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Economia

- Publicada em 01 de Outubro de 2018 às 18:55

TAP fecha unidade de manutenção de aviões em Porto Alegre

Instalado em cinco hangares do aeroporto, parque está sendo descontinuado pela falta de demanda

Instalado em cinco hangares do aeroporto, parque está sendo descontinuado pela falta de demanda


TAP/DIVULGAÇÃO/JC
Paulo Egídio
Maior empresa de manutenção de aviões da América Latina, a TAP Manutenção e Engenharia (TAP M&E) vai fechar sua unidade em Porto Alegre até dezembro de 2018. A decisão foi anunciada aos funcionários pela presidente da companhia, Gláucia Loureiro, em reunião na manhã desta segunda-feira (1º) com o quadro nas instalações. Em nota, a empresa disse que a medida foi motivada “pela falta de demanda do mercado”.
Maior empresa de manutenção de aviões da América Latina, a TAP Manutenção e Engenharia (TAP M&E) vai fechar sua unidade em Porto Alegre até dezembro de 2018. A decisão foi anunciada aos funcionários pela presidente da companhia, Gláucia Loureiro, em reunião na manhã desta segunda-feira (1º) com o quadro nas instalações. Em nota, a empresa disse que a medida foi motivada “pela falta de demanda do mercado”.
Comprado da antiga Varig em 2005, o parque de manutenção chegou a ter 2,5 mil trabalhadores. Atualmente, são 350, que devem ser demitidos até o fim do ano. A informação foi comunicada por Gláucia aos funcionários, segundo dirigentes sindicais dos aeroviários. 
Dedicadas à conservação e reparos de aeronaves e de componentes como motores e trens de pouso, as oficinas empregavam essencialmente trabalhadores especializados, como mecânicos e engenheiros. Com a decisão, a empresa manterá no Brasil apenas a unidade situada no Rio de Janeiro. Instalado em cinco hangares no site do Aeroporto Internacional Salgado Filho - ficando à direita de quem faz o trajeto da Capital em direção a Canoas -, o parque era o único em Porto Alegre credenciado para a manutenção de aeronaves comerciais da Boeing, Airbus e Embraer. A fabricante brasileira de aviões chegou a negociar a compra da área de manutenção da TAP em 2013, mas o negócio não avançou.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Osvaldo Rodrigues, a TAP M&E está em processo de reestruturação desde 2017, quando começaram as demissões na Capital. Segundo o sindicalista, a companhia chegou a agilizar alguns acordos judiciais, com a pretensão de repassar a unidade para outra companhia. “A empresa foi demitindo, e a ideia era de que aparecessem interessados, mas no, decorrer desse ano, ninguém a adquiriu”, afirma Rodrigues.
Uma das razões que teriam levado ao fechamento seria o alto custo de locação dos hangares cobrado pela Fraport, administradora do Salgado Filho desde o início do ano. “Quando entrou a Fraport, houve imensas dificuldades na negociação do contrato. O valor é muito mais alto do que aquele praticado antes”, pondera Rodrigues. Mesmo assim, segundo o diretor do sindicato dos aeroviários, os trabalhadores ainda acalentam o sonho de outra empresa assuma a estrutura até dezembro.
Procurada pelo Jornal do Comércio, a TAP M&E se manifestou de forma sucinta, por meio de nota oficial. “A TAP Manutenção e Engenharia confirma o encerramento das atividades da unidade de Porto Alegre/RS. Os colaboradores já foram comunicados da decisão, motivada também pela falta de demanda do mercado”, diz o comunicado.
Para o engenheiro e professor de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Marco Aurélio Moroni, além da perda dos postos de trabalho especializados, o fim das atividades da unidade de manutenção representa a restrição no acesso ao conhecimento para os profissionais da aviação no Rio Grande do Sul.
Segundo Moroni, a transmissão do conhecimento para novos profissionais tem sido limitada pela indústria de componentes de aviação. “Os fabricantes têm se voltado para o mercado de pós-venda. Eles são detentores do conhecimento e permitem cada vez menos o acesso a informações técnicas, como detalhes de operação e reparos”, destaca o professor. O docente sugere ainda que a falta de demanda, alegada pela companhia para encerrar a operação, pode estar ligada à localização geográfica do Estado. A tendência, observa Moroni, é buscar mais o centro do País. O Estado já foi um polo da indústria de aviação.
O fato de a Capital ser ponta da malha aeroviária nacional reforça a tese do professor. As grandes estruturas de manutenção ficam no Sudeste. Uma saída, que já foi defendida por movimentos que tentam retomar o polo econômico de aviação regional, seria desenvolver o hub de voos regionais e para o Mercosul. Porto Alegre já figurou na elite da indústria do setor.
Foi sede da Aeromot, que fabricava motoplanadores como o popular Ximango, e que chegou a prestar serviços para as gigantes Embraer e Boeing. Hoje a Aeromot está em recuperação judicial e sem operar desde o começo da década. Um dos braços da empresa, a Aeroeletrônica, foi vendida nos anos 2000 e virou AEL, pertencente à israelense Elbit. A AEL se dedica a sistemas eletrônicos militares e espaciais, com aplicações em plataformas aéreas, marítimas e terrestres. A sede fica em Porto Alegre.
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