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Economia

- Publicada em 16 de Outubro de 2018 às 22:16

Manifesto pede 'reconstrução de estatísticas' gaúchas

Professores de Economia, técnicos e pesquisadores assinam documento que vai a candidatos

Professores de Economia, técnicos e pesquisadores assinam documento que vai a candidatos


CARLOS HENRIQUE HORN/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
Um manifesto lançado ontem por quase 100 economistas, entre professores de faculdades de Economia das universidades gaúchas, integrantes de instituições de pesquisa e de organismos como o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) defende a 'reconstrução das estatísticas' do Estado. O documento aponta o impacto da extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE), gerando descontinuidade de serviços de estatísticas públicas, como cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), pesquisa de emprego e desemprego, indicador de desenvolvimento socioeconômico,  estimativas populacionais e índices de exportações, entre outros.
Um manifesto lançado ontem por quase 100 economistas, entre professores de faculdades de Economia das universidades gaúchas, integrantes de instituições de pesquisa e de organismos como o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) defende a 'reconstrução das estatísticas' do Estado. O documento aponta o impacto da extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE), gerando descontinuidade de serviços de estatísticas públicas, como cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), pesquisa de emprego e desemprego, indicador de desenvolvimento socioeconômico,  estimativas populacionais e índices de exportações, entre outros.
O grupo com os principais nomes na área de Economia se reuniu na Escola de Negócios da Pucrs, em Porto Alegre, após uma grande articulação. A carta será entregue nos próximos dias aos dois candidatos ao governo José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB). O texto destaca que a ausência de informações fragiliza estudos para a busca de saídas à crise financeira, além de prejudicar a tomada de decisão por empresas e organismos privados e públicos.
Após o fim da FEE, o governo contratou sem licitação a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), cujo trabalho foi suspenso em julho devido a medidas na Justiça e no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O PIB do segundo trimestre não foi calculado. O IBGE também cancelou convênio para repasse de dados. O grupo diz que há técnicos em áreas do Estado, incluindo do antigo quadro da FEE, para restaurar o serviço. "A existência deste capital humano torna factível a reconstrução imediata da produção de estatísticas públicas confiáveis, organizadas e acessíveis." 

Confira a íntegra do manifesto e todos os signatários:

