Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Tributos

- Publicada em 05 de Novembro de 2018 às 01:00

Ipea propõe novo tributo sobre consumo

Estudo aponta que não é hora de mexer na tributação sobre a folha de pagamentos das empresas

Estudo aponta que não é hora de mexer na tributação sobre a folha de pagamentos das empresas


CLAITON DORNELLES /JC
A criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) com adesão opcional para estados deve ser a prioridade "zero" do governo eleito, defende o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo. Contrário à criação de um tributo sobre movimentação financeira, nos moldes da CPMF, Lozardo elaborou uma proposta de reforma tributária em conjunto com outros quatro pesquisadores do órgão, entre eles Adolfo Sachsida e Alexandre Ywata, que têm assessorado o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia.
A criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) com adesão opcional para estados deve ser a prioridade "zero" do governo eleito, defende o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo. Contrário à criação de um tributo sobre movimentação financeira, nos moldes da CPMF, Lozardo elaborou uma proposta de reforma tributária em conjunto com outros quatro pesquisadores do órgão, entre eles Adolfo Sachsida e Alexandre Ywata, que têm assessorado o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia.
Publicada em setembro passado, em plena campanha eleitoral, a proposta do Ipea foi apresentada ao time de Guedes e à Receita Federal. Ele prevê um IVA "dual", que dará opção aos estados de aderir ao tributo federal ou de manter sua autonomia de cobrança. Para os pesquisadores, esse ponto é uma novidade com potencial de reduzir as resistências históricas dos governadores para a mudança. O presidente do Ipea diz que é preciso mudar primeiro os impostos sobre consumo e não é hora de mexer na tributação sobre a folha de pagamentos das empresas.
"Não queremos criar uma jabuticaba tributária no Brasil. Vamos fazer o que todo mundo faz. São 170 países que têm o IVA", diz Lozardo. Para ele, o imposto sobre movimentação financeira é regressivo - ou seja, a população de menor renda acaba pagando proporcionalmente mais do que os mais ricos. "Estimula o que tínhamos anteriormente, que era um mercado paralelo de cheque para não pagar esse tributo, que seria muito alto. Não vai ser o 0,38% do passado", alerta ele, lembrando que o clima atual é contrário à volta da CPMF.
Pela proposta do Ipea, a criação do IVA pode ser feita sem a necessidade de uma mudança constitucional, o que facilita a sua aprovação no Congresso. "O IVA dual tem uma alíquota única, o imposto é cobrado no destino e o intuito é acabar com a guerra fiscal", explica Lozardo. O novo imposto, incidente sobre consumo, vai fundir PIS/Cofins, Cide e IPI num IVA federal, com alíquota inicialmente estimada em 21%. Esse modelo evita a cobrança em cascata de impostos em diferentes etapas da cadeia produtiva. Nos estados e municípios, seria criado um IVA estadual reunindo ICMS e ISS, com a mesma alíquota, que pode ser complementado por um Imposto sobre Vendas a Varejo (IVV).
A ideia é que todos os subsídios e estímulos que Estados e municípios queiram conceder sejam implementados pelo IVV, que teria alíquota máxima de 4% (2% para Estados e 2% para municípios). O importante, neste modelo, na avaliação dos técnicos, é manter o IVA livre de distorções. Para isso, seria feita uma "harmonização voluntária" entre os IVAs federal e estadual, garantido liberdade aos Estados para aderir ou não à cobrança da União.
O presidente do Ipea destacou que há estados que são muito eficientes na sua arrecadação e certamente não vão querer deixar de ter essa prerrogativa para se juntar a um IVA nacional. Os próprios Estados arrecadariam e repassariam a parcela que cabe aos municípios, acabando com a complicação de legislação que envolve o ICMS, principal tributo à disposição dos governadores. Já os Estados menos desenvolvidos, que não têm condições de arrecadar de forma eficiente, vão preferir aderir ao IVA federal, prevê Lozardo. Nesses casos, a União recolheria o tributo e efetuaria o repasse.
Lozardo ressalta que esse modelo por adesão já existe em alguns países, como China, Índia e Canadá. "É mais democrático, não é impositivo, e gera muito menos atrito político na implementação desse sistema", diz. Outra vantagem da proposta, na avaliação do presidente do Ipea, é que o tempo de transição para o novo sistema tributário seria menor, de cinco anos.
 

Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo chegará à marca de R$ 2 trilhões amanhã

 O Impostômetro vai bater a incrível marca de R$ 2 trilhões nesta terça-fera, 6, às 9h45min. A informação foi divulgada pela Associação Comercial de São Paulo. Em meio à crise que mantém mais de 12 milhões de desempregados, a estimativa para arrecadação total em 2018 é de R$ 2,388 trilhões - foram R$ 2,172 trilhões ao longo de 2017.
"A arrecadação está subindo, porém fecharemos o ano com déficit de mais de R$ 100 bilhões. Por isso a equipe econômica do próximo governo precisa focar no controle das contas públicas, manter o teto dos gastos e estimular a privatização de empresas estatais, diminuindo o tamanho do Estado", recomenda Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo e da Federação das Associações.
A cada dia, milhões de pessoas passam pela Rua Boa Vista, no centro velho de São Paulo. De frente para o Pátio do Colégio, todos podem contemplar um painel de 1,85 m de altura por 4,3 m de largura com um cronômetro que não para um só instante - é o Impostômetro, que registra a velocidade da arrecadação de tributos em todo o País.
O Impostômetro foi instalado há 13 anos. Ele informa, em tempo real, os valores que vão para os cofres públicos. O painel foi instalado pela Associação Comercial em 20 de abril de 2005 para chamar a atenção da população para os valores que todos recolhem, em impostos, taxas, contribuições e multas.
A data não foi escolhida por acaso. Era véspera de feriado de Tiradentes. Na inauguração do painel, o ator Paulo Goulart, falecido em 2014, subiu ao palco e representou Tiradentes inconformado com a carga tributária do "Quinto dos Infernos" - o quinto (20%) que os brasileiros pagavam em tributos para Portugal pela exploração das riquezas naturais do Brasil colonial.
Essa foi a forma que a Associação Comercial de São Paulo encontrou para "alertar e conscientizar a população para o fato de que ela arca com tudo isso e, em contrapartida, não vê o dinheiro bem aplicado em saúde, segurança, educação". A entidade destaca que o Brasil "tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo e não dá o retorno à sociedade".