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Economia

- Publicada em 21 de Novembro de 2018 às 01:00

Indiferença afeta a contratação de trabalhadores negros, afirma especialista

A dificuldade de inserir os negros no mercado de trabalho tem nome: indiferença à questão, diz a diretora adjunta do Instituto Ethos, Ana Lúcia de Melo Custódio. O problema, afirma, passa por aquilo que o recrutador pensa ser o candidato ideal para a vaga em determinada empresa - e, de acordo com esse imaginário, esse futuro funcionário não é negro.
A dificuldade de inserir os negros no mercado de trabalho tem nome: indiferença à questão, diz a diretora adjunta do Instituto Ethos, Ana Lúcia de Melo Custódio. O problema, afirma, passa por aquilo que o recrutador pensa ser o candidato ideal para a vaga em determinada empresa - e, de acordo com esse imaginário, esse futuro funcionário não é negro.
Os negros são 64,2% dos desempregados no Brasil, embora representem 55,7% do total da população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A participação de pretos e pardos entre os desocupados cresce desde o início da série, iniciada em 2012. Haveria falta de talentos para ocupar vagas? "É exatamente o contrário", diz Ana Lúcia. "Quando a gente ignora uma parte da população que não entra ou não ascende nas empresas, estamos desperdiçando talentos", diz. Segundo ela, há vieses inconscientes que coexistem com o difícil enfrentamento do racismo - uma questão brasileira, em sua avaliação.
No último levantamento do Ethos, em 2016, quando questionados se a participação dos negros nos diferentes níveis da empresa era adequada, os gestores respondiam que sim. "Tem-se a percepção de que as coisas vão bem, mas os dados dizem outra coisa."
Avanços, no entanto, vêm ocorrendo. As empresas, em especial as de grande porte, preocupam-se em reverter o quadro de ausência de negros em seus escritórios e fábricas.
Um projeto do Ethos foi lançando em maio de 2017 com 20 empresas que buscam incrementar o número de negros em sua força de trabalho. Hoje, o grupo reúne 36 companhias, do porte de Itaú, Coca-Cola, Avon, Carrefour, Bayer e McDonald's.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (Rais) apontam que, em 2017, a contratação de pretos e pardos com nível superior cresceu em um ritmo mais rápido do que entre os brancos.
A alta foi de 8,6% (pretos) e 2,9% (pardos). Entre os brancos, na mesma faixa de escolaridade, a alta foi de 0,1%.
Basta olhar para o lado nos escritórios, porém, para reconhecer que as diferenças ainda persistem.
Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego entre os negros é maior do que a verificada entre os brancos (20,8% em comparação a 15,9% em 2017). Além disso, os negros receberam, em média, 69,3% do rendimento dos não negros no período.
A maior participação de negros no Ensino Superior, fenômeno decorrente das políticas de cotas, ainda não se reflete nas contratações. Segundo pesquisa do Ethos, os negros ocupavam 6,3% dos cargos de gerência, 4,9% dos cargos em conselhos de administração e apenas 4,7% do quadro executivo em 2016.
 
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