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Infraestrutura

- Publicada em 26 de Agosto de 2018 às 22:31

Obras de transmissão liberam projetos bilionários

Um suspense que angustiava investidores na área de energia no Rio Grande do Sul aproxima-se de um final feliz. Está marcada para hoje à tarde, no Palácio Piratini, a cerimônia de assinatura da formação da Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre a Eletrosul, Shanghai Electric e Zhejiang Energy (novo parceiro que vem para substituir o fundo chinês Clai Fund). Essa parceria permitirá que uma série de importantes obras de transmissão saiam do papel e, por consequência, desobstruam a continuidade de outros empreendimentos bilionários, principalmente, no segmento eólico. Somente as iniciativas em infraestrutura de transmissão sob guarda-chuva da SPE são estimadas em R$ 3,96 bilhões.
Um suspense que angustiava investidores na área de energia no Rio Grande do Sul aproxima-se de um final feliz. Está marcada para hoje à tarde, no Palácio Piratini, a cerimônia de assinatura da formação da Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre a Eletrosul, Shanghai Electric e Zhejiang Energy (novo parceiro que vem para substituir o fundo chinês Clai Fund). Essa parceria permitirá que uma série de importantes obras de transmissão saiam do papel e, por consequência, desobstruam a continuidade de outros empreendimentos bilionários, principalmente, no segmento eólico. Somente as iniciativas em infraestrutura de transmissão sob guarda-chuva da SPE são estimadas em R$ 3,96 bilhões.
O presidente do Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Guilherme Sari, comemora o acerto entre a empresa brasileira e as chinesas. O dirigente admite que os agentes do setor eólico estavam apreensivos quanto à indefinição da questão. Sari argumenta que é preciso detalhar o cronograma de implantação dos empreendimentos de transmissão, mas, em princípio, com a parceria formada não há mais empecilhos técnicos para que projetos eólicos no Estado participem do leilão de geração de energia marcado para sexta-feira.
O certame será realizado pelo governo federal para aumentar a disponibilidade de energia no sistema elétrico interligado nacional. O atraso das obras de transmissão já estava atrapalhando a participação de complexos gaúchos em disputas anteriores, por falta de condições de escoar a energia que seria produzida. Somente para o leilão de sexta-feira, estão cadastrados 99 projetos a serem feitos no Rio Grande do Sul, que somam 2.681 MW de capacidade instalada (cerca de 67% da demanda média de energia elétrica do Estado).
Em processo de licenciamento, o Rio Grande do Sul conta com iniciativas eólicas que totalizam em torno de 8 mil MW. Segundo o dirigente, as novas subestações e linhas de transmissão que serão instaladas aumentam em cerca de 5 mil MW a capacidade de escoamento de energia do Estado, permitindo viabilizar em torno de R$ 25 bilhões em investimentos em parque eólicos (desde que esses complexos garantam a comercialização das suas gerações).
Em novembro, Eletrosul e Shanghai Electric assinaram, também no Palácio Piratini, um acordo oficializando a parceria entre as estatais, mas a SPE ainda precisava ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Porém, no final de abril, a Shanghai Electric pediu um prazo de mais 120 dias para a Aneel para que fosse consolidada a SPE.
A secretária estadual de Minas e Energia, Susana Kakuta, adianta que a Shanghai Electric ficará com 44% de participação na parceria, a Zhejiang Energy com 28,5% e a Eletrosul com 27,5%. Susana acrescenta que a entrada da Zhejiang Energy substituindo o Clai Fund é uma vantagem, pois se trata de uma companhia do setor elétrico que pode, mais adiante, investir em outros projetos no Estado.
Os trabalhos que serão desenvolvidos pela SPE contemplam quase cerca de 2 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo oito linhas de tensão de 525 kV e nove linhas de 230 kV, além de oito novas subestações (três em 525 kV e cinco em 230 kV) e a ampliação de 13 subestações existentes. As estruturas serão instaladas em municípios como Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Santana do Livramento, Osório, Candiota, entre outros. A implantação das obras pode gerar em torno de 10 mil empregos diretos e indiretos.
O direito de fazer esses empreendimentos e ser remunerada por isso foi conquistado pela Eletrosul em um leilão realizado em 2014, no qual a estatal arrematou os projetos contidos no Lote A daquele certame. Os complexos deveriam, pelo contrato original, ser finalizados até 6 de março de 2018. Problemas financeiros impediram a Eletrosul de ir adiante com as iniciativas e formar uma parceria com a Shanghai Electric, na qual os chineses serão majoritários. Essa foi a solução encontrada para prosseguir com as ações.

Complexos expandirão capacidade de escoamento de eletricidade

Os complexos da Eletrosul, Shanghai Electric e Zhejiang Energy, sendo materializados, destravarão outras linhas e subestações de energia que serão feitas futuramente. Recentemente, a Aneel decidiu postergar a licitação do lote 20 do leilão de transmissão realizado em 28 de junho, justamente devido ainda estar transcorrendo o processo de transferência da responsabilidade das obras que deveriam ser feitas pela Eletrosul para a Shanghai Electric.
Com isso, o lote 20, que compreende diversas obras a serem feitas em cidades como Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Capivari do Sul, Nova Santa Rita, Santa Maria, entre outros, não esteve presente no certame de junho. Os novos empreendimentos, estimados em aproximadamente R$ 2 bilhões, servirão para capilarizar a energia que será conduzida pelas linhas-tronco que serão implementadas pela SPE formada pela Eletrosul, Shanghai Electric e Zhejiang Energy. A expectativa é que esse lote volte a ser incorporado em algum leilão de transmissão.
O presidente do Sindieólica-RS, Guilherme Sari, lembra que até mesmo para o projeto da termelétrica a gás natural liquefeito (GNL), previsto para ser desenvolvido em Rio Grande, as obras de transmissão são fundamentais. A usina, que o grupo Bolognesi pretende repassar para outro investidor, ainda depende da confirmação da validade do contrato de fornecimento de energia por parte da Aneel para ser construída.
Para o leilão marcado para sexta-feira, o dirigente adverte que a maior dificuldade para o projetos eólicos gaúchos será superar a competitividade dos empreendimentos nordestinos e a perspectiva de que os preços praticados na disputa sejam muito baixos.