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Indústria

- Publicada em 20 de Agosto de 2018 às 21:58

Retomada do polo naval deve ocorrer em 2019

Estaleiro Rio Grande espera reiniciar as obras da plataforma P-71

Estaleiro Rio Grande espera reiniciar as obras da plataforma P-71


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Com a homologação do plano de recuperação judicial do Grupo Ecovix na sexta-feira pela juíza Fabiana Baldino, da 2ª Vara Cível de Rio Grande, a empresa espera agora pagar credores, voltar a desenvolver atividades e, em dois anos, vender os ativos que possui no município gaúcho. A perspectiva também é que em 2019 seja possível retomar as obras da plataforma de petróleo P-71, que foram iniciadas dentro do Estaleiro Rio Grande, controlado pela companhia, mas não acabadas.
Com a homologação do plano de recuperação judicial do Grupo Ecovix na sexta-feira pela juíza Fabiana Baldino, da 2ª Vara Cível de Rio Grande, a empresa espera agora pagar credores, voltar a desenvolver atividades e, em dois anos, vender os ativos que possui no município gaúcho. A perspectiva também é que em 2019 seja possível retomar as obras da plataforma de petróleo P-71, que foram iniciadas dentro do Estaleiro Rio Grande, controlado pela companhia, mas não acabadas.
O diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila, adianta que está prevista ainda a criação de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI). Através dessa ferramenta, a legislação permite que uma empresa em processo de recuperação possa ser vendida sem que o comprador assuma as dívidas. O executivo reforça que a alienação de ativos acontecerá com o leilão da UPI, o que ocorrerá em até dois anos. Ávila detalha que todos os ativos da companhia, que compõem o estaleiro, farão parte da UPI, o que inclui dique seco, pórticos, oficinas etc. O diretor frisa que não é possível fatiar o empreendimento, então o vencedor do certame usufruirá de todo o complexo.
Após a conclusão da disputa, a Ecovix ficará focada em algumas atividades remanescentes de menor vulto como, por exemplo, na área de engenharia, com desenvolvimento de projetos. "Mas, a empresa não ficará com ativos importantes do estaleiro", reitera Ávila. O executivo afirma que o complexo é avaliado hoje em aproximadamente US$ 1 bilhão. "Óbvio que o valor do leilão vai variar de acordo com os negócios que o estaleiro tiver na época", argumenta. O plano de recuperação judicial prevê que o lance mínimo pela UPI parta do patamar de R$ 18 milhões.
Até a realização do leilão, a ideia da Ecovix é utilizar o estaleiro para gerar receitas e valorizá-lo e para isso busca um parceiro para finalizar as obras da plataforma de petróleo P-71. Essa estrutura começou a ser construída em Rio Grande, no entanto, a Petrobras resolveu deslocar a encomenda para a Ásia. "A gente vem conversando com alguns estaleiros sobre isso, mas preferimos não divulgar os nomes", limita-se a comentar Ávila.
A Ecovix possui, hoje, cerca de 70 funcionários próprios atuando no complexo gaúcho em ações como manutenção, administrativas, de controladoria, entre outras. O estaleiro, no pico de demanda, já chegou a empregar mais de 11 mil trabalhadores. Ávila informa que, se a empresa conseguir um parceiro para concretizar a P-71, a projeção é de que sejam contratadas cerca de 600 pessoas. No entanto, o executivo admite que não acredita que isso ocorra ainda neste ano, sendo mais provável para 2019.
Outra proposta da Ecovix é agregar funções ao estaleiro, como trabalho portuário, com movimentação de cargas como granéis, toras de madeira e celulose. Além disso, está prevista a realização de reparos em plataformas petrolíferas e embarcações e o processamento de aço para a indústria metalmecânica. A questão da movimentação de cargas está sendo tratada com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Superintendência do Porto do Rio Grande (Suprg). Ávila diz que se trata de um processo lento, porque necessita de uma série de autorizações e de transformações do uso do espaço.
Para viabilizar esses novos serviços, entulhos e restos de obras estão sendo removidos da área portuária no estaleiro em Rio Grande. Cerca de 2 mil toneladas (aço, resíduos industriais etc.) foram retiradas neste mês. No total, em torno de 100 mil toneladas que atualmente se encontram no complexo terão de ser deslocadas. "O estaleiro tem que ficar, de certa forma, limpo para o novo investimento", enfatiza Ávila. O executivo acrescenta que o resultado das próximas eleições também pode interferir no futuro do estaleiro, dependendo da política que o vencedor irá adotar quanto ao conteúdo local envolvendo empreendimentos ligados à área de óleo e gás.

Dívida do grupo, de R$ 8 bilhões, está no ranking das cinco maiores do Brasil

O processo de recuperação judicial da Ecovix (que começou em dezembro de 2016) está entre os cinco maiores do Brasil em valores e é o maior no Rio Grande do Sul, somando passivo de R$ 8 bilhões. Em abril, o cálculo do endividamento era de R$ 7,5 bilhões. O diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila, argumenta que houve uma flutuação por causa de parcelas da dívida que são estipuladas em dólar.
O esfriamento da indústria naval brasileira e os problemas que a companhia enfrentou nos últimos anos com investigações quanto à corrupção desencadeadas pela Operação Lava Jato, entre outros motivos, geraram as dificuldades que impactaram a empresa. O sócio da Medeiros & Medeiros Administração Judicial (companhia que conduziu o processo de recuperação) Laurence Medeiros esclarece que a Ecovix, depois da homologação do plano, permanecerá por mais dois anos em recuperação judicial, sob fiscalização judiciária, tendo que cumprir as condições do plano aprovado pelos credores. Após esse período, é encerrado o processo de recuperação judicial, mas a companhia segue seu planejamento sem a fiscalização do poder Judiciário.
Medeiros lembra que os primeiros credores que têm que ser atendidos são os trabalhistas. Ávila, por sua vez, acrescenta que os micro e pequenos empresários da cidade e região, que tiveram relação com a Ecovix, receberão a totalidade das suas dívidas no prazo de até três anos.

As 10 maiores recuperações judiciais em andamento no País:

1º OI: R$ 65,4 bilhões
2º Sete Brasil: R$ 19,3 bilhões
3º OGX: R$ 12 bilhões
4º OAS: R$ 11,15 bilhões
5º Ecovix: 8 bilhões
6º Schahin: R$ 5,85 bilhões
7º OSX: R$ 4,57 bilhões
8º Grupo Rede: R$ 4,1 bilhões
9º Wind Power Energia: R$ 3,04 bilhões
10º Abengoa: R$ 2,66 bilhões
Fonte: Medeiros & Medeiros Administradora Judicial.