Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Energia

- Publicada em 24 de Setembro de 2018 às 21:45

Projetos eólicos gaúchos serão impactados nos próximos anos

Complexos locais sofrerão obstáculos para participar de certames

Complexos locais sofrerão obstáculos para participar de certames


/ODEBRECHT/DIVULGAÇÃO/JC
Além de significar a postergação do investimento de cerca de R$ 4 bilhões em obras de transmissão no Estado, o fracasso da formação da Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre Eletrosul e as chinesas Shanghai Electric e Zhejiang Energy acarretará outros problemas para o setor elétrico gaúcho. Um entrave que se vislumbra para os próximos anos é que o atraso desses empreendimentos, que deverão ser relicitados em leilão marcado pelo governo federal para o dia 20 de dezembro, atrapalhará a venda da geração, especialmente, de novos parques eólicos no Rio Grande do Sul.
Além de significar a postergação do investimento de cerca de R$ 4 bilhões em obras de transmissão no Estado, o fracasso da formação da Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre Eletrosul e as chinesas Shanghai Electric e Zhejiang Energy acarretará outros problemas para o setor elétrico gaúcho. Um entrave que se vislumbra para os próximos anos é que o atraso desses empreendimentos, que deverão ser relicitados em leilão marcado pelo governo federal para o dia 20 de dezembro, atrapalhará a venda da geração, especialmente, de novos parques eólicos no Rio Grande do Sul.
A secretária estadual de Minas e Energia, Susana Kakuta, prevê dificuldades para os complexos eólicos locais participarem de leilões nos próximos dois a três anos. Esses obstáculos serão percebidos, principalmente, em certames de curto prazo (como o A-3, com três anos para o projeto ser concluído) devido à limitação do sistema de transmissão para escoar energia. Com a volta desses empreendimentos de transmissão ao leilão, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê 60 meses para que as obras sejam concluídas. Os lotes de 10 a 13 do certame de dezembro estão vinculados ao contrato firmado com a Eletrosul e o de número 14 prevê outras obras a serem feitas no Estado, com 66 meses para serem finalizadas.
Susana admite que houve surpresa com o desfecho da situação entre chineses e Eletrosul. A dirigente afirma que não sabe detalhes das causas que levaram as empresas a não chegarem a um acerto e não foram dadas explicações ao governo do Estado. "Provavelmente, isso deve estar associado, por um lado, à análise da viabilidade econômico-financeira (do empreendimento), da taxa de retorno, talvez também um reflexo da volatilidade do dólar", especula a secretária. Em nota, a Eletrobras (controladora da Eletrosul) limitou-se a informar que a Shanghai Electric desistiu da negociação e não entregará a garantia de fiel cumprimento ao contrato de concessão.
As obras que seriam feitas pela parceria contemplavam a implantação de 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão, oito novas subestações, ampliação de 14 subestações existentes e geração de cerca de 11 mil empregos diretos e indiretos. Esses empreendimentos ficariam em municípios como Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Santana do Livramento, Osório, Candiota, entre outros. A Eletrosul arrematou as obras no Estado em leilão disputado em 2014, mas não teve fôlego financeiro para ir adiante com as ações e contava com os chineses para retomar as iniciativas. Conforme Susana, o conjunto das obras viabilizaria vários parques eólicos que atualmente se encontram no papel e que estão na dependência da conclusão desses empreendimentos de transmissão. A última vez que uma usina eólica gaúcha saiu vencedora de um leilão foi em 2014, tratava-se de uma ampliação de um complexo que já operava em Santa Vitória do Palmar.
"Há uma situação a ser resolvida, na nossa leitura foi uma pena que essa novela demorou tanto", comenta o presidente do Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Guilherme Sari. O Sindieólica-RS estima que a falta dessas obras implica hoje o represamento de cerca de 7 mil MW (mais do que toda demanda de eletricidade do Estado) em projetos eólicos, que se encontram em alguma etapa de licenciamento ambiental. Esses complexos, sendo levados adiante, significariam um investimento de aproximadamente R$ 35 bilhões. Sari aponta que ainda há possibilidades de conexões em locais determinados, que contam com maior robustez na área de transmissão, como nas regiões de Viamão e Osório. Algo que será solicitado pelo Sindieólica-RS para o Operador Nacional do Sistema elétrico é uma revisão da capacidade de conexão do Rio Grande do Sul. Sari estima que é possível, com essa reavaliação, aumentar em pelo menos 600 MW o volume de energia que poderia ser escoado a partir do Estado.