A reconstrução do sistema de estatísticas econômicas e sociais do Rio Grande do Sul
Os (As) professores (as) e pesquisadores (as) de cursos de Graduação e de Pós-Graduação em Economia do Rio Grande do Sul e apoiadores (as), abaixo assinados, dirigem-se à sociedade gaúcha e aos candidatos ao governo do Estado a fim de alertar sobre a imperiosa necessidade de reconstrução do sistema de estatísticas públicas do Rio Grande do Sul.
Todos somos conscientes dos imensos desafios que aguardam o governador eleito no pleito de outubro. A situação das finanças estaduais é precária e a demanda por serviços públicos e investimento pela sociedade é crescente. A formulação de políticas dirigidas ao enfrentamento de tais desafios exige informações consistentes sobre a realidade econômica e social do Estado, o que possibilitará tanto seu planejamento como o acompanhamento de seus resultados. Nesse quadro, a extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE), sem que tenha sido providenciada uma efetiva substituição de suas atividades, gera um quadro preocupante.
O encerramento das atividades da FEE implicou a descontinuidade dos serviços de estatísticas públicas fundamentais como as contas regionais, a pesquisa de emprego e desemprego, o indicador de desenvolvimento socioeconômico, as estimativas populacionais, os índices de exportações, os indicadores do agronegócio e os dados abertos, tornando indisponíveis para o grande público bases de dados que concentravam, de maneira organizada e acessível, diversas informações sobre a realidade gaúcha, além de análises periódicas sobre a situação econômica e social do Rio Grande do Sul.
A título de exemplo, constata-se que, sem a divulgação periódica do PIB – insumo primeiro para o acompanhamento da conjuntura econômica do Estado –, sociedade, comunidade empresarial e agentes públicos desconhecem o nível de atividade de sua economia, dificultando o entendimento sobre as razões de seu desempenho. Tais ocorrências são graves entraves à ação de agentes públicos e privados, à produção científica sobre a economia e a sociedade gaúcha, e ao acompanhamento das políticas governamentais pela sociedade.
A ausência de um sistema organizado e consolidado de produção de informações estatísticas constitui-se em severo empecilho à elaboração de análises próprias que subsidiem os processos de tomada de decisão e as ações de planejamento de agentes públicos e privados. Sem informações estatísticas organizadas e acessíveis, inviabiliza-se a investigação científica sobre a situação econômica e social do Rio Grande do Sul, gerando significativos prejuízos, tanto no presente, como no futuro.
O Estado do Rio Grande do Sul possui hoje em seu corpo funcional, porém dispersos por diversos órgãos públicos, profissionais capacitados e já habilitados a produzirem informações estatísticas de alta qualidade. A existência deste capital humano torna factível a reconstrução imediata da produção de estatísticas públicas confiáveis, organizadas e acessíveis, sem o aumento de desembolsos por parte do erário público. Portanto, o Poder Executivo estadual possui as condições de realizar tal tarefa, com o reestabelecimento de uma entidade que tenha credibilidade, independência técnica em relação aos interesses políticos de curto prazo e aberta à realização de parcerias com instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas.
O século XXI aponta para um conjunto de imensos desafios postos ao Rio Grande do Sul. Para além da crise das finanças públicas, nos defrontamos com uma acentuada mudança dos padrões demográficos do Estado e com uma nova revolução tecnológica que transformará radicalmente a forma como se produzem os bens e serviços. Economia e sociedade estão em profunda transformação. É inconcebível que, neste contexto, o Rio Grande do Sul abra mão de um sistema de informação estatística apto a gerar conhecimento imprescindível à nossa prosperidade.
Somente com informações e conhecimento científico produzidos por nós mesmos será possível a construção do futuro que desejamos.
Porto Alegre, 16 de outubro de 2018.
Subscrevem este manifesto.
Adelar Fochezatto – PUCRS
Cláudio Francisco Accurso – UFRGS (aposentado)
Pedro Cezar Dutra Fonseca – UFRGS
Achyles Barcelos da Costa – UFRGS
Adalmir Marquetti – PUCRS
Alessandro Donadio Miebach – UFRGS
Ana Lúcia Tatsch – UFRGS
André Luiz Contri – PUCRS
Alexander Nunes Leitzke – BRDE
André Moreira Cunha – UFRGS
Anelise Manganelli – DIEESE
Ario Zimmermann – UFRGS
Augusto Mussi Alvim – PUCRS
Becky Macadar
Bruno Breyer Caldas – PUCRS
Carlos Águedo Nagel Paiva – FACCAT e Paradoxo
Carlos Henrique Vasconcellos Horn – UFRGS
Carlos Mielitz – UFRGS (aposentado) e FAO/Roma
Carlos Nelson Dos Reis – PUCRS
Cecília Rutkoski Hoff – PUCRS
Cristiano Machado Costa – UNISINOS
Cássio Calvete – UFRGS
Christian Velloso Kuhn – CEEE-D
Clarisse Castilhos
Cristina Pereira Vieceli – DIEESE e UFRGS
Daniela Barea Sandi – DIEESE
Davi Doneda Mittelstadt – PUCRJ
Duilio de Avila Bêrni – UFRGS, UFSC e PUCRS (aposentado)
Eduardo Maldonado Filho – UFRGS (aposentado)
Eduardo Rosemberg Lacher
Ely José de Mattos – PUCRS
Fabian Scholze Domingues – UFRGS
Felipe Garcia– UFPEL
Felipe Rodrigues da Silva
Fernanda Feil – ABDE e UFF
Fernanda Ultramare – UFRGS
Fernanda Valada
Fernanda Ultramare – UFRGS
Fernando Ferrari Filho – UFRGS (aposentado)
Fernando Ionnides Cruz
Fernando Maccari Lara – UNISINOS
Flávio Benevett Fligenspan – UFRGS
Gláucia Campregher – UFRGS
Gustavo Inácio de Moraes – PUCRS
Hélio Henkin – UFRGS
Henrique de Abreu Grazziotin – BRDE
Henrique Morrone – UFRGS
Hermógenes Saviani Filho – UFRGS
Izete Bagolin – PUCRS
Janaina Ruffoni – UNISINOS
Janice Dornelles de Castro – UFRGS
Jorge Accurso
José Antonio Alonso – UFRGS (aposentado)
José Roberto Iglesias – UNISINOS
Lara Stumpf Horn
Lucas Ulguim Lopes – BRDE
Lucélia Ivonete Juliani – UNIPAMPA
Lucia Garcia – DIEESE
Luciana Andrade Costa – UNISINOS
Luciano Feltrin – BRDE
Luis Roberto Lutkemeier – UNISINOS
Luiza Peruffo – UFRGS
Marcelo Savino Portugal – UFRGS
Márcio Schweig – UNISINOS
Marilene Maia – UNISINOS
Paulo Roberto Garcia Franz – UNISINOS
Marco Túlio Aniceto França – PUCRS
Marcos Tadeu Caputi Lélis – UNISINOS
Mauricio Andrade Weiss – UFRGS
Mauro Barcellos Sopeña – UNIPAMPA
Mayara Penna Dias – BRDE
Octavio Augusto Camargo Conceição – UFRGS
Osmar Tomaz de Souza – PUCRS
Pedro Henrique Preussler – BRDE
Pedro Silveira Bandeira – UFRGS (aposentado)
Priscila von Dietrich
Rafael Balardim – UNIPAMPA
Ricardo Dathein – UFRGS
Ricardo Franzoi – DIEESE
Róber Iturriet Ávila – UFRGS
Ronald Hillbrecht – UFRGS
Ronaldo Herrlein Jr. – UFRGS
Rosa Angela Chieza – UFRGS
Rubens Lima – UNISINOS (aposentado)
Sabino da Silva Porto Júnior – UFRGS
Salvatore Santagada
Sérgio Kapron – IFRS
Sérgio Marley Modesto Monteiro – UFRGS
Silvio Cezar Arend – UNISC
Tanise Brandão Bussmann – UNIPAMPA
Tomás Pinheiro Fiori – PUCRS
Vanessa de Souza Batisti – UNISINOS
Vera Regina Ferreira Carvalho – BRDE
Vinícius da Silva Centeno – UFRGS
Victor Hugo Santana – UNISINOS
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