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Logística

- Publicada em 27 de Setembro de 2018 às 01:00

Entidades propõem melhor uso de portos

Desenvolvimento do modal fluvial gaúcho é reivindicação de empresas e associações

Desenvolvimento do modal fluvial gaúcho é reivindicação de empresas e associações


/JONATHAN HECKLER/arquivo/JC
Mesmo os gaúchos tendo disponíveis importantes recursos naturais como rios e a Lagoa dos Patos, a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e a Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias-RS) defendem que é preciso aproveitar melhor as oportunidades logísticas existentes no Estado. As entidades apresentarão aos candidatos ao Palácio Piratini propostas para que esse modal seja mais desenvolvido, assim como os portos, em particular o do Rio Grande.
Mesmo os gaúchos tendo disponíveis importantes recursos naturais como rios e a Lagoa dos Patos, a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e a Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias-RS) defendem que é preciso aproveitar melhor as oportunidades logísticas existentes no Estado. As entidades apresentarão aos candidatos ao Palácio Piratini propostas para que esse modal seja mais desenvolvido, assim como os portos, em particular o do Rio Grande.
O coordenador da ABTP e presidente da Hidrovias RS (grupo criado por meio da parceria entre Famurs, Farsul, Fecomércio, Fiergs e empresas que utilizam o transporte aquaviário interior), Wilen Manteli, critica as gestões passadas em relação a portos e hidrovias, estaduais e federais, que não foram eficientes como deveriam. Entre os problemas constatados, o dirigente cita a demora de obras essenciais como, por exemplo, as dragagens de manutenção de calados. A falta de ações como essa atrapalham iniciativas como o escoamento das cargas agrícolas.
Uma ideia sustentada pelo dirigente é das dragagens de portos e hidrovias serem licitadas em um sistema semelhante ao que é feito com as rodovias. Ou seja, quem ganha a concorrência poderá cobrar dos navios que entrarem no porto um "pedágio" e parte dos recursos obtidos seria reinvestida em melhorias. Nas dragagens das hidrovias, os terminais passariam também a pagar uma taxa de acordo com a tonelagem movimentada e o tamanho do navio operado, de uma maneira proporcional.
Um dos erros cometidos pelas últimas administrações do Rio Grande do Sul, segundo Manteli, é o fato de a receita decorrente das tarifas pagas pelos armadores pelo acesso ao porto do Rio Grande, na ordem de R$ 70 milhões ao ano, que deveria ser destinada à manutenção dos calados, é desviada para o caixa único do Estado. O coordenador da ABTP chama a atenção também para o vencimento da outorga federal dos portos gaúchos que acontecerá em 2022. O dirigente manifesta preocupação quanto à questão, em particular no que diz respeito ao porto do Rio Grande, principal porta de entrada e saída de mercadorias do Estado. "Já deveriam ter sido adotadas providências para discutir com a sociedade gaúcha um modelo para a administração do porto do Rio Grande", frisa. De acordo com sua assessoria de imprensa, a Superintendência do Porto do Rio Grande afirma que há mais de dois anos possui um grupo de trabalho, coordenado pela Secretaria dos Transportes, que está debatendo e avaliando a renovação do convênio de delegação do complexo.
 

Transporte hidroviário deve crescer pelo terceiro ano consecutivo, aponta previsão da Antaq

Apesar da ABTP e da Hidrovias RS verem possibilidades de um salto em desempenho, as hidrovias interiores do Rio Grande do Sul já têm apresentado uma crescente movimentação de cargas nos últimos três anos. Conforme levantamento da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o volume total de mercadorias que, em 2018, circularão pela Lagoa dos Patos, Delta do Jacuí e Guaíba deve chegar a 10 milhões de toneladas até o fim de dezembro.
Os seis primeiros meses deste ano já somam 5,1 milhões de toneladas em circulação nas hidrovias gaúchas. O volume iguala a média de 2015. Aproximadamente 85% de toda a carga transportada têm como origem ou destino o porto do Rio Grande. A parceria entre o poder público e a iniciativa privada estão entre os fatores que mais impulsionaram a movimentação de cargas por hidrovias.
O setor de celulose foi um dos beneficiados, a partir do contrato assinado entre o governo do Estado e a CMPC Celulose Riograndense. O recém-reativado porto de Pelotas passou a contar com um terminal especializado no carregamento de toras de madeira até a fábrica às margens do Guaíba. Após o processamento, a celulose é levada - também via navegação - até o porto do Rio Grande, para ser exportada. Só no primeiro semestre deste ano, o empreendimento já resultou no transporte de 333 mil toneladas de madeira e 823 mil de celulose.
Também em 2018, a reativação do terminal de contêineres Santa Clara, em Triunfo, acrescentou mais 1,6 milhão de toneladas em circulação pelas hidrovias interiores gaúchas. Entre as principais mercadorias transportadas até o Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande estão as carnes congeladas, resinas, móveis e utensílios domésticos - oriundos de indústrias da Serra, Vale do Taquari e Região Metropolitana.
Nos embarques que partem de Rio Grande com destino a Santa Clara, o álcool metílico é um dos destaques. De janeiro a agosto deste ano, a movimentação desse produto chegou a 36,1 mil toneladas - o que corresponde a um crescimento de 1,5% em comparação ao mesmo período de 2017.
O farelo de soja é outra mercadoria que apresentou aumento de circulação no transporte hidroviário entre a Região Metropolitana e o porto do Rio Grande. Entre janeiro e agosto de 2018, foram movimentadas 449,6 mil toneladas do produto - um crescimento de 26,6% sobre os oito primeiros meses de 2017. O grão, por sua vez, alcançou 452,4 mil toneladas, registrando 1% de acréscimo nas operações no período.
No ano passado, a navegação interior representou 12% da movimentação total do complexo portuário de Rio Grande. De acordo com o secretário dos Transportes, Humberto Canuso, o número torna-se expressivo, pois a utilização da hidrovia significa redução do custo do frete, maior competitividade para o Estado e menor impacto ambiental. "Ao alcançarmos 10 milhões de toneladas movimentadas por hidrovias, reduziremos em 300 mil o número de caminhões nas estradas, o que diminui os gastos operacionais e aumenta a durabilidade do pavimento de nossas principais vias de exportação", conclui o secretário de Transportes.