Empreendimentosque serão relicitados no Mês de dezembro

Lote 10
LT 525KV Capivari do Sul - Gravataí, C1, com 83 km;
LT 230kV Capivari do Sul - Viamão 3, C1, com 65 km;
LT 525KV Guaíba 3 - Capivari do Sul, C1, com 168 km;
SE 525/230/138 kV Capivari do Sul - 525/230 kV - (6 1) x 224 MVA e 230/138 kV - 2 x 100 MVA.
Lote 11
LT 230kV Osório 3 - Gravataí 3 C1, com 66 km;
LT 230 kV Porto Alegre 8 - Porto Alegre 1 (Subterrânea), com 3,4 km;
LT 230 kV Jardim Botânico - Porto Alegre 1 (Subterrânea), com 4 km;
SE 230 kV Osório 3;
SE 230/69 kV Porto Alegre 1 (Isolada a SF6 - Nova) - 3 x 83 MVA;
SE 230/138 kV Vila Maria - 2 x 150 MVA;
Trechos de LT em 230 kV entre a SE Osório 3 e a LT Osório 2 - Lagoa dos Barros, C1, com 2 x 4 km;
Trechos de LT em 230 kV entre a SE Vila Maria e a LT Passo Fundo - Nova Prata 2, C1 e C2, com 4 x 1 km.
Lote 12
LT 230kV Livramento 3 - Alegrete 2, C1, com 125 km;
LT 230kV Livramento 3 - Cerro Chato, C1, com 10 km;
LT 230kV Livramento 3 - Santa Maria 3, C1, com 247 km;
LT 230 kV Livramento 3 - Maçambará 3, C1, com 205 km;
SE 230 kV Maçambará 3;
SE 230kV Livramento 3, com Compensação Síncrona (-100/ 100) Mvar.
Lote 13
LT 525KV Guaíba 3 - Gravataí, com 127 km;
LT 525KV Santa Vitória do Palmar - Marmeleiro, C2, com 48 km;
LT 525KV Povo Novo - Guaíba 3, C2, com 245 km;
LT 525KV Marmeleiro - Povo Novo, C2, com 152 km;
LT 525KV Nova Santa Rita - Guaíba 3, C2, com 36 km;
LT 525 kV Candiota - Guaíba 3, CD, C1 e C2, com 2 x 279 km;
LT 230kV Guaíba 2 - Guaíba 3, C1, com 19 km;
SE 525/230kV Guaíba 3 - (6 1Res) x 224 MVA;
SE 525/230 kV Candiota - (6 1Res) x 224 MVA;
Trechos de LT em 525 kV entre a SE Guaíba 3 e a LT Povo Novo - Nova Santa Rita, C1, com 2 x 4 km.
Novas obras no Estado que integrarão o leilão:
Lote 14
LT 525 kV Povo Novo - Guaíba 3, C3, com 245,7 km;
LT 525 kV Capivari do Sul - Siderópolis 2, C1, com 251,5 km;
LT 230 kV Siderópolis 2 - Forquilhinha, C2, com 27,6 km;
LT 230 kV Livramento 3 - Santa Maria 3, C2, com 244,5 km;
SE 525 kV Marmeleiro - Compensação Síncrona (-90/ 150 Mvar);
SE 230 kV Livramento 3 - Compensação Síncrona (-90/ 150) Mvar.
 

Leilão por lotes gera mais segurança para realização das obras

Apesar da opinião unânime de que o atraso na conclusão das obras de transmissão concedidas à Eletrosul e que seriam feitas pela SPE com os chineses é algo negativo, o fato dos projetos serem relicitados desta vez de maneira fracionada e não mais em um lote único, como foi quando arrematados pela estatal, é visto como positivo. O presidente do Sindieólica-RS, Guilherme Sari, espera que a oferta novamente dos empreendimentos atraia um maior número de investidores, o que diminuirá o risco das obras serem interrompidas.
A secretária estadual de Minas e Energia, Susana Kakuta, acrescenta que, como vários estudos quanto ao licenciamento ambiental para essas obras já foram feitos, essas ações tornarão mais fácil para os futuros empreendedores conduzirem os projetos. A secretária não descarta a possibilidade de que Shanghai Electric e Zhejiang Energy participem do certame.