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Tecnologia

- Publicada em 12 de Novembro de 2018 às 21:36

Portugal quer atrair empresas estrangeiras

Lisboa é considerada a nova capital do empreendedorismo na Europa

Lisboa é considerada a nova capital do empreendedorismo na Europa


/VISUAL HUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Economia em crescimento, grande capacidade de atrair investimentos estrangeiros - casos recentes de Adidas, Uber e Google - e alto índice de internacionalização. Portugal realmente está em alta.
Economia em crescimento, grande capacidade de atrair investimentos estrangeiros - casos recentes de Adidas, Uber e Google - e alto índice de internacionalização. Portugal realmente está em alta.
Cada vez mais incubadoras e aceleradoras nascem em Lisboa, e há um notável crescimento das parcerias entre as grandes empresas e as startups. Além disso, assim como acontece no Brasil, as universidades estão mais dispostas a abrir portas para as parcerias com o mercado corporativo.
"Lisboa é a nova capital do empreendedorismo na Europa. É um mercado de 500 milhões de potenciais consumidores europeus que podem ser aproveitados", comenta o consultor e mentor de startups de Portugal, Luis Oliveira Correia.
O conselheiro comercial da embaixada do Brasil em Portugal, Pedro Paulo Taunay, comenta que tem crescido a procura de empresários brasileiros por realizar parcerias e instalar negócios. "Não é apenas pontual, há um interesse perene das empresas brasileiras por Portugal. E um dos motivos para isso é a grande facilidade cultural e do idioma. É mais fácil do que fazer com país asiático, uma porta de entrada para a Europa", destaca.
O gestor da Iapmei, instituição com atuação similar ao Sebrae, José Vale, recomenda que os empreendedores brasileiros interessados em Portugal busquem o programa Startup Visa. Por meio desse projeto, é possível liberação para a abertura de uma empresa local com até cinco trabalhadores, mais as famílias. Antes da decisão, o projeto passa pela avaliação das incubadoras e do governo. Se aceita, a empresa ficará incubada e receberá acompanhamento. Mais da metade dos pedidos recebidos atualmente, segundo ele, é de brasileiros. Vale participou de um encontro promovido na semana passada em Lisboa pelo Sebrae-RS e o Centro Internacional de Negócios (CIN)/Fiergs.
Dezesseis micro e pequenas empresas gaúchas de TI participaram da missão a Portugal que se encerrou no último sábado, além das universidades Feevale e Unisinos. Na agenda, além da participação no Web Summit 2018, estava a participação em encontros de aproximação com o mercado português.
A coordenadora de economia digital do Sebrae-RS, Débora Chagas, diz que o trabalho de internacionalização dessas empresas que estão trabalhando com o Sebrae-RS está direcionado para a América Latina, a partir da Argentina, e a Europa, com foco em Portugal.
Todas estão fazendo um trabalho de preparação e contam com o acompanhamento de um consultor internacional, que está em contato com o mercado português gerando leads para facilitar a aproximação. Débora comenta que a escolha de Portugal para fazer esse trabalho se dá, justamente, pela facilidade do idioma e pela abertura do país para as parcerias e geração de negócios e empresas de tecnologia. "Portugal é um mercado interessante e a forma mais fácil de acessar os outros países europeus", relata.
Uma das companhias participantes desse trabalho é a gaúcha Unirede, que atua com foco em monitoramento de infraestrutura de tecnologia e tem como clientes players como Lojas Renner, Dimed, Grupo Zaffari. Os planos de internacionalização se iniciaram em 2013.
Há alguns anos, houve uma primeira tentativa de se aproximar de Portugal, mas nem tudo saiu como o planejado. Na época, a Unirede tentou levar o seu serviço Net Operation Center (NOC), com painéis com monitores, alertas 24/7 para o mercado internacional. "Percebemos que não estávamos tão prontos. O nosso produto tem apelos regionalizados, que funcionam muito bem para o Brasil, mas não foram bem aceitos em Portugal", relembra o CEO Unirede, Luciano Alves.
O trabalho continuou, e, em 2016, a Unirede criou o Web Monitor, ferramenta que está mais adaptada às necessidades do mercado português. "As experiências geradas na época nos levaram a pivotar. Depois desse aprendizado, neste ano, a empresa está subindo a operação em Portugal e em outros países", conta Alves.

Produto inovador e proximidade local são segredo

"Toma um cafezinho antes de discursar", sugere o diretor de Promoção e Inovação do Polo Tecnológico de Lisboa (Lispolis), Pedro Rebordão, ao brasileiro Nelson Cid, da The Dots, que fez uma apresentação para os empresários brasileiros sobre os três anos que está empreendendo em Lisboa. "São esses microcuidados, típicos de Portugal, que me encantaram. Para os brasileiros, é quase um movimento natural empreender aqui. Nos sentimos em casa muito rapidamente", conta.
Os encontros realizados na semana passada deixaram otimistas os empresários gaúchos que fizeram parte da missão do Sebrae-RS e do CIN/Fiergs em Lisboa. "Estamos avaliando Portugal como a principal opção para nos internacionalizamos. O evento nos mostrou as facilidades que eles oferecem para receber empresas estrangeiras e o quanto já estão acostumados com isso", comenta o diretor da NetEye, Fábio Santini. A perspectiva, inclusive, é que isso aconteça já no ano que vem.
Portugal está de braços abertos para os empreendedores de outros países, mas existem cuidados que devem ser tomados para se ter sucesso nesta empreitada. É preciso conhecer o mercado, ter um produto ou serviço inovador e, preferencialmente, buscar um parceiro local.
"Portugal está muito acolhedor para novas empresas, mas, mesmo com a facilidade com a língua portuguesa, eles gostam de tratar com alguém local", comenta o sócio da Broggini Consultoria, Gabriel Walmory.
Rebordão, do Lispolis, diz que a melhor forma de entrar no país europeu é abrindo a porta no Brasil para a empresa portuguesa. "O segredo é dar para receber, criar uma relação com o ambiente local e encontrar as pessoas certas", sugere.
Outra dica é perceber que realizar negócios no Brasil é muito diferente de que fazer em Portugal. "Apenas o idioma é semelhante. Portugal é um país europeu, com ritmo e cultura europeia, enquanto o ritmo do Brasil aproxima-se muito mais do norte-americano, mais acelerado e persuasivo", relata a CEO da i94.Co, Ariadine Varreira. Segundo ela, os empresários portugueses priorizam a construção de relações duradouras e é preciso conhecer a história do próprio povo para assimilar suas necessidades, expectativas e valores.
A i94.Co é gaúcha e atua no Brasil como desenvolvedora de branding e tecnologia para empresas consolidadas - em 2016, fez um movimento rumo a Portugal, onde possui hoje uma operação. "Percebemos que a Europa voltava os olhos para o país, que, por sua vez, sinalizava estar de braços abertos para a inovação", relembra Ariadine.
 

Feevale e Unisinos se aproximam dos portugueses

A Feevale/Techpark e a Unisinos/Tecnosinos aproveitaram o Web Summit 2018 para fechar parcerias, como o acordo com a Startup Braga, aceleradora e incubadora portuguesa que facilitará a incubação, a aceleração e a mentoria. "Somos mediadores da transformação pelas quais as empresas estão passando e estamos aqui para criar caminhos para essa interação internacional", diz a diretora de Inovação da Feevale, Daiana de Leonço Monzon. Já a parceria com o Iapmei facilitará o acesso das universidades aos ambientes de inovação de Portugal e fazer conexões.