatizações e reformas tendem a acirrar os ânimos na sociedade. Os três analistas foram os palestrantes da 20ª edição do Seminário Econômico da Fundação CEEE, realizada ontem na Capital.
Perguntado sobre a situação fiscal dos estados, Aod afirma que, se não endereçar uma solução, o governo federal acabará "atropelado" pelo tema. O economista acredita que a saída deverá ser coletiva, e não pontual estado a estado. "Acho que vamos caminhar para algo como no fim dos anos 1990 (quando foram assinados os contratos de federalização das dívidas), com os estados se comprometendo com aspectos de responsabilidade fiscal, algo que funcionou bem por um período de tempo", projeta Aod, que negou a possibilidade de reassumir a Fazenda no novo governo estadual de seu partido, o PSDB.
 
